segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Embrapa busca "superpeixe" nacional "

GIULIANA MIRANDA
DE SÃO PAULO

Pesquisadores da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e de outras 17 instituições de pesquisa iniciaram um mutirão para baratear a produção e popularizar o consumo de peixe e camarão no Brasil. Mais ou menos como foi feito com o frango, há 20 anos.
Batizado de Aquabrasil, o projeto está fazendo um amplo trabalho de melhoramento genético com as quatro espécies consideradas mais aptas e viáveis economicamente no país: tilápia, cachara, camarão-branco e tambaqui.

Antes de começar o processo de reprodução, cada animal é analisado. Os cientistas removem um pequeno pedaço da barbatana, que passa por um exame de DNA para determinar a composição genética do pescado.
Depois, os bichos com as características consideradas mais desejáveis são selecionados. Normalmente, há preferência por cruzamentos entre animais geneticamente mais distintos entre si.
Isso contribui para que os filhotes e futuros descendentes sejam mais resistentes a algumas doenças.
"Todas as culturas que têm grande aceitação no Brasil, como a soja, o milho e até o gado bovino, passaram por longos processos de melhoramento genético como esse", diz Emiko Resende, pesquisadora da Embrapa Pantanal que chefia o trabalho.
Embora pareça fácil, encontrar exemplares distantes geneticamente pode ser bem trabalhoso. Sobretudo no caso da cachara (Pseudoplatystoma reticulatum), um peixe de couro (sem escamas), com baixo teor de gordura e sem espinhas intramusculares.
"A cachara é como o salmão: tem identidade de origem. Toda a bacia hidrográfica do Pantanal tem a sua família. Por isso, é mais difícil e trabalhoso", disse Resende.

GORDINHOS
Em dois anos de existência, o projeto já conseguiu um resultado expressivo: diminuiu em até três meses o tempo necessário para que as tilápias cheguem ao peso ideal de abate.
A linhagem de tilápia (Oreochmoris niloticus) usada no Aquabrasil é oriunda da Malásia. Ela é conhecida como Gift (sigla em inglês para tilápia geneticamente melhorada para a criação) e já se adaptou bem ao país.
Antes, dependendo das condições climáticas e dos recursos de criação, a espécie demorava até seis meses para o ganho completo de peso. "Quando conseguimos melhorar a espécie, as outras coisas caminham juntas. Se nós diminuímos o tempo de criação, o que se gasta com ração e outros cuidados também é reduzido. E isso é fundamental para baratear a produção", disse Resende.
E os produtores não precisam esperar muito. Após uma etapa de melhoramento ser concluída com sucesso, seus exemplares já são disponibilizados para criadores.

RAÇÃO VIP
Os cientistas trabalham para potencializar o ganho de peso. O objetivo é que cada geração melhorada de Gift seja 15% mais pesada. O projeto também está trabalhando no melhoramento das rações. Além de influírem diretamente no processo de engorda, se usadas incorretamente, elas também podem dar um gosto ruim à carne.

"Aquele gosto de barro que muitos peixes de criação têm é provocado principalmente pela ração que não foi totalmente absorvida e acabou sobrando na água", afirmou Resende.

ATÉ A ESPINHA
Como um dos objetivos do projeto também é criar uma cadeia sustentável de produção, os pesquisadores estão investindo no aproveitamento total dos animais.

Depois de retirado o filé, são usadas máquinas especiais que conseguem separar o que sobra de carne das espinhas. Esse material é usado para fazer produtos com valor agregado, como kibes e hambúrgueres de peixe.

As vísceras podem virar ingredientes para ração ou material usado em adubo.
"Estamos trabalhando para levar essas técnicas ao produtor. Queremos que sejam aproveitadas tanto pelos grandes quanto pelos pequenos criadores", completa Emiko Resende.

Governo lança livro com propostas para inovação sustentável Biomassa, Amazônia e energia nuclear devem estar no foco de políticas de ciência


SABINE RIGHETTI DE SÃO PAULO

O governo lança hoje o "Livro Azul" da ciência e tecnologia, que traz um diagnóstico da inovação no Brasil e propostas para orientar futuras políticas públicas. A ideia é que o documento faça parte do "PAC da ciência"- o próximo plano plurianual do MCT (Ministério de Ciência e Tecnologia), de 2011 a 2014, na gestão de Aloizio Mercadante.

A espinha dorsal dessa edição são as inovações voltadas para o desenvolvimento sustentável e para a preservação ambiental. "Precisamos atacar as tecnologias estratégicas, por exemplo, para a Amazônia", disse o físico Luiz Davidovich, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).

Ele coordenou a 4ª Conferência Nacional de Ciência e Tecnologia, que aconteceu em maio e cujas discussões deram origem ao livro. "Isso significa explorar alternativas que não sejam a indústria madeireira ou a pecuária, como os fitoterápicos", completou Davidovich.

Outra área considerada promissora no país é a bioenergia que, de acordo com a publicação, pode gerar crescimento e criar empregos. O "Livro Azul" considera que, com tecnologia, é possível aumentar a produção de etanol sem expandir a área de cultivo de cana. Frisa ainda a necessidade de investimento em pesquisa na área. "Também temos de trabalhar com biomassa e energia nuclear, áreas em que não estamos ainda muito bem situados", analisou o físico.

REVOLUÇÃO

Deixando de lado a ciência propriamente dita, o "Livro Azul" ressalta a necessidade do que chamou de uma "revolução na educação". A meta é simples: essencialmente universalizar a educação básica de qualidade. Isso porque os projetos previstos para as próximas décadas requerem um grande número de profissionais. "A formação dessas pessoas pressupõe educação de qualidade para todos os brasileiros", concluiu Davidovich. O "Livro Azul" dá continuidade ao livros "Verde" e "Branco", publicados antes e depois da 2ª Conferência Nacional de Ciência e Tecnologia, realizada em 2001.

Usina de ondas está a um mês da operação


Antes programada para este fim de ano, a usina de ondas do Pecém, a primeira do tipo no Brasil, irá iniciar as suas operações em janeiro de 2011. Ainda esta semana, os equipamentos que faltam para montar a estrutura do empreendimento piloto devem chegar ao porto.

Estão para chegar a câmara hiperbárica e o flutuador, que completarão a estrutura. De acordo com o gerente do projeto, Eliab Ricarte, a usina irá funcionar por 12 a 18 meses para aprimorar sua tecnologia. "Quando tivermos um conhecimento maior, faremos um equipamento definitivo, a ser instalado no novo quebra-mar a ser construído aqui no Pecém", diz.

Segundo ele, o Ceará está com este protótipo, juntamente com outros países da Europa, na corrida para o desenvolvimento de uma tecnologia viável para a utilização comercial das usinas de ondas. O projeto cearense terá capacidade de produzir 100 kW, o equivalente ao consumo de 60 casas do padrão médio de consumo de energia elétrica no Estado. "Não se decidiu ainda qual máquina será acertada no mundo. Pode ser a nossa, pode ser a de Portugal, ainda não se sabe", diz.

A usina está sendo desenvolvida em parceria da empresa Tractebel, da Cearáportos e das universidades federais do Ceará e do Rio de Janeiro. O investimento nesse projeto é de R$ 12 milhões, sendo R$ 1 milhão de contrapartida do Governo do Estado (em parceria com a Universidade Federal do Ceará) e R$ 11 milhões da Aneel, oriundos do item Pesquisa e Desenvolvimento de Tecnologias da Tractebel. (SS)

Produção

100 kilowatts (kw) é a capacidade de produção da usina de ondas do Pecém.

ATUAL AMPLIAÇÃO

Tmut: primeiro berço em fevereiro

A atual etapa de expansão do Porto do Pecém, que é a construção do Terminal de Múltiplo Uso (Tmut), entregará a sua primeira fase em fevereiro do próximo ano, para estar pronta em março. Até o momento, 75% da obra estão concluídos.

De acordo com o presidente da Cearáportos, Erasmo Pitombeira, o novo terminal porá fim à espera dos navios para atracação no porto. Esta espera é um problema que já foi noticiado pelo jornal este ano.

Movimentação

O Tmut, que irá concentrar toda a movimentação de contêineres do Pecém, contará com dois berços para atracação de embarcações. O primeiro delas será entregue até o dia 20 de fevereiro. O segundo continuará o seu acabamento e estará pronto até o fim de março. Com o novo terminal, a capacidade estimada de movimentação de contêineres será ampliada dos atuais 150 mil TEUs/ano para 750 mil TEUs/ano.

Quebra-mar

A ampliação do quebra-mar em mil metros já está concluída, fazendo com que o porto já esteja livre das chamadas ondas swell, que atrapalham a manobra dos navios no porto.

De acordo com Pitombeira, já existem contratos fechados para utilizarem o terminal quando pronto. "Ele vai acabar com as filas de navios, que às vezes ocorrem. Teve navio que já esperou cinco dias para atracar. O normal é entre três e oito horas. Com o Tmut, a atracação será imediata, que é o ideal", garante Pitombeira. (SS)

Parque do Ipu, no Ceará, soma R$ 27 mi em obras


Wilson Gomes - Colaborador

Municípios da Zona Norte vão ter o turismo dinamizado com os atrativos do Parque Ecológico da Bica do Ipu. A primeira etapa do projeto de construção do Parque Ecológico da Bica do Ipu deve ficar pronta até julho de 2011. O valor total da obra soma média de R$ 27 milhões, com conclusão em 18 meses. De acordo com um dos responsáveis pela execução, Marcos Belo, representante da Construtora Enpecel Engenharia, neste primeiro momento estão sendo construídos a entrada principal, a área de estacionamento e o restaurante. "Estamos trabalhando por etapa. Nesta primeira fase, iremos entregar o estacionamento com a construção do pórtico de entrada, do obelisco, que representa o marco da obra, e o restaurante. Com isso, o parque já poderá receber visitação enquanto se dará continuidade à construção dos demais equipamentos do complexo", disse ele. 

A área da cascata da bica do Ipu, com seus 120 metros de altura, está interditada desde o final de julho. A construção do Parque Ecológico é um projeto da Prefeitura Municipal para aperfeiçoar o turismo na região. Tem a bica como um de seus pontos turísticos. O projeto prevê a construção de estacionamento para 123 carros, acesso ao parque com guarita e catracas, biblioteca de três pavimentos com varandas, quiosques, anfiteatro, revitalização do jardim botânico e trilhas ecológicas, além de bondinho, mirante, lago para pedalinho, trilhas, chalés, restaurante e teleférico. 

Com a construção desse novo complexo turístico na região, que deverá impulsionar a visitação a outros Municípios próximos, como Ubajara, Viçosa do Ceará e Carnaubal, por exemplo, haverá espaço para o esporte ecológico, como arvorismo, rapel e tirolesa. O lago terá espaço para quem gosta de andar com pedalinho e caiaque. Na época da assinatura da ordem de serviço, o prefeito de Ipu, Sávio Pontes, chegou a destacar que o Parque Ecológico será uma atração turística regional. "É uma grande opção turística para o Estado do Ceará", destacou também o prefeito. 

A obra está sendo financiada com recursos do Governo do Estado e do Programa de Desenvolvimento do Turismo (Prodetur), responsável pela maior parte dos recursos, na ordem de R$ 23,8 milhões; seguido pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria do Turismo (Setur), com R$ 2,8 milhões. O restante, R$ 259,7 mil, é contrapartida do Município de Ipu. O Prodetur é uma iniciativa do Ministério do Turismo, em parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
Importância histórica
O complexo turístico de 91,4 hectares (914 mil metros quadrados) visa incrementar ainda mais a atratividade da região, assim como requalificar um local de importância histórica e cultural para o Estado. O parque vai receber uma série de intervenções com arquitetura sustentável, em sintonia com a paisagem natural. Os postes de iluminação e tirolesa em são feitos de eucalipto e todo o madeiramento proveniente de reflorestamento. Todas as instalações devem ser acessíveis para pessoas com necessidades especiais. Também vai ser criado o Parque das Águas, com lago artificial e fonte, hotel com sete chalés e dois restaurantes, sendo um com mirante; além de área para camping com quatro hectares e estrutura de apoio. Os equipamentos vão criar uma ambiência necessária para o conforto do visitante e desenvolvimento de atividades econômicas e também esportivas. A área é muito propícia para a prática de esportes radicais, como asa delta e parapente. 

A bica do Ipu é formada pelas águas perenes do riacho Ipuçaba, cuja nascente é localizada no Sítio São Paulo, no alto da Serra da Ibiapaba. Trata-se de uma Área de Proteção Ambiental (APA), uma unidade de conservação de uso sustentável. Foi criada, por decreto, em janeiro de 1999, e abrange uma área de 3.484,66 hectares. Atrações 91,4 hectares é a área total do complexo turístico, que prevê, entre as atrações, tirolesa em eucalipto, Parque das Águas, hotel com sete chalés, restaurantes, bondinho e mirante.

 MAIS INFORMAÇÕES Prefeitura de Ipu, Rua Abílio Martins, S/N, Centro, (88) 3683.2021 (88) 3683.2022, www.ipu.ce.gov.br, comunicacaosocial@ipu.ce.gov.br

BONDINHO DE UBAJARA - Terminal do teleférico será reformado Com orçamento previsto de R$ 2 milhões, o Bondinho de Ubajara deve passar por nova intervenção em 2011 Sobral. Outro ponto que impulsiona o turismo na Zona Norte é o bondinho de Ubajara, que fica no Parque Nacional de Ubajara. Este equipamento deverá passar por uma nova intervenção a partir do próximo ano, com a reforma do terminal de passageiros do teleférico. 

O edital para a execução da obra já foi enviado pela Secretaria do Turismo do Estado (Setur) à Procuradoria Geral do Estado (PGE) para licitação. A nova estrutura está orçada em cerca de R$ 2 milhões e pretende oferecer melhor conforto e segurança aos visitantes da Gruta de Ubajara, no que se refere à infraestrutura de acesso. A previsão é de que s envelopes com as propostas serão abertos em 11 de janeiro de 2011. 

O passeio de teleférico é uma das atrações do Parque Nacional, na Serra da Ibiapaba. O bondinho, suspenso por cabos de aço, leva os visitantes ao alto do mirante, de onde se pode apreciar uma das paisagens mais belas da caatinga. No Parque, distante 3km do Centro da cidade, com 1.120m de extensão, o turista pode contemplar diversas formações rochosas como estalagmites e estalactites. Do topo do planalto até sua base, onde está a entrada da gruta, são 426 metros de descida, equivalente a um prédio de 111 andares. Foi fabricado há quase 40 anos. No início da década de 90, o bondinho, que faz o percurso em três minutos e capacidade para levar e trazer sete passageiros, passou por uma grande reforma. 

Projeto de obras 

As novas intervenções e o projeto a ser executado, segundo a Setur, objetiva oferecer melhores condições aos turistas. Vão atingir as plataformas, superior e inferior. A superior terá estrutura metálica em arco e pele em vidro, laminado incolor com espessura de 10mm, dentre outros detalhes técnicos. Na inferior, na estrutura da base será instalada estrutura metálica complementar para suporte e fixação de placas em vidro temperado laminado incolor com espessura de 24mm.
MAIS INFORMAÇÕES Parque Nacional de Ubajara Rodovia da Confiança, 187 Município de Ubajara - Zona Norte Telefone: (88) 3634.1188

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

UFERSA estuda dosagens de minerais no cultivo da melancia


A aplicação de fósforo e nitrogênio na fertirrigação para o cultivo da melancia está em estudo na Universidade Federal Rural do Semi-Árido. O objetivo da pesquisa é aperfeiçoar o uso dos insumos sem reduzir a produtividade e melhorar a qualidade das frutas. O experimento, coordenador pelo professor José Francismar Medeiros, está sendo desenvolvido no distrito de Juremal, no município de Baraúna-RN.

Segundo o professor Francismar, a cultura da melancia tem na nutrição mineral um dos fatores que contribuem diretamente na produtividade e na qualidade dos frutos. “O nitrogênio e o potássio são os elementos mais determinantes e devem ser aplicados de acordo com as exigências de cada cultivar”, pontua o professor.  As doses dessa adubação fosfatada e nitrogenada, bem como os resultados dessas aplicações, estão em análise pelos pesquisadores da UFERSA.  

O experimento ocupa uma área de meio hectare de melancia nas cultivares Leopard, sem semente e, Olímpia, com semente, plantadas em linhas alternadas. O professor explica que a melancia sem semente é triploide, com três fileiras de cromossomos. Portanto, não há possibilidade de fecundação das flores. Daí, a necessidade da cultivar Olímpia, que possui duas fileiras de cromossomos.

A pesquisa é parte integrante do Projeto Modificações Tecnológicas na Cadeira Produtiva do Melão e da Melancia no Rio Grande do Norte, financiado pelo CNPq e coordenado pelo pesquisador Francismar. O experimento iniciado há dois meses se encontra na fase de colheita. Além da coordenação do professor Francismar Medeiros, e de outros pesquisadores da UFERSA, a pesquisa envolve estudantes de graduação (iniciação cientifica), de mestrado e de doutorado. O próximo passo será a análise em laboratório com um estudo detalhado do solo, da planta e do fruto.

ANÁLISE – No que se refere ao solo, o professor adiante que será observada a quantidade de nutrientes residuais após o ciclo da cultura. “Fizemos o monitoramento do solo antes, durante e depois do cultivo, para saber a quantidade de minerais absorvidos pela planta”, explicou. O resultado irá otimizar o uso dos fertilizantes na cultura da melancia. 

Quanto à planta, o estudo possibilitará a análise mais detalhada sobre o acúmulo de matéria seca resultante da fotossíntese na planta e a concentração dos minerais nos tecidos das folhas, caule e frutos. Outro dado a ser obtido diz respeito à quantidade de sais minerais que a planta acumulou durante o ciclo. “Depois de coletados e tabulados, vamos obter o percentual de nutrientes absorvidos pela planta o que vai possibilitar um estudo mais aprofundado sobre as perdas de nutrientes durante o ciclo da melancia nas cultivares Leopard e Olimpia”, revela o pesquisador.

Com relação ao fruto, o professor Francismar Medeiros afirma que vão ser observados os teores de sólidos solúveis (brix), a firmeza da polpa, a espessura da casca, a acidez e o tamanho das melancias. Um outro ponto da pesquisa é saber o período de armazenamento da fruta em condições ambientais e em condições controladas de temperatura (refrigerado).   



Reitor Josivan Barbosa anuncia desafios para UFERSA Caraúbas


O apoio da bancada federal do Estado, do prefeito e dos vereadores, da sociedade caraubense e dos alunos e professores da UFERSA Caraúbas é de fundamental importância para a consolidação da Universidade Federal Rural do Semi-Árido na Região do Médio Oeste. Essa opinião foi expressa pelo reitor da UFERSA, professor Josivan Barbosa, durante encontro realizado na Câmara Municipal para explicar à comunidade as novidades pactuadas com o Ministério da Educação para a consolidação do campus da universidade no município.

“Caraúbas e toda a região do médio oeste estão em festa ao receber tão esperadas notícias que consolidam a construção do campus da UFERSA, beneficiando com a educação superior os jovens do nosso município e toda a região”, afirmou o prefeito Ademar Ferreira.

O encontro reuniu no plenário da Câmara os mais diversos segmentos representativos da cidade que ouviram com atenção as novidades apresentadas pelo reitor da Universidade do Semi-Árido. “Os alunos são os mais fortes nesse processo, daí, a importância que eles entendam a necessidade dessa conquista que é trazer a universidade para perto deles”, explicou o reitor.

Na semana passada, atendendo convite do Ministério da Educação, o professor Josivan Barbosa esteve em Brasília para pactuar os novos desafios para Caraúbas. “Fomos acordar, colocar no papel os compromissos do MEC para com a UFERSA Caraúbas”, explicou. Segundo o reitor, a reunião superou as expectativas da Universidade ao ficar acordado a contratação, via concurso público, de 103 professores e cerca de 90 servidores, o que representa a criação de mais 300 vagas anuais naquele campus. “Do total de vagas para professor, 20 já foram liberadas de imediato e o edital para o concurso será divulgado nos próximos dias”, garantiu.

Ainda segundo Josivan Barbosa, a pactuação para UFERSA Caraúbas representa um grande avanço uma vez que possibilitará ao campus da região do médio oeste estrutura para a implantação da pós-graduação com cursos de especialização, mestrado e doutorado na área tecnológica. “Além dos cursos Bacharelado em Ciência e Tecnologia e Ciência da Computação, a ideia é criarmos pelo menos cinco novos cursos de engenharias”, afirmou. A equipe pedagógica da Universidade já realiza estudo para definir quais os cursos serão mais viáveis.

O reitor da UFERSA também assegurou que as obras para a construção do campus universitário serão iniciadas no início do próximo ano. “Para começar temos no orçamento R$ 14 milhões”, afirmou. As obras já se encontram em processo de licitação. A exemplo da UFERSA Angicos, que se encontra em fase de conclusão, o campus de Caraúbas irá contar com estrutura própria e independente da sede.  

Quando estiver em pleno funcionamento a UFERSA Caraúbas disponibilizará de um orçamento anual em torno de R$ 24 milhões. O campus terá a mesma estrutura de Angicos com salas de aula, laboratórios, salas de professores, biblioteca, centro de convivência, entre outros equipamentos de infraestrutura. A estimativa é de gerar oportunidades com o ensino superior para os jovens de 32 municípios que compõem o médio oeste, além dos municípios vizinhos dos estados da Paraíba e do Ceará.  

O reitor Josivan Barbosa acredita que o processo de expansão das universidades federais é um projeto consolidado que não tem volta. “O governo Lula criou 14 universidades e 126 novos campus, enquanto o governo FHC criou apenas 2, o que comprova o compromisso com a expansão do ensino superior gratuito e de qualidade”, ressaltou.

O reitor disse também que trabalha com um projeto para a criação de uma Faculdade de Medicina para o Semiárido, com a construção de um hospital universitário dentro do campus da UFERSA Mossoró. “Quanto mais unidos maiores são as chances para viabilizar esse projeto”, acredita Josivan Barbosa.

Para os alunos que já conquistaram uma vaga na UFERSA Caraúbas o encontro com reitor foi satisfatório. “Acompanho o processo de expansão da UFERSA e hoje gostei muito de saber como será o campus de Caraúbas”, opinou a estudante de Ciência e Tecnologia, Isadora Araújo.

Para Dalila Praxedes, que mora em Apodi, e cursa também o BCT em Caraúbas, as novidades foram boas. “Achei interessante conhecer o andamento dos novos projetos da Universidade e saber que os recursos para a construção do campus estão garantidos”, afirmou.





IAGRAM prestigia implantação de nova incubadora em Mossoró


A partir de janeiro, o município de Mossoró contará com a atuação de mais uma incubadora de empresas. Desta vez, de Petróleo e Gás. Esta é a terceira a ser implantada na cidade e a primeira a ser gerenciada pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia – IFRN, no Campus de Mossoró. O município já conta com a Incubadora do Agronegócio de Mossoró, a IAGRAM, gerenciada pela Universidade Federal Rural do Semi-Árido e o Centro de Incubação Tecnológica do Semiárido, o CITECS, gerenciado pela Universidade Estadual do Rio Grande do Norte.

Para o gerente da IAGRAM, Giorgio Mendes, o surgimento de uma nova incubadora em Mossoró, ressalta a importância da cidade no contexto regional. “Com a implantação da nova incubadora damos um grande passo para a implantação do Parque Tecnológico de Mossoró”, reconhece o gerente da IAGRAM.

A importância de uma incubadora na área de petróleo e gás também tem o reconhecimento do Gerente do Sebrae, João Bosco Cabral Freire, ao reconhecer a vocação da região oeste para esse seguimento. “A nova incubadora nasce com base na vocação regional que é a exploração de combustíveis”, afirmou. Segundo João Bosco das 7 incubadoras existentes no Estado, 3 estão na cidade de Mossoró o que representa grande apoio para o empreendedorismo.

A Incubadora do Petróleo e Gás nasce com a capacidade para incubar dez empreendimentos, sendo quatro presenciais e seis à distância. “A estratégia do IFRN é instalar em cada campus uma incubadora, aliando a educação tecnológica a realidade econômica e social da região, modelando um programa de empreendedorismo”, afirmou o professor Jerônimo Pereira, responsável pelo Núcleo de Incubação Tecnológica do IFRN.



UFERSA na Rede Nacional sobre sustentabilidade na Aquicultura


O CNPq aprovou o projeto intitulado “Indicadores de Sustentabilidade para Aquicultura”, com um valor de aproximadamente R$ 600 mil. O projeto contempla os pesquisadores da Universidade Federal Rural do Semi-Árido, os professores doutores, Gustavo Henrique Gonzaga da Silva e Virginia Cavalari, ambos do Departamento de Ciências Animais, e alunos de iniciação científica e pós-graduação.

A Rede Nacional de Sustentabilidade na Aqüicultura é constituída por 38 pesquisadores de 15 instituições de pesquisa das regiões sul, sudeste, nordeste e norte. Foi formada a partir do Grupo de Trabalho em Sustentabilidade, constituído pelo Ministério da Pesca e Aqüicultura em 2009 para estudar e propor um conjunto de indicadores adequados para avaliar a sustentabilidade da aqüicultura brasileira.

A rede será coordenada pelo Prof. Dr. Wagner Valenti, do Centro de Aquicultura da UNESP, que tem larga experiência em aqüicultura e em sustentabilidade e no gerenciamento de projetos integrados de pesquisa envolvendo grande número de pesquisadores. O objetivo principal da rede é desenvolver um conjunto de indicadores de sustentabilidade adequados para avaliar a aqüicultura brasileira e formar pessoal qualificado para atuar na avaliação da sustentabilidade da aqüicultura.

Os pesquisadores estão agrupados em equipes regionais distribuídos por vários estados brasileiros, que coletarão dados em empreendimentos geograficamente próximos de suas instituições. Será criada uma central de análises de amostras dos parâmetros físicos, químicos e biológicos, equipada com equipamentos de ponta, que serão operados por técnicos especializados.

Cada equipe receberá um kit contendo os equipamentos necessários para a coleta das amostras e recursos para o deslocamento até as fazendas. As amostras serão coletadas pelas equipes e remetidas para essa central de análises para serem processadas; após, os dados obtidos retornarão para a respectiva equipe para serem analisados. Esse mecanismo permitirá a otimização do trabalho dos pesquisadores e dos custos, tanto na coleta de dados como nas análises de amostras.

De acordo com o professor Gustavo Henrique Gonzaga da Silva, no Rio Grande do Norte, serão avaliados sistemas de produção de tilápias (O. niloticus) em tanques rede em reservatórios. O projeto visa dar continuidade aos projetos de pesquisa que já vêem sendo desenvolvidos pelo Laboratório de Limnologia e Qualidade de Água (LIMNOAQUA) e aos projetos de extensão desenvolvidos pela professora Virginia Cavalari.

O projeto objetiva testar em nível nacional índices e indicadores de sustentabilidade ambiental, econômica e social das atividades de aquicultura, tais como cultivos intensivo, semi-intensivo e extensivo de camarões marinho e de água doce, mexilhões, ostras, carpas, tilápias, trutas, pacu, tambaqui, peixes ornamentais, macroalgas, entre outros. Deve-se destacar que esse projeto representa a fase final de um trabalho já iniciado pela iniciativa do Ministério da Pesca e Aquicultura, visando desenvolver métodos para avaliar a sustentabilidade da aquicultura brasileira.

Iniciativas semelhantes vêm sendo feitas em vários países, com destaque para o trabalho da Comunidade Européia. Neste contexto, avaliações da sustentabilidade dos sistemas de produção podem se tornar obrigatórios para colocar os produtos aquícolas brasileiros em mercados diferenciados.

De acordo com o professor Gustavo Henrique, a inclusão da UFERSA nesta rede nacional para testar metodologias recentes e inovadoras proporciona condições de inserir ainda mais a Universidade no cenário nacional no que tange as pesquisas na área de Aquicultura Sustentável e Limnologia. O projeto proporcionará ainda uma melhor capacitação de alunos de graduação e pós-graduação da Instituição, além de fornecer informações consistentes para os piscicultores sobre a viabilidade de seus empreendimentos e de como otimizar os seus lucros, levando sempre em consideração as temáticas ambientais, sociais e econômicas.

UFERSA abre inscrições para Pós em Ambiente, Tecnologia e Sociedade

Profissionais de nível superior de qualquer área do conhecimento poderão participar da seleção para o primeiro Mestrado Interdisciplinar Ambiente, Tecnologia e Sociedade da Universidade Federal Rural do Semi-Árido. As inscrições foram abertas na última segunda-feira (13/12) e vão prosseguir até o dia 14 de janeiro. O Formulário de Inscrição e o Edital estão disponíveis no site da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação da UFERSA http://www2.ufersa.edu.br/

Para o Mestrado Acadêmico Ambiente, Tecnologia e Sociedade, a UFERSA oferece 15 vagas, distribuídas nas linhas de pesquisas: Tecnologias Sustentáveis e Recursos Naturais do Semi-Árido, com 8 vagas e, Desenvolvimento e Sustentabilidade de Organizações e Comunidades no Semi-Árido, com 7 vagas.

Para inscrição, além do preenchimento do formulário, é necessária a apresentação de cópia do diploma de curso superior, uma foto 3x4 recente, Curriculum Vitae devidamente comprovado no modelo Plataforma Lattes, três cópias do pré-projeto de pesquisa e três cartas de referência enviadas pelo próprio informante em envelope fechado, conforme modelo disponível no site da PROPPG. O candidato também deve apresentar cópia do recibo de pagamento da taxa de inscrição no valor de R$ 51,00.

A seleção constará de de prova escrita, entrevista e prova de títulos. A prova escrita, de caráter eliminatório, com duas questões, uma de caráter geral sobre a temática Ambiente, Tecnologia e Sociedade, e outra, sobre a linha de pesquisa escolhida pelo candidato no preenchimento da ficha de inscrição. Cada uma das questões deve ser respondida em no máximo 30 linhas. A nota mínima de aprovação é 6,0 (seis).
A entrevista, de caráter eliminatório, versará sobre aspectos do Pré-Projeto de Pesquisa. A nota mínima de aprovação é 6,0 (seis). As entrevistas serão realizadas somente com os candidatos que obtiveram aprovação na prova escrita. Já a prova de títulos, de caráter classificatório, se dará com a análise do Curriculum Vitae.  A prova escrita, a entrevista e a prova de títulos terão pesos 5, 3 e 2, respectivamente.

A prova escrita será realizada no dia 17 de janeiro de 2011, em local e horário a ser informado no site da PROPPG/UFERSA até o dia 14 de janeiro de 2010. A divulgação da lista dos candidatos aprovados na prova escrita ocorrerá no dia 18 de janeiro de 2011 no site da PROPPG/UFERSA.


sexta-feira, 22 de outubro de 2010

EDUCAÇÃO SUPERIOR EM LULA vs FHC: A PROVA DOS NÚMEROS

Um jornalista escreveu em seu blog, auto-apresentado como um dos mais acessados do Brasil: “Provei com números que o que ele [o Governo Lula] fez mesmo foi aumentar o cabide de empregos nas universidades federais, aumentar a evasão e o número de vagas ociosas.”
Fiquei muito interessado no tema, por dois motivos: Primeiro, porque fui Reitor de uma universidade federal durante quatro meses no governo FHC e quase todo o tempo do Governo Lula, o que me permite a rara situação de, na condição de gestor público, poder comparar os distintos cenários de política de educação superior. Segundo, porque minha área de pesquisa é a Epidemiologia. Nessa condição, trabalho com modelagem numérica e técnicas quantitativas de análise, num campo onde exercitamos uma quase obsessiva busca de rigor, validade e credibilidade. Isto porque uma eventual contrafação ou fraude estatística pode custar vidas, produzir riscos ou aumentar sofrimentos.
Assim, procurei, no blog do jornalista, a prova dos números. Encontrei, numa postagem de 24/08/2010 – arrogantemente intitulada “A fabulosa farsa de ‘Lula, o maior criador de universidades do mundo’. Ou: desmonto com números essa mentira” – três blocos de questões: aumento de vagas e matrículas; evasão na educação superior; empreguismo na rede federal de ensino. Analisarei cada uma delas, demonstrando que essas “provas de números” são refutadas em qualquer exame sério de validade técnica ou metodológica.
No primeiro bloco, referente a aumento de vagas e matrículas, achei as seguintes afirmações: “A taxa média de crescimento de matrículas nas universidades federais entre 1995 e 2002 (governo FHC) foi de 6% ao ano, contra 3,2% entre 2003 e 2008 - seis anos de mandato de Lula. [...] Só no segundo mandato de FHC, entre 1998 e 2003, houve 158.461 novas matrículas nas universidades federais, contra 76.000 em seis anos de governo Lula (2003 a 2008).”
Aqui o jornalista comete erros primários (ou de má-fé) de análise de dados. Qualquer iniciante em análise estatística, demográfica ou educacional sabe que não faz sentido comparar um período de oito anos com outro de seis anos, ou este com outro de quatro anos; mais ainda se usarmos médias aritméticas ou números brutos; e pior ainda se considerarmos (como ele bem sabe) que o principal programa de expansão das universidades federais, o REUNI, começa a receber alunos justamente depois de 2008.
Além disso, usa dados errados. Eis os dados corretos de matrículas nas IFES:
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
502.960
531.634
567.850
574.584
579.587
589.821
653.022
720.317
917.242
1.010.491
(fonte: INEP e ANDIFES)
Não precisamos questionar os indicadores do governo FHC; consideremos a credibilidade destes como de responsabilidade do jornalista. Mas, com os dados da pequena tabela acima, podemos demonstrar que, considerando todo o período do governo Lula, o volume total de matrículas nas federais aumentou 90,1%. Portanto, a taxa média de crescimento de matrículas nas universidades federais, entre 2003 e 2010, não foi de 3,2% e sim de 11% ao ano.
Também, no que concerne à segunda afirmação, em seis anos de governo Lula (2003 a 2008), de fato ocorreram 188.683 novas matrículas nas universidades federais, e não, como afirma o jornalista, apenas 76.000 (aliás, números redondos são em geral suspeitos: sugerem ausência de fonte). Uma comparação tecnicamente mais correta será entre os dois segundos mandatos: entre 1998 e 2003, segundo mandato FHC, houve 158.461 novas matrículas; entre 2007 e 2010, segundo mandato Lula, foram exatas 478.857 novas matrículas registradas nas universidades federais. Ou seja, contrastando períodos equivalentes, o operário Lula abriu 200% mais vagas novas em universidades federais que o intelectual FHC.
No segundo bloco de questões levantadas pelo jornalista, o assunto era evasão na educação superior. Ele escreveu: “O que aumentou brutalmente no governo Lula foi a evasão: as vagas ociosas passaram de 0,73% em 2003 para 4,35% em 2008. As matrículas trancadas, desligamentos e afastamentos saltaram de 44.023 em 2003 para 57.802 em 2008. [...] A Universidade Federal do ABC perdeu 42% dos alunos entre 2006 e 2009.”
O jornalista confunde evasão com ociosidade. Aliás, não sei de onde ele tirou os dados que indicariam um aumento “brutal” de evasão nas universidades federais no governo Lula. Não tenho conhecimento de nenhuma base de dados que recolhe e computa informação sobre “vagas ociosas” que, a propósito, tem definições variadas e divergentes dentro da autonomia das diferentes instituições. Sobre trancamentos, desligamentos e afastamentos, novamente o jornalista comete erros primários (ou de má-fé) na análise de dados. Qualquer iniciante em análise estatística, demográfica ou educacional sabe que um aumento bruto de 44.023 para 57.802 afastamentos nada significa sem comparação das proporções relativas. Ocorreram mais afastamentos simplesmente porque o sistema recebeu mais matrículas, de 567 mil para 720 mil no período considerado. Usemos os percentuais respectivos: entre 2003 e 2008, a taxa de afastamentos passa de 7,7% para 8,0%, uma variação insignificante. Onde está o “salto”?
O estudo mais abrangente sobre o tema evasão na educação superior no Brasil foi realizado pelo Instituto Lobo para o Desenvolvimento da Educação, da Ciência e da Tecnologia. De acordo com essa pesquisa (Silva Filho et al 2007), a evasão anual média do Brasil, entre 2000 e 2005, foi de 22%. Essa taxa foi mais de duas vezes menor nas instituições públicas, em torno dos 12%, que nas instituições privadas, quase 26%. No que se refere às áreas, a maior evasão média anual ocorreu na formação em Serviços, com 29%; seguida por Ciências Naturais, Matemática e Computação, 28%, e Ciências Sociais, Negócios e Direito, 25%. A menor evasão foi em Ciências da Vida, com 17%. Os cursos com maiores taxas anuais de evasão foram: Matemática, 44%, Marketing e Publicidade, 36%, Educação Física, 34%. Os cursos com menores taxas foram Medicina, com 5% e Odontologia, 9%. Notem que essas são taxas médias anuais.
Outra coisa são as estimativas de evasão no tempo do curso, ou seja, complemento matemático da taxa de sucesso. Estudo da USP (2004) avaliou que apenas 32% de seus alunos concluíram o curso no tempo previsto. Os restantes retardaram, mudaram ou desistiram do curso, nesse caso configurando uma taxa bruta de evasão que, no Brasil, entre 2000 e 2006, situou-se em 49%. Esse indicador é mais difícil de calcular e comparar, dada a diversidade na duração mínima dos cursos (no Brasil, de dois a seis anos), e na própria arquitetura curricular, muito distinta entre os diferentes modelos de universidade. Não obstante, para efeito limitado de comparação internacional, alguns dados da Unesco, no período de 2002 a 2006, mostram o Brasil numa situação intermediária: Coréia do Sul 22%, Cuba 25%, Alemanha 30%, México 31%, EUA 34%, França 41%, Brasil 49%, Colômbia 51%, Suécia 52%, Venezuela 52%, Itália 58%.
Com esses dados, analisemos a situação da UFABC, precursora do REUNI e, talvez por isso, posta no pelourinho. O jornalista e, em certo momento, a imprensa paulista, consideraram alarmante uma evasão de 42% em quatro anos. Puro desconhecimento do assunto. Se ajustarmos essa medida num parâmetro temporal preciso, encontraremos uma taxa anual de 11%, abaixo, portanto, da média nacional para instituições públicas e metade da taxa referente ao setor privado de ensino superior.
No terceiro bloco de questões, o jornalista denuncia a rede federal de ensino superior como “cabide de empregos”: “Também cresceu espetacularmente no governo Lula a máquina ‘companheira’. Eram 62 mil os professores das federais em 2008 - 35% a mais do que em 2002. O número de alunos cresceu apenas 21% no período. [...] No governo FHC, a relação aluno por docente passou de 8,2 para 11,9 em 2003. No governo Lula, caiu para 10,4 (2008). É uma relação escandalosa! Nas melhores universidades americanas, a relação é de, no mínimo, 16 alunos por professor. Lula transformou as universidades federais numa máquina de empreguismo.”
O jornalista insiste em parar o tempo em 2008, desconhecendo o efeito do REUNI. Nesse aspecto, o conjunto das universidade federais começou a fazer investimentos a partir de 2008 (e isso incluiu naturalmente contratação de docentes e funcionários) para dar conta do crescimento do alunado no ano seguinte. Já em 2008, foram realizados concursos públicos para mais de 6.000 professores e 4.000 funcionários, para receber os 196.725 alunos novos que entraram nas 56 universidades federais em 2009. Com a matrícula dos dois semestres deste ano de 2010, o sistema federal ultrapassou 13 alunos por docente, mantendo a razão 18 alunos/docente como meta pactuada do REUNI para 2012. De fato, enquanto o corpo docente da rede universitária federal aumentou 35% de 2002 a 2008 e crescerá em 50% até 2012, nesse período, o alunado triplicará.
Apenas como exemplo concreto, posso apresentar o caso da UFBA: neste ano, matriculando 34.516 alunos de graduação, nossa instituição alcançou 16,4 alunos/docente. Passamos de 55 cursos de graduação em 2002, para 113 cursos em 2010, com aumento de vagas de quase 120%. Em 2002, oferecíamos 40 vagas em 01 curso noturno; em 2010, são 2.610 vagas em 22 cursos noturnos. Em relação à pós-graduação, os patamares efetivamente alcançados são ainda mais expressivos, com aumento de 150% em vagas e matrículas, sendo mais de 300% no doutorado. Fizemos tudo isso com apenas 416 novos docentes contratados em três anos.
A prova dos números com dados completos, tanto no sentido temporal (quando inclui matrículas até 2010) quanto no sentido político (apesar de o jornalista insistir em esconder o sucesso do REUNI), destrói seus argumentos enganosos. Resta-lhe o exercício da retórica raivosa. Máquina de empreguismo? Cabide de empregos? Essas grosserias insultam a todos nós, dirigentes, professores, servidores e alunos de universidades federais que, com grande esforço, estamos tornando a educação superior pública brasileira flagrantemente mais eficiente, competente, socialmente responsável.
Tendencioso, mal-informado, sem competência técnica em análise elementar de dados, o jornalista não passa na prova de números que ele mesmo propõe. Ainda bem que ele foi reprovado pois, nos planos macroeconômico e político, uma contrafação ou fraude estatística pode reduzir investimentos, desviar prioridades, suspender programas de governo, fazer retroceder estratégias, destruir políticas e atrasar o desenvolvimento social e humano do país.

Naomar de Almeida Filho
Pesquisador I-A do CNPq
Reitor da Universidade Federal da Bahia no período 2002-2010
Professor Titular de Epidemiologia, Instituto de Saúde Coletiva e do Instituto Milton Santos de Humanidades, Artes e Ciências da UFBA

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Diário do Nordeste: FAUNA AMEAÇADA ´Não prenda o passarinho´

Icapuí. As queimadas estão afetando o habitat de aves e pássaros que ainda encontram nas áreas de mangue de Icapuí o espaço para viver ou se "hospedarem", em suas longas viagens. Três conhecidos pássaros nessa parte do litoral cearense correm o risco de desaparecer, e a população realiza a campanha aleatória e informal "Solte, não prenda o passarinho", ou ninguém mais vai ver pelas bandas de cá Graúna, Cabeça Vermelha e Corrupião.


Por sua composição de mangues, floresta, falésias e uma praia rica em matéria orgânica trazida da própria natureza pelas marés, Icapuí é reconhecido berçário de várias espécies de árvores e pássaros. Ainda. Mas o aumento da degradação ambiental tem causado a diminuição desses seres vivos, e ao menos por enquanto, o Maçarico (Limosa lapponica) vindo do Ártico em direção à Patagônia, ainda escolhe esse pedaço da costa cearense (a única no Brasil) para pousar com maestria e elegância, com seu grande bico levemente curvado para cima. A cada nova viagem, as notícias não são nada boas para o Maçarico.


E o que era comum gradualmente se revela raro na natureza icapuiense. Cadê Corrupião? Cadê Graúna? Pássaros comuns, mas sumidos do cenário, não sendo vistos nem ouvidos. Os motivos principais: a natureza alterada pelo homem está afastando esses animais e, num acesso de posse, os pássaros são apreendidos em gaiolas, sequestrados dos ninhos para ficar entre paredes das casas, sítios, pousadas. A falta de senso de preservação está ameaçando a beleza de se ver e ouvir ao pôr-do-sol o grito rouco das garças no ninhal da Praia de Requenguela, localizada em Icapuí.


Nos blogs e escolas do município, tem início a campanha "solte, não prenda o passarinho". O estímulo foi dado pelo vereador Marcos Nunes, da Câmara Municipal de Icapuí, que em seu blog e no plenário da Casa Legislativa, esbravejou que "A natureza de Icapuí pede socorro!". Desmatamento, queimadas e captura desenfreada fazem as populações de Graúna, Galo Campina e Corrupião diminuírem passo a passo na região.


Crianças e jovens


"É necessário que a população tome consciência do que estes danos poderão acarretar a esses animais da nossa fauna. É imprescindível conscientizar as crianças e jovens que utilizam alçapão para aprisionar estes bichinhos, quando não são sequestrados ainda nos ninhos de suas mães. É necessário coibir a sua comercialização e sobretudo é preciso fazer um trabalho de conscientização nas escolas, igrejas, associações, principalmente nos Sindicatos Rurais, ou em todos os lugares onde o povo esteja. O mais importante é que todos se envolvam na preservação e manutenção destas espécies", alerta Marcos Nunes.


O Município de Icapuí apresenta vários ambientes costeiros, como manguezais e lagos, e até áreas florestadas sobre falésias, dunas vegetadas e praias arenosas com planícies de maré, e cada local tem suas aves típicas. Essa á e principal região das aves migratórias no Ceará. As principais áreas para observação de aves costeiras no Município são Ponta Grossa, Matas de Tabuleiro, Banco dos Cajuais, Manguezal da Barra Grande e Córrego do Sal. A conformação geomorfológica das praias, aliada à dinâmica das marés, possibilita que se acumulem materiais trazidos pelas ondas, notadamente resto de algas e cascalhos, que abrigam invertebrados e, por sua vez, servem de alimento para as aves.


Sem preservação não há mangue, sem mangue não há Tamatião, espécie de ave que se alimenta de caranguejos e peixes. Vive oculto nos mangues, mas em Barra Grande, Icapuí, pode ser avistado, com esforço. Mais facilmente, nem por isso de forma despreocupada, ainda se vê e ouve o Cabeça-vermelha (Paroaria dominicana), Corrupião(Icterus jamacaii) e a Graúna (Gnorimopsar chopi), "ave preta" (em tupi), considerado um dos pássaros de voz mais melodiosa do Brasil.


Fique por dentro
Espécies diversas


A graúna, também conhecido como pássaro-preto ou melro, mede 21,5 cm de comprimento. Trata-se de um dos pássaros de voz mais melodiosa do Brasil. Vive em todo o País não-amazônico. Alimenta-se principalmente de grãos e frutas. Já o Corrupião é uma das mais apreciadas aves de gaiola pertencentes à família dos icterídeos; conhecido e apreciado no Brasil, não só pelo seu canto que é belo e estranho, como pela beleza de sua plumagem, é de colorido vivo, onde o preto se alterna com o amarelo-alaranjado e o branco. O Cabeça-vermelha, ou galo de campina, é uma das maiores vítimas do comércio ilegal. Um dos pássaros mais típicos do interior do Nordeste do Brasil.


Melquíades Júnior
Colaborador

Diário do Nordeste: Centro-Sul do Ceará mostra potencial para a uva

Iguatu. Na região Centro-Sul, este Município é o maior produtor de uva. São seis hectares implantados e uma produtividade média de 20 mil kg por hectare, de acordo com dados da Secretaria de Agricultura de Iguatu. As unidades foram implantadas há três anos, após uma mobilização local junto aos produtores rurais.

A ideia era atrair um maior número de pessoas dispostas a cultivar videira em face da possibilidade de maior lucro em relação às outras fruteiras e de um amplo mercado consumidor no Estado. Até agora o esforço conjunto da Secretaria de Agricultura e do Instituto Agropolos conquistou quatro produtores. Dois deles, José Dantas e Francisco de Souza, estão produzindo com regularidade e satisfeitos com os resultados. Segundo os técnicos, um dos principais empecilhos é o elevado custo de implantação do parreiral, bem superior às tradicionais fruteiras.

A produção em torno de 20 mil quilos por hectare ano tem relação com o tempo de implantação da cultura. A uva chega a estabilizar a produção somente após o quarto ano de implantada e, com bons tratos culturais, pode alcançar uma produção média de 40 mil kg por ha. O ciclo produtivo do parreiral é de quatro meses. Com o intervalo de descanso, garante ao produtor duas safras e meia por ano.

Parceria

As primeiras colheitas começaram numa área de 1,2 hectare (ha), localizada no Sítio Várzea de Fora, próximo à cidade de Iguatu. O produtor rural José Dantas foi um dos primeiros a aderir, no início de 2007, ao projeto implantado pela Secretaria Municipal de Agricultura, em parceria com o Instituto Agropolos e com os produtores da região.

Depois de três anos de trabalho, Dantas mostra-se satisfeito. A implantação do projeto, investimento e custeio, na fase inicial, foi de R$ 80 mil. "As nossas perspectivas são boas", diz Dantas. "Já estamos conseguindo passar de 20 mil quilos por hectare ano.

De acordo com o técnico agrícola, que tem experiência com a produção de uva no Vale do Rio São Francisco na Bahia e em Pernambuco, Abílio do Nascimento, o mercado de frutas é amplamente favorável. "Não há dificuldade de escoamento da produção, pois a demanda é elevada e o Ceará não produz quase nada em relação ao que importa e consome", explicou. "Iguatu tem potencial de água e de solo de alta qualidade".

Água, terras planas e férteis formam um quadro favorável para o desenvolvimento da fruticultura na região Centro-Sul. Três anos após a implantação do projeto de fruticultura, Iguatu já desponta como o maior produtor do Centro-Sul. São áreas irrigadas. Estão em produção, 120 hectares de banana, 35ha de goiaba, 6ha de maracujá, além de melancia, mamão, tomate, abóbora e milho verde.

A produção de uva vem mudando a paisagem do sertão da região Centro-Sul. No Sítio Lagoa Seca, zona rural deste Município, a produção é crescente das variedades Itália Melhorada (verde) e Benitaka Brasil (roxa), numa área de dois hectares. Neste semestre, ocorre a quarta colheita da unidade produtora. O produtor Francisco de Souza, mais conhecido por Fran, um dos pioneiros na produção da cultura, está otimista com o desenvolvimento do plantio e satisfeito com o resultado obtido até agora.

Nesta safra de verão, ele espera colher 30 toneladas. A produção aumenta. "Neste ano, vamos recuperar o investimento de R$ 80 mil na implantação do parreiral", prevê Fran de Souza. "O nosso projeto deu certo e vou ampliar a área em mais um hectare", afirma. O preço pago ao produtor pelo quilo da uva é de R$ 2,50 e nos mercadinhos e na feira, o consumidor paga R$ 4,00 pelo quilo do produto.

NOVO CULTIVO

Serra do Araripe também dá morango

Nova Olinda. Há quem custe a acreditar que estão sendo cultivados morangos em plena Serra do Araripe. A experiência é num pequeno canteiro econômico, localizado na Serra do Catolé, em Nova Olinda. O fruto agora é real. Após um ano de insistente trabalho, regando todos os dias as plantinhas, o agricultor José Cazuza da Silva, o José Padre, viu os frutos finalmente aparecerem. O cultivo foi iniciado apenas com uma única muda, ofertada por uma amiga. Não deu outra: são dezenas de outras em meio à agrofloresta de um amante da natureza.

De todas as experiências com plantas de José Padre, essa tem sido a que ele está tratando com um zelo extremo. Também, explica ele, chegou a passar um dia sem regar e no final da tarde a planta estava bem murchinha. "O morangueiro é muito sensível e que precisa estar sempre com água", acrescenta. Só em ter sobrevivido para ele já é um grande resultado, a quem parece sempre estar testando a sua capacidade de romper barreiras em novos cultivos.

A água para regar as plantinhas sai da cisterna de placa. Nesse tempo, água armazenada na serra, que não seja em cisterna, praticamente não existe. O jeito é economizar ao máximo para ter sempre, mesmo que sendo quase a conta gotas.

Até o canteiro é adaptado para essa finalidade. O agricultor utilizou uma lona preta num cercado retangular com tijolos e uma camada de terra bem adubada para a experiência dar certo. Algumas outras mudas estão em pequenos sacos. A experiência bem vinda poderá resultar já na negociação com mudas, por exemplo. Para ele não seria uma má ideia.

O plantio com os morangos é o mais recente, dentre as culturas que experimenta nos seus cinco hectares de terra. Na Chapada do Araripe o que parece uma fruta desconhecida para a maioria dos moradores passou a ser um capricho no pequenino plantio de José do Padre. Os morangos brotaram depois de um ano de cultivo.

Prova de paciência

Mas, segundo o agricultor, ainda não dá para comercializar o produto. A produção não oferece oportunidade para a venda. São poucas unidades e a criançada é quem acaba aproveitando. "Quando cheguei aqui, nessa terra não nascia nada. Agora, já sai algumas plantinhas, naturalmente", diz, considerando um lucro os moranguinhos que conseguiu colher.

E essa prova de paciência chama a atenção para quem passa pela frente do seu terreno. No canteiro econômico, José do Padre dividiu a plantação com o coentro, mas o morango começou a crescer em ramos.

Outra experiência com a fruta está acontecendo em Barbalha. No distrito do Caldas, moradores investiram no cultivo do produto e tem obtido bons resultados. Para os moradores, tem sido uma descoberta, que poderá tornar o Município uma referência nesse novo tipo de produção de frutas.

MAIS INFORMAÇÕES

Secretaria de Agricultura, Município de Iguatu
Centro-Sul
(88) 3581.6527


Honório Barbosa e Elizângela santos

Diário do Nordeste

Diário do Nordeste: Um roteiro de descobertas nas serras do Nordeste

Uma região rica em paisagens únicas, com belezas esculpidas pela natureza, grutas, paredões, mirantes, trilhas e cachoeiras de água cristalina. Essa é uma das principais características do roteiro turístico Serras Nordeste: Entre Parques e Opalas, que envolve o Ceará e o Piauí. Além de ser um destino perfeito para quem busca uma opção diferenciada para a prática do ecoturismo, o roteiro propicia ao visitante uma série de outros atrativos, como o artesanato e a cultura.

O roteiro Serras Nordeste compreende seis cidades dos dois Estados vizinhos: Viçosa do Ceará, Tianguá e Ubajara, no Ceará, e Piracuruca, Piripiri e Pedro II, no Estado do Piauí. Numa altitude média de 500 metros, a região possui a atmosfera característica de um ambiente serrano tipicamente nordestino, onde a natureza se confunde, harmoniosamente, com as manifestações culturais, com as expressões de seu povo que soube de maneira sábia e forte preservar suas raízes culturais e naturais pautadas no passado de uma história de encantos e magias, de lutas e resistências de seus bravos tabajaras e cariris, verdadeiros heróis da terra.

Diversidade

No roteiro, o visitante é chamado a interagir com esse cenário de pluralidade e diversidade. Em Viçosa (CE), os casarios seculares e as igrejas de portas estreitas são o convite para se apreciar o doce sabor dos licores, as irresistíveis petas e a musicalidade pulsante na cidade, com mel, chorinho e cachaça serrana de pé de tonel.

Na mesma sintonia, se chega a um festival musical de inverno em Pedro II (PI), com suas pousadas singelas e casarões históricos, além dos teares de estampas vivas e um barro moldado em cores alegres. Como riqueza natural, o município conta com opalas, pedras preciosas de cores brilhantes, que enaltecem e enriquecem sua gente hospitaleira.

Ao subir um pouco mais a serra, o visitante descobre imensos paredões íngremes em formas de cortinas que enchem os olhos e encantam o coração. Em Ubajara (CE), no Parque Nacional, do topo do bondinho é possível ver as pequenas cidades sertanejas no pé da serra e uma misteriosa gruta cercada de montanhas.

Mais adiante, chega-se ao Parque Nacional de Sete Cidades, em Piracuruca (PI), com belas paisagens campestres e formações rochosas que a imaginação acalenta a alma. São dois parques ambientais de rica e intrigante biodiversidade de flora e fauna, acrescidas de marcas do passado humano nas figuras rupestres.

À medida do caminhar, entre engenhos de cana de açúcar, presença de um Brasil Colonial e casas de farinha, exalam cheiros de beiju, mel, batida e rapadura. No passeio turístico, um descanso é sempre bem vindo. Tianguá (CE) e Piripiri (PI), cidades polos e entroncamentos, oferecem aos seus visitantes uma rede de hospedagem com ótima infraestrutura e uma gastronomia bem diversa ao paladar e a satisfação de todos.

O exótico também faz parte da atração turística. A iguaria Tanajura, manjar dos deuses nativos, pode ser degustada em Tianguá. Aos mais dispostos, um turismo de aventura vai bem, através da prática de rapel, voo livre, escaladas, trilhas e arvorismo, entre outros. A criatividade do artesão no croá, na palha da bananeira, na renda, na pedra sabão ou nas confecções com peças decorativas ou utilitárias, produzidas nas comunidades rurais do semiárido são atrações à parte de destacado valor sociocultural.

Tecer redes de relações com prazer e harmonia, segurança e conforto onde cultura, arte e natureza se completam, acobertado de um clima aprazível entre parques naturais e serras são os grandes diferenciais do roteiro Serras Nordeste que oferece aos amantes do turismo diversificado uma inesquecível viagem no tempo e no espaço desses oásis encravados num cantinho do Nordeste brasileiro.

O roteiro Serras Nordeste: Entre Parques e Opalas é resultado de uma grande parceria entre os Estados do Piauí e do Ceará, numa iniciativa do Sebrae, do Programa de Regionalização do Turismo do Ministério de Turismo e das prefeituras municipais. O roteiro conta com a participação de vários meios de hospedagem, alimentação e receptivo que integram a cadeia produtiva do turismo, sendo 65 empreendimentos no Piauí e 45 no Ceará.

PEDRAS PRECIOSAS
Opalas são atrativo turístico em Pedro II

De origem sânscrita, a palavra opala quer dizer pedra preciosa e é conhecida pela grande variedade de cores na mesma pedra. Acredita-se que as opalas demoram aproximadamente 60 milhões de anos para se formarem. Os romanos acreditavam que a pedra era símbolo de esperança e pureza, mas há quem diga hoje que a pedra é portadora de boa fortuna e que sua presença traz amor em abundância e afasta os males.

A opala em Pedro II, no Piauí, foi descoberta, por acaso, no ano de 1945 e hoje, pelo que se sabe, é a única reserva de opala nobre do País. Além do Piauí, há outra reserva desse tipo na Austrália e as duas são as únicas fontes importantes desse mineral no mundo.

A opala de Pedro II apresenta um jogo de cores com nuances diferentes como um arco-íris que uma pedra preciosa forma ao ser atravessado pela luz. Isso é o que caracteriza a beleza da opala e a sua raridade. Por essa característica do jogo de cores, a opala é conhecida no meio mineralógico e geológico como a Rainha das Gemas, sendo considerada a mais bela de todas as gemas, uma unanimidade no mundo inteiro.

A atividade de mineração de opalas acontece no município desde a década de 40, já tendo sido encontradas aproximadamente 30 minas. Desde 2000, o comércio das opalas começou a ser associado ao turismo local. O Sebrae e o Governo do Estado do Piauí desenvolveram ações no sentido de fortalecer toda a cadeia produtiva da opala, iniciando pela orientação para a criação da Cooperativa dos Garimpeiros de Pedro II (Coogp) e da Associação dos Joalheiros e Lapidários de Pedro II (Ajolp), com o objetivo de institucionalizar os setores-chave do arranjo. Pedro II tem hoje cerca de 29 garimpos, mas apenas 10 estão ativos e podem ser visitados pelos turistas.

Nas oficinas de lapidação, que também recebem turistas, as opalas chegam da mina em estado bruto e são lapidadas de modo artesanal e transformadas em diversos tipos de gemas. Essas gemas são aproveitadas para a produção de joias ou comercializadas em estado lapidado para outras regiões ou exportadas para a Europa e América. O processo é artesanal e um deleite para os turistas.

Outra possível atividade local é a visita às oficinas ou aos ateliês das joalherias. O início da atividade de joalheria em Pedro II foi em 1999, com a chegada do ourives Wadson Alves de Bastos, vindo da cidade de Pirenópolis-GO, a convite de Juscelino A. Souza, proprietário da empresa Opalas Pedro II. Através de cursos realizados pelo Sebrae e pelo Senai, em parceria com empresas de lapidação locais, foram treinados os primeiros ourives precursores da joalheria local.

Atualmente, o setor já emprega 150 profissionais e pretende capacitar outros 200 ourives até o final de 2010. Segundo o presidente da Ajolp, Juscelino A. Souza, em 2007 o setor produziu 200 quilos de joias, atingindo as metas estabelecidas e está se fortalecendo através do Projeto APL da Opala, que conta com as parcerias do Governo Federal, Estadual e Sebrae, para tornar a cidade de Pedro II em polo de lapidação e joalheria.

O trabalho é artesanal e produz principalmente joias em prata. Ouro é feito sob encomenda. As gemas utilizadas são principalmente os mosaicos de opala, opala branca, opala matriz ou rústica, e algumas empresas trabalham com outros tipos de pedras como ametista, citrino, esmeralda, entre outras.

PARQUE NACIONAL DE UBAJARA
Belezas naturais no roteiro cearense

Um dos destinos mais encantadores do Ceará, o Parque Nacional de Ubajara oferece ao turista um encontro com a natureza. Está situado a 847 metros acima do nível do mar e possui uma temperatura variando entre 18 e 25 graus. Nele são encontrados diversos atrativos naturais, como piscinas, cachoeiras e trilhas em cenários inesquecíveis. Em 2002, o lugar deixou de ser o menor parque do País, passando de 563 para 6.299 hectares. Passeios por trilhas e banhos nas cachoeiras proporcionam o contato direto dos visitantes com a natureza.

A Gruta de Ubajara é um dos principais atrativos da Serra da Ibiapaba. Na entrada do parque, os turistas escolhem se querem chegar à gruta através de um tranquilo passeio de bondinho, de onde se tem uma visão espetacular da região, ou por caminhadas nas trilhas. São diversos os níveis de dificuldade desses caminhos que levam à Gruta de Ubajara.

Guias capacitados levam os visitantes pelas trilhas, que são devidamente sinalizadas pelo Ibama. Placas informam as espécies de árvores existentes no parque.

Formada por calcário moldado pelas águas subterrâneas, a Gruta de Ubajara é a principal atração do parque. As belas salas e as formações rochosas impressionam. Estalactites e estalagmites estão por todas as partes, em um espetáculo formado pela água e pelo tempo. A gruta possui 1.120 metros quadrados, mas apenas 420 metros estão abertos para visitação. No total, nove salas podem ser desbravadas pelos visitantes. A iluminação torna a caminhada mais segura e ajuda na apreciação das formações naturais.

A cachoeira do Gavião é outro atrativo para os turistas que procuram belezas naturais na Serra da Ibiapaba. O acesso é permitido apenas com o acompanhamento de guias. Outra cachoeira que merece uma visita é a cachoeira do Cafundó, localizada no Riacho Bela Vista, afluente do Rio Ubajara. Antes da queda maior, forma uma piscina natural que constitui uma oportunidade para se refrescar do calor. Além disso, oferece uma bela vista do parque.

Diário do Nordeste: Galinhas criadas na capoeira

Barbalha - Galinhas rústicas ou simplesmente caipiras, ponto de equilíbrio entre o passado e o futuro, entre a rusticidade e produtividade, voltam a despertas o interesse de pequenos produtores, atentos às novas demandas de consumidores que não gostam mais do frango de granja, criado preso em gaiolas.

A velha galinha chamada vulgarmente de "pé-duro", ou carijó, criada no fundo do quintal, ou solta nas capoeiras de pequenas propriedades do sertão, tem sabor inigualável. As condições de bem-estar nas quais são criadas é um dos fatores determinantes para a qualidade do produto.

Ao contrário dos frangos de granja, a galinha caipira pode desenvolver suas aptidões naturais, como conviver em grupo,ter espaço para se movimentar, abrir as asas e pastar à vontade. Como fica solta no terreiro, as condições sanitárias devem ser observadas no que se refere à vacinação e vermifugação.

No Cariri, em municípios como Barbalha, a atividade é uma alternativa de complementação de renda para os pequenos produtores da região.

O exemplo vem da Associação dos Pequenos Produtores do Sítio Melo, em Barbalha, que participou de um curso sobre criação de galinhas caipiras, promovido pelo Serviço de Aprendizagem Rural (Senar) em parceria com a Prefeitura Municipal, que distribuiu 500 pintos com os pequenos produtores. Além da capacitação, as comunidades foram beneficiadas com infraestrutura para a criação das aves soltas.

A principio, os pintos foram criados em regime de semi-confinamento, com espaço suficiente para se locomover e levar sol. Com um mês, foram soltos no quintal da casa com direito a percorrer todo o terreno.

Tranquilidade

Porém, os criadores ainda acham o preço da ração elevado. O pequeno produtor Francisco Carlos de Oliveira, justificou que o chamado "caipirão" come demais. O jeito foi misturá-los com o frango pé duro.

Hoje, as aves vivem harmoniosamente, com tranquilidade e segurança, protegidos dos predadores externos e das intempéries da natureza como ventos fortes ou chuvas.

"Elas são criadas assim, soltas. Livres no quintal, pastando, comem tudo o que vêm pela frente. Só param quando o sol está quente. Se escondem na sombra e deitam para fugir do calor", diz Francisco Carlos, esclarecendo que o sistema de criação não é nenhuma novidade. "Era assim que minha avó criava as galinhas", lembra. "Aqui não há uso de anabolizantes e antibióticos. Como a alimentação tem itens naturais, as aves são mais resistentes", afirma.

De acordo com as orientações repassadas pelo Senar aos produtores para criação de galinhas soltas, é necessária a construção de um galinheiro, mesmo que seja rústico, para abrigá-las durante a noite ou nos dias chuvosos. Esse galinheiro deve ser fechado com tela de arame e serve, também, para prender as galinhas, todos os dias, pelo menos até as 10 ou 11 horas da manhã, para que a maior parte delas bote os ovos dentro dos ninhos organizados no local.

Segundo a orientação dada no curso do Senar, quando esses procedimentos não são adotados, as aves fazem seus próprios ninhos no mato, sendo muitas vezes, difíceis de encontrá-los. Quando são localizados, os ovos já estão velhos ou estragados, a galinha já está chocando ou já há pintinhos nascidos.

"No entanto, por falta de recursos, alguns criadores ainda ficam no sistema antigo. Daí a produção de ovos é reduzida, mas, em compensação, os gastos também são menores", diz Francisco Carlos, acrescentando que, mesmo assim, nenhuma ave morreu.

Segurança dos cachorros

No Cariri, havia experiências onde as aves ficavam junto com os bodes e estes espantavam as raposas, maiores inimigas das galinhas. "Agora são os cachorros que não deixam ninguém chegar perto", diz o criador.

"Outro inimigo dos pintos é o gavião. De vez em quando aparece um por aqui, comendo pinto", diz a presidente da Associação dos Pequenos Produtores do Sítio Melo, Francisca Lucirene Pereira. Enquanto falava para a reportagem, um gavião deu um vôo rasante do terreiro de sua casa, no Sítio Romualdo, na tentativa de pegar um pinto. Errou o bote, mas ficou na espreita numa árvore em frente à casa. "O cassaco e o teú também ameaçam as galinhas e os ovos", afirma ela.

Lucirene lembra que a galinha caipira tem mercado certo. Uma ave, com dois meses é vendida por R$ 15,00, enquanto o frango de granja é vendido a R$ 3,70 o quilo. Uma dúzia de ovos custa R$ 3,50, mais caro que os ovos de granja.

Os produtores confirmam que a galinha de capoeira está conquistando o gosto do consumidor por causa de suas propriedades nutricionais. O sabor da carne e o baixo teor de gordura mantêm as mesmas características das galinhas de capoeira do tempo da vovó.


Enquete
Vantagens

"As galinhas são criadas assim soltas. Livres no quintal, pastando à vontade. Só param quando o sol está quente."
Francisco Carlos da Silva
Pequeno produtor de Barbalha

"A galinha caipira tem mercado certo. Uma ave, com dois meses, é R$ 15,00. Já o frango de granja é R$ 3,70 o quilo."
Lucirene Pereira
Pres. da Assoc. dos Prod. do Sítio Melo


CARDÁPIO REGIONAL
Ave conquista a preferência dos consumidores no Cariri

O manejo no terreiro permite uma alimentação basicamente natural, com capim picado e pasto

Barbalha. Em termos de comercialização de produtos oriundos da atividade agrícola familiar, torna-se relevante que os agricultores estejam organizados em associações comunitárias. Tal fato não só permite a redução dos custos operacionais com mão-de-obra e transporte, como também, a manutenção de uma oferta regular, escalonada e competitiva dos produtos. Além disso, a adoção de todos os cuidados recomendados tanto na criação, como no abate das aves, permite que o produto final atenda às exigências do consumidor, facilitando a obtenção de marcas comerciais que possibilitem a sua venda em outros locais.

Assada, cozida, grelhada ou cozida, e combinada com uma grande variedade de ervas e especiarias, a galinha possibilita uma refeição saborosa e nutritiva. Apresenta-se como a principal fonte mundial de proteína animal e uma alternativa saudável à carne vermelha. No Cariri, são comuns os restaurantes especializados em galinha caipira. O famoso pirão de galinha do restaurante "Pau do Guarda" conquistou a região quando o assunto é comida regional.

Uma das receitas mais tradicionais do Nordeste brasileiro é a galinha à cabidela, ou galinha ao molho pardo. Para prepará-la é preciso inicialmente guisar a galinha - ou seja, cozinhar no caldo que a ave vai soltando durante o cozimento - para depois adicionar o sangue colhido durante o abate. O molho é feito também separado para ser misturado com o arroz.

Alimento natural

Ave capoeira é aquela proveniente de uma criação cuja alimentação deve ser suprida basicamente por alimentos naturais como pasto, capim picado, insetos, minhocas, etc. Este conceito permanece inalterado. Esse tipo de galinha é aquela que é quase sempre criada solta no fundo do quintal do sítio. São de várias cores, podendo apresentar penas pretas, brancas, vermelhas ou marrons. Algumas aves possuem o pescoço pelado.

Por incrível que pareça, a ave é parente dos répteis, ou seja, das cobras e lagartos. Ao observar a perna de uma galinha, é fácil perceber que ela possuí escamas como um lagarto.

A primeira galinha foi criada na Ásia e até hoje acredita-se que todas as raças que vivem no mundo são parentes das galinhas que viviam por lá. No Brasil, a galinha chegou em uma das caravelas de Pedro Álvares Cabral, o descobridor do Brasil. Até então, não existiam galinhas no País.

Antônio Vicelmo
Repórter

Eike constrói a primeira usina solar comercial do país

CIRILO JUNIOR
DO RIO

A MPX, do empresário Eike Batista, vai construir a primeira usina solar comercial do país, em Tauá (Ceará). Serão investidos R$ 10 milhões para a instalação de 1 MW (megawatt) de capacidade, que permitirá abastecer 1.500 residências a partir do ano que vem. A empresa já entrou com pedido na Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) para poder operar até 5 MW, o que deve acontecer em até dois anos.

Os planos da MPX preveem ter uma capacidade instalada de até 50 MW em outros projetos. Esse objetivo, porém, ainda esbarra nos custos da energia solar, devido aos equipamentos caros -que só podem ser comprados no exterior.

A usina pioneira não indica que o aproveitamento da luz solar para gerar energia esteja finalmente deslanchando no país. Faltam projetos e sobram reclamações no setor, que cobra do governo incentivos para desenvolver o mercado.

Produzir energia solar custa até seis vezes mais do que a geração hidrelétrica. O custo com energia solar varia entre R$ 500 e R$ 600 por megawatt-hora. Representa até quatro vezes mais do que o preço da energia eólica, outra fonte limpa e renovável. O megawatt-hora da energia oriunda dos ventos varia entre R$ 150 e R$ 200.

A MPX obteve incentivos do governo do Ceará que possibilitaram a construção da unidade. "Mas precisamos ter escala. No mundo, a tecnologia solar vem avançando muito, com incentivos e pesquisa", afirma Marcus Temke, diretor de operações e implantação da MPX.

CUSTO
Para o presidente da Abeama (Associação Brasileira de Energias Renováveis e Meio Ambiente), Ruberval Baldini, o custo da energia solar pode ficar no mesmo patamar da energia eólica, em franca expansão. Mas isso, ressalta, não vai acontecer de forma natural.

"O Brasil tem feito de tudo para que as energias renováveis caminhem sozinhas. O próprio governo diz que é necessário que a tarifa caia para os projetos saírem do papel. Isso só vai acontecer se o governo agir para que os preços caiam", observa.
Produtores chineses de equipamentos têm interesse em se instalar no país. A vinda deles, porém, está condicionada à demanda por material ligado à geração solar.

Temke lembra que há investidores estrangeiros com intenção de estabelecer parcerias, de olho na obtenção de créditos de carbono para mitigar a emissão de gases em outros países.

Apesar de ser o segundo lugar do planeta com maior incidência de raios solares, o Brasil está muito distante da Espanha e da Alemanha, cujas capacidades instaladas em energia solar superam os 2.000 MW. "Estamos 20 anos atrasados na energia solar", sentencia Baldini.

Mauricio Arouca, especialista da Coppe/UFRJ, diz ser um contrassenso o Brasil não aproveitar sua condição privilegiada. Lembra que os custos da indústria, em geral, vêm caindo 15% a cada ano. "Temos aqui apenas testes e casos em regiões bastante isoladas", afirma Arouca.