quinta-feira, 30 de julho de 2009

VINGT-UN ROSADO I

Agrônomo, nascido em Mossoró, Rio Grande do Norte, por volta das 21 horas de 25 de setembro de 1920, por volta das 21 horas, em Mossoró, Rio Grande do Norte, era filho de Isaura e Jerônimo Rosado, farmacêutico e político que, a partir da sexta criança, passou a batizar a numerosa prole enumerando-os, primeiro em português, depois em francês.
Vingt-un Rosado é, como o nome diz, o 21º filho, o mais novo. Com os mais jovens, o pai nem variava mais o primeiro nome. A partir do 15.º, todos os homens foram chamados de Jerônimo seguido do número correspondente, até Vingt-un. Cinco mulheres, antes de seu ordinal, receberam o nome da mãe, Isaura. Um dos homens, o nono, também foi chamado Isauro. A família teve ainda um Tércio, uma Maria, uma Vicência, Laurentinos – três ao todo, só um deles numerado – e uma Laurentina.
Integrante de família quase toda de políticos, irmão do ex-governador do RN Dix-sept Rosado, do ex-deputado federal Vingt Rosado e do ex-prefeito de Mossoró Dix-huit Rosado, Vingt-un enveredou para o campo da ciência e da cultura erudita, com destaque para a educação.
Sua formação educacional começou em 1928, quando iniciou o primário estudando com Egídia Saldanha e Delourdes Leite, para depois concluí-lo no Colégio Diocesano Santa Luzia, em 1931. Na mesma escola cursou o ginasial entre os anos de 1932 e 1936. Após essa fase iniciou o curso de pré-engenharia no Ginásio Osvaldo Cruz, em Recife, nos anos de 1937 a 1938. Formou-se em Agronomia pela Escola Superior de Agricultura de Lavras (atual Universidade Federal de Lavras), Minas Gerais, em 1944.
Vingt-un foi reservista do Tiro de Guerra 42, Mossoró, em 1936, e soldado padioleiro pela Cia Escola de Engenharia, de 1944 a 1945, em Lavras. Após a formatura, em 23 de janeiro de 1945, de volta à terra natal, iniciou o sonho de trazer o ensino superior para Mossoró num projeto que resultaria na instalação da Escola Superior de Agricultura de Mossoró (ESAM), em 1967, hoje Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA).
Na luta contra a seca, o maior flagelo do sertão nordestino, dirigiu seus esforços para a construção das adutoras que viriam a abastecer Mossoró e incentivou a descoberta do petróleo que ajudou no progresso da cidade.
No campo da educação e da cultura, Vingt-un foi professor e fundador de três faculdades, e - segundo o historiador Geraldo Maia - um dos idealizadores da extinta Universidade Regional do Rio Grande do Norte (URRN), hoje Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN). Pertenceu à Academia Cearense de Farmácia, dentre outras. Foi fundador, professor de Matemática I e II e, por duas vezes, diretor da ESAM, sendo um dos que mais apoiaram sua federalização.
Era professor Honoris Causa pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Colaborador de revistas na área de geologia, publicou artigos sobre a possibilidade de as terras potiguares possuírem petróleo, posteriormente encontrado. Vingt-un também foi sócio do Instituto Cultural do Oeste Potiguar (ICOP) e acadêmico na Academia Mossoroense de Letras (AMOL), da qual foi um dos fundadores.
Vingt-Un Rosado contava que se apaixonou por livros depois de ouvir uma palestra de Luis da Câmara Cascudo em Mossoró. “Ele envenenou todo mundo”, lembra. “Saímos todos apaixonados pela cultura”. Em 1940, aos 20 anos, escreveu sua primeiro obra, Mossoró, contando a história do município, numa edição paga pela mãe.
Em 1949, iniciou um outro marco de sua vida com uma progressiva prioridade: a Coleção Mossoroense. A Coleção tem um vasto acervo, com publicação de livros, teses, folhetos, cordéis, documentários, séries, etc., que falam dos mais variáveis temas, com destaque especial para os assuntos regionais. Dentre os mais de 4.000 títulos da Coleção, mais de mil são livros e mais de 700 dedicados à seca, o que faz dela a detentora da maior bibliografia do País sobre a grande praga do Nordeste. Um dos destaques é O Livro das Secas, que reúne estudos antigos e recentes sobre o tema.
O agrônomo que decidiu se dedicar às letras acabou se transformando no maior pesquisador de assuntos do semi-árido nordestino, do cangaço e também do mossoroísmo, como ele mesmo gostava de chamar os assuntos ligados à sua terra natal.
Em Lavras, no tempo de estudante de agronomia, conheceu a assistente social América Fernandes, com quem casou no ano de 1947, por procuração, após ter concluído o curso e retornado a Mossoró. O casal teve cinco filhos: Maria Lúcia, Dix-sept Rosado Sobrinho, Lúcia Helena, Leila Rosado e Vingt-un Júnior, que morreu em 1950, uma semana após o nascimento.
No ano de 1968, arriscou na política, candidatando-se a prefeito de Mossoró, porém foi derrotado. Mas, no ano de 1973, foi eleito vereador. Faleceu em 21 de dezembro de 2005, em Natal, capital do Rio Grande do Norte. Levado para Mossoró, foi velado no prédio central da UFERSA, antiga Escola Superior de Agricultura de Mossoró - ESAM, fundada por ele. Fontes:http://www.gazetadooeste.com.br/esp_vingt_un2.htmhttp://www.colecaomossoroense.hpg.ig.com.br/vingt_un.htm www.defato.com/especiais/ving.htm Foto: www. omitonacaverna.blogspot.com/

CRÔNICA DE ARIANO SUASSUNA

C R Ô N I C A D E A R I A N O S U A S S U N A - E X C E L E N T E A L E R T A A T O D O S, I N C L U S I V E G E S T O R E S P Ú B L I C O S
- TEM RAPARIGA AÍ? 'Tem rapariga aí? Se tem, levante a mão!'. A maioria, as moças, levanta a mão. Diante de uma platéia de milhares de pessoas, quase todas muito jovens, pelo menos um terço de adolescentes, o vocalista da banda que se diz de forró utiliza uma de suas palavras prediletas (dele só não, e todas bandas do gênero). As outras são 'gaia', 'cabaré', e bebida em geral, com ênfase na cachaça. Esta cena aconteceu no ano passado, numa das cidades de destaque do agreste (mas se repete em qualquer uma onde estas bandas se apresentam). Nos anos 70, e provavelmente ainda nos anos 80, o vocalista teria dificuldades em deixar a cidade.Pra uma matéria que escrevi no São João passado baixei algumas músicas bem representativas destas bandas. Não vou nem citar letras, porque este jornal é visto por leitores virtuais de família. Mas me arrisco a dizer alguns títulos, vamos lá: Calcinha no chão (Caviar com Rapadura), Zé Priquito (Duquinha), Fiel à putaria (Felipão Forró Moral), Chefe do puteiro (Aviões do forró), Mulher roleira (Saia Rodada), Mulher roleira a resposta (Forró Real), Chico Rola (Bonde do Forró), Banho de língua (Solteirões do Forró), Vou dá-lhe de cano de ferro (Forró Chacal), Dinheiro na mão, calcinha no chão (Saia Rodada), Sou viciado em putaria (Ferro na Boneca), Abre as pernas e dê uma sentadinha (Gaviões do forró), Tapa na cara, puxão no cabelo (Swing do forró). Esta é uma pequeníssima lista do repertório das bandas.Porém o culpado desta 'desculhambação' não é culpa exatamente das bandas, ou dos empresários que as financiam, já que na grande parte delas, cantores, músicos e bailarinos são meros empregados do cara que investe no grupo. O buraco é mais embaixo. E aí faço um paralelo com o turbo folk, um subgêneromusical que surgiu na antiga Iugoslávia, quando o país estava esfacelando-se. Dilacerado por guerras étnicas, em pleno governo do tresloucado Slobodan Milosevic surgiu o turbo folk, mistura de pop, com música regional sérvia e oriental. As estrelas da turbo folk vestiam-se como se vestem as vocalistas das bandas de 'forró', parafraseando Luiz Gonzaga, as blusas terminavam muito cedo, as saias e shortes começavam muito tarde.

Numa entrevista ao jornal inglês The Guardian, o diretor do Centro de Estudos alternativos de Belgrado. Milan Nikolic, afirmou, em 2003, que o regime Milosevic incentivou uma música que destruiu o bom-gosto e relevou o primitivismo estético. Pior, o glamour, a facilidade estética, pegou em cheio uma juventude que perdeu a crença nos políticos, nos valores morais de uma sociedade dominada pela máfia, que, por sua vez, dominava o governo.Aqui o que se autodenomina 'forró estilizado' continua de vento em popa. Tomou o lugar do forró autêntico nos principais arraiais juninos do Nordeste. Sem falso moralismo, nem elitismo, um fenômeno lamentável, e merecedor de maior atenção. Quando um vocalista de uma banda de música popular, em plena praça pública, de uma grande cidade, com presença de autoridades competentes (e suas respectivas patroas) pergunta se tem 'rapariga na platéia', alguma coisa está fora de ordem. Quando canta uma canção (canção?!!!) que tem como tema uma transa de uma moça com dois rapazes (ao mesmo tempo), e o refrão é 'É vou dá-lhe de cano de ferro/e toma cano de ferro!', alguma coisa está muito doente. Sem esquecer que uma juventude cuja cabeça é feita por tal tipo de música é a que vai tomar as rédeas do poder daqui a alguns poucos anos.Ariano Suassuna