quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Recife sedia Conferência Internacional de Caprinos

Por Aline Guedes


Pesquisadores de renome internacional, da área de caprinos, se reunirão no Mar Hotel Recife, Pernambuco, Brasil, no período de 19 a 23 de setembro de 2010, com o objetivo de discutir problemas e soluções para o aprimoramento da caprinocultura em nível mundial. Trata-se da 10ª Conferência Internacional de Caprinos (IGA 2010), cujo tema central é “Desenvolvimento tecnológico e medidas associativas para o desenvolvimento da produção de pequenos ruminantes”.

Dentre os palestrantes internacionais confirmados, está o pesquisador da Universidade da Geórgia (EUA), Dr. Corrie Brown, que vai falar sobre doenças de caprinos e seus impactos econômicos; o pesquisador da Macaulay Land Use Research Institute, do Reino Unido, Dr. Robert Orskov, responsável pelo aprimoramento da metodologia de avaliação de alimentos usada até hoje, versará sobre os novos desafios na alimentação de pequenos ruminantes para países em desenvolvimento; a pesquisadora da Universidade de Recursos Naturais e Ciências Aplicadas, BOKU (Áustria), Dra. Maria Wurzinger, ministrará palestra sobre estratégias de melhoramento baseadas no conhecimento dos pequenos produtores; e o presidente da IGA, Dr. Jean Paul Dubeuf, falará sobre o tema Diversidade e desafios da caprinocultura para pequenos produtores ao redor do mundo.


Além desses nomes, o evento contará com a presença de representantes do Instituto Internacional de Pesquisas Florestais, Agrícolas e Pecuárias (INIFAP), do México, e da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO). A professora Maria Norma Ribeiro, membro da diretoria da IGA e do Comitê Executivo do evento, ressalta que a preocupação dos organizadores é buscar meios para impulsionar a caprinocultura, devido à sua importância econômica e social em regiões semiáridas do mundo inteiro.


“Muitos países possuem áreas onde as condições climáticas dificultam a exploração agrícola e os caprinos representam uma atividade muito relevante, devido à sua aptidão para produzir leite e carne a baixo custo, além de servir como fonte de renda, por meio da produção de peles” – assegura.

O evento da IGA 2010 é fruto de uma parceria firmada entre Instituto Nacional do Semiárido (INSA/MCT), Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa/CNPC), Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e Empresa Paraibana de Pesquisa Agropecuária (EMEPA). Serão oferecidos cursos, palestras, visitas técnicas, desfile de moda e festival gastronômico.

A programação é destinada a especialistas do setor caprino, agricultores, técnicos e estudantes de graduação e pós-graduação. Os melhores trabalhos científicos apresentados no evento serão publicados na Revista da IGA, a Small Ruminant Research, que tem ampla circulação internacional. Os interessados devem fazer sua inscrição online, por meio do endereço eletrônico: http://www.iga2010.com.br/pt/

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Cadeia produtiva da carnaúba é tema de discussão entre o RN e o CE

Jornal de Fato/Mossoró-RN


Assú - O Grupo Gestor da Cadeia Produtiva da Carnaúba reúne hoje produtores e administradores municipais para discutir a cadeia produtiva e divulgação de políticas públicas direcionadas à cadeia Produtiva da Carnaúba no território do Jaguaribe/Açu. O primeiro dia de encontros sobre o tema começa hoje em Assú, no auditório do Campus Avançado Prefeito Walter de Sá Leitão e termina à tarde no município de Apodi, no Oeste.

A agenda prosseguirá amanhã com a realização de dois outros encontros semelhantes: às 9h, no Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Russas (CE) e, às 14h30, na sede do Sistema Nacional de Emprego (SINE), na cidade de Aracati (CE). O conteúdo das reuniões é o mesmo em cada município.

O itinerário da reunião começará com uma explanação sobre o Plano Nacional de Promoção dos Produtos da Sociobiodiversidade; exposição sobre a Política de Garantia de Preço Mínimo, a cargo da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab); exposição sobre o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF) e Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP); exposição sobre o Programa de Microcrédito do Banco do Nordeste (BNB) e discussões sobre os temas apresentados.
O Grupo Gestor da Cadeia Produtiva da Carnaúba foi criado em consonância com o Plano Nacional para Promoção das Cadeias de Produtos da Sociobiodiversidade (PNPSB), como uma estratégia para conciliar o desenvolvimento econômico da cadeia produtiva da carnaúba com a conservação do meio ambiente e a inclusão social e produtiva dos povos e comunidades tradicionais e agricultores familiares. O objetivo geral é desenvolver ações integradas para a promoção e fortalecimento da cadeia de produtos da carnaúba, com agregação de valor e consolidação de mercados sustentáveis.

O evento tem apoio do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Governos do RN e CE e do projeto social Carnaúba Viva.

Carnaúba Viva ganha prêmio internacional

Um dos integrantes do Grupo Gestor da Cadeia Produtiva da Carnaúba, o projeto Carnaúba Viva, aproveitará o evento para anunciar a conquista de mais um prêmio de reconhecimento, dessa vez internacional. Com o programa Árvore da Vida, o grupo foi um dos vencedores do Prêmio Equatorial 2010, que premiou 25 projetos em todo o mundo. No Brasil, apenas dois conquistaram o prêmio. Ao todo, foram 7 na América Latina e Caribe, 8 na Ásia e Pacífico e 10 na África.

O Prêmio Equatorial é outorgado para reconhecer e celebrar as iniciativas comunitárias brilhantes que visam reduzir a pobreza através da conservação da biodiversidade.

O projeto Árvore da Vida é composto de cinco projetos que têm como objetivo transformar a Cadeia Extrativista da Carnaúba em Cadeia de Valores, levando em consideração não apenas o crescimento econômico, mas também valores como a sustentabilidade e a solidariedade, fortalecendo o social, o ambiental e o cultural.
O gestor da iniciativa, Dario Gaspar Nepomuceno, irá receber o prêmio em Nova Iorque, na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), das mãos do secretário geral, Ban Ki-moon.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Edital oferece R$ 12,5 milhões para pesquisas no Semiárido Brasileiro

Isso mesmo: R$12,5 milhões é o valor global do Edital lançado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Instituto Nacional do Semiárido (INSA), com vistas à seleção de propostas de desenvolvimento de tecnologias e inovações para a conservação, recuperação e utilização dos recursos naturais do Semiárido Brasileiro.

Com recursos oriundos do CT-Hidro e da Ação Transversal, o Edital está dividido em quatro linhas temáticas: Recuperação de áreas degradadas do Semiárido Brasileiro; Exploração econômica das potencialidades do Semiárido Brasileiro; Difusão de tecnologias para convivência com a seca; Capacitação de educadores e agentes de extensão.

Para concorrer, o proponente deve possuir título de Doutor, vínculo celetista ou estatutário com a instituição de execução do projeto e ter seu currículo cadastrado na Plataforma Lattes.

Pesquisador aposentado também poderá apresentar proposta, desde que comprove manter atividades acadêmico-científicas e apresente declaração da instituição de pesquisa ou de pesquisa e ensino, concordando com a execução do projeto. As propostas a serem apoiadas deverão ter prazo máximo de execução estabelecido em 24 meses.

As propostas, acompanhadas de arquivo contendo o projeto, devem ser encaminhadas ao CNPq, exclusivamente via Internet, por meio do Formulário de Propostas Online, disponível na Plataforma Carlos Chagas, até o próximo dia 30 de Setembro.

Confira a íntegra do Edital no link:
http://www.cnpq.br/editais/ct/2010/035.htm

Por Aline Guedes/INSA

Estudantes conhecem experiências bem sucedidas na fruticultura




Por Passos Jr

Numa aula de campo realizada no último sábado, os estudantes do curso de Agronomia da Universidade Federal Rural do Semi-Árido, tiveram a oportunidade de conhecer experiências bem sucedidas na fruticultura irrigada na região do semiárido, nos municípios de Baraúnas, no Rio Grande do Norte, e no Distrito de Tomé, entre os municípios de Quixeré e Limoeiro do Norte, no Ceará.

Durante a aula de campo, o professor da disciplina Introdução a Agronomia, Josivan Barbosa, explicou para os futuros agrônomos o potencial da Chapada do Apodi para a fruticultura irrigada, em virtude de se encontrar entre os Vales Jaguaribe, Apodi-Mossoró e Piranhas-Açú. Segundo o professor, o Rio Jaguaribe que já foi considerado o maior rio seco do mundo, teve essa realidade modificada com a construção da Barragem do Castanhão, beneficiando desta forma a agricultura irrigada.


“Uma das pioneiras a se instalar nessa área, a Del Monte, chegou a ser a terceira maior produtora de melão no país, chegando a marca dos 1.200 hectares com a plantação da fruta”, afirmou. A empresa desativou a sua produção no ano passado, após quase dez anos de intensa produção na Del Monte Melão.

A experiência da Del Monte na região da Chapada do Apodi despertou o interesse de outros produtores. Um exemplo de sucesso é o engenheiro agrônomo Wilson Galdino, proprietário da W. G. Fruticultura, que vem se destacando com a produção de mamão, melão, banana e goiaba. Descendente de família de produtores rurais do município de Tenente Ananias, no Rio Grande do Norte, Wilson Galdino é formado pela antiga ESAM, hoje Universidade Federal Rural do Semi-Árido, onde atua também com servidor de carreira.


A experiência de Wilson Galdino com a fruticultura começou no início da década de 80, ao assumir na ESAM, uma unidade demonstrativa voltada para mostrar a viabilidade da fruticultura para produtores da região. “Com o apoio do CNPq a pesquisa tinha como proposta a variedade de culturas na fruticultura irrigada”, lembrou.

“É fundamental que o produtor pense em quem vai consumir”, disse Wilson Galdino aos estudantes. Outro conselho do produtor é que se agregue valor ao produtor para que se alcance um melhor preço no mercado. A logística, a fidelidade na entrega e o atendimento aos clientes são pontos considerados importantes para o sucesso de quem atua no ramos da fruticultura.


Além do mamão, banana e o melão, a W. G. Fruticultura vem se destacando com a produção de goiaba que segundo o próprio produtor tem sido uma “cultura bastante interessante para a região”. Voltado para o mercado interno, a produção de goiaba atinge 36 hectares, chegando a 1.400 kg da fruta por semana. A área de goiaba é a primeira da W. G. Fruticultura.

MAMÃO – Sendo o maior produtor de mamão na área de atuação da UFERSA, a W. G. Fruticultura dispõe de 11 áreas com fruticultura irrigada, ocupando o mamão 500 hectares. A Frunorte, na sua fase áurea, chegou a cultivar 400 hectares. O mamão produzido no município de Baraúnas, no Rio Grande do Norte, é do tipo formosa, que é mais resistente ao clima.


Atualmente, Wilson Galdino, desenvolve pesquisa para produção do mamão papaia que tem melhor preço, três vezes mais que o mamão formosa, e também melhor aceitação no mercado externo. A cultura do mamão papaia chegou ao Rio Grande do Norte por empresas capixabas que se instalaram nos municípios de Ceará-Mirim, Macaíba, Touros e Santa Luzia chegando a produzir 1.500 hectares.

Segundo o engenheiro agrônomo, Alexandre Hanazaki, com mais 20 anos de experiência com a cultura do mamão, a queda do dólar e a especulação imobiliária foram fatores determinantes para queda da produção do mamão papaia no litoral. “A queda do dólar quebrou os produtores”, justificou o engenheiro Hanazaki, adiantando ainda que enquanto o preço do hectares para produção agrícola é em torno de R$ 3 mil, a especulação imobiliária paga R$ 30 mil.


O agrônomo da W. G Fruticultura disse ainda que a fertilidade do solo e a água em baixa profundidade têm contribuído para o desenvolvimento da fruticultura irrigada no município de Baraúnas. “Não tenho dúvida em afirmar que esse solo é um dos melhores do país”. Alexandre Hanazaki disse ainda aos estudantes que apesar da região de Baraúnas ser pequena, o município tem grande potencial para a fruticultura, inclusive, com muita coisa ainda a ser descoberta.

A pesquisa, segundo o agrônomo, é outro potencial da região. “As plantas podem ser aclimatadas por meio de manejos e experimentos genéticos como o que ocorre com a soja, o café, a laranja, entre outras culturas”, afirmou. Hoje, um dos desafios da W. G Fruticultura é colocar no mercado a variedade do mamão papaia havaí Baraúna.

Animais usados na produção de leguminosas no Cariri

30/08/2010 – Diário do Nordeste

Crato. Os animais abandonados e recolhidos ao Centro de Zoonoses do Crato são utilizados como laboratórios para a produção de mudas de algaroba, uma leguminosa de alto valor nutritivo e bem adaptada ao solo seco do semiárido nordestino. Os animais, jumentos, burros e cavalos, são alimentados com esta ração. No aparelho digestivo do animal, a semente da planta passa por um processo chamado de "quebra de dormência" que, segundo o agrônomo William Brito, facilita a germinação.

Wiliam explica que na passagem pelo aparelho digestivo do animal, a semente sofre alteração de temperatura que contribui para aumentar o seu poder germinativo. "É necessário quebrar a dormência das sementes antes da semeadura, para que se obtenha uma germinação mais regular e uniforme. O animal executa este processo automaticamente pelo metabolismo", complementa.

A semente é expelida pelo animal, junto com o esterco. Após 15 dias, o esterco com as sementes são levadas do Centro de Zoonoses para o Campo de Produção de Mudas da Prefeitura que funciona ao lado do escritório do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

Ali, são plantadas as mudas e distribuídas com a população para reflorestamento. O acompanhamento é feito pelo técnico agrícola Renato Bacurau, administrador da produção de mudas. Brito explica que a quebra de dormência pode ser feita pela escarificação química mecânica e choque de temperatura.

Métodos

O método químico é feito geralmente com ácidos sulfúrico e clorídrico. O choque de temperatura consiste na alternância de temperaturas, variando em aproximadamente 20ºC, em períodos de 8 a 12 horas. A água quente é utilizada em sementes que apresentam impermeabilidade do tegumento e consiste em imersão das sementes em água na temperatura de 76 a 100ºC, com um tempo de tratamento específico para cada espécie. No caso da utilização do animal, a vantagem é que a ração o alimenta e que, por sua vez, quebra a dormência da semente. O esterco é transformado em adubo para as mudas.

Alternativa

A algaroba desponta como excelente alternativa econômica, social, ambiental, política e cultural para a região, com forte potencial para exploração da cadeia produtiva que engloba três vertentes: florestal (energia limpa, carvão vegetal), ração animal (farelo) e alimentação humana (farinha e goma). As cerâmicas do Cariri, pro exemplo, estão importando algaroba de Pernambuco para a queima de tijolos e telhas.

O agrônomo William Brito orienta que a algaroba não deve ser utilizada por muito tempo. O uso prolongado desse tipo de alimento provoca uma doença neurológica no gado. O animal perde a coordenação motora, a flexibilidade da língua que fica do lado de fora da boca e termina morrendo.

Advertência

Ao fazer a advertência, o agrônomo diz que já perdeu várias rezes que eram alimentadas com ração da algaroba. Ele recomenda que a ração seja usada por um curo período e, se possível, intercalada com outro tipo de nutriente. Wiliam afirma que os efeitos negativos, como por exemplo sua capacidade de funcionar como planta invasora, deve ser encarada como elemento secundário, tendo em vista que o mesmo pode ser controlado e orientado pela assistência técnica dos governos municipais e dos Estados. Porém, a algaroba tem status de "praga" do sertão. A planta é tão bem adaptada a região semiárida.

Fique por dentro
Processos

A dormência de sementes é um processo caracterizado pelo atraso da germinação, quando as sementes mesmo em condições favoráveis (umidade, temperatura, luz e oxigênio) não germinam. Cerca de dois terços das espécies arbóreas, possuem algum tipo de dormência, cujo fenômeno é comum tanto em espécies de clima temperado (regiões frias), quanto em plantas de clima tropical e subtropical (regiões quentes). O fenômeno de dormência em sementes advém de uma adaptação da espécie os condições ambientais que ela se reproduz, podendo ser de muita ou pouca umidade, incidência direta de luz, baixa temperatura etc. É portanto um recurso utilizado pelos plantas para germinarem no estação mais propícia ao seu desenvolvimento, buscando a perpetuação da espécie.

MAIS INFORMAÇÕES
Centro de Zoonoses
Avenida Thomaz Osterne, S/N
Crato-CE
(88) 3521.2698

Antônio Vicelmo
Repórter

Prêmio internacional ao sertão

30/8/2010 – Diário do Nordeste


Crateús. "Instituição Ecoeficiente do Semiárido Brasileiro". Este foi o título conquistado pelo Pacto Ambiental da Região dos Inhamuns e Sertões de Crateús (Parisc) durante a realização da Segunda Conferência Internacional: Clima, Sustentabilidade e Desenvolvimento em Regiões Semiáridas (Icid+18), realizada recentemente em Fortaleza. O reconhecimento é uma das premiações mais importantes internacionalmente na área e vem coroar o trabalho iniciado há quatro anos na região, com o carro-chefe do Pacto, o Programa Aduba Sertão.

Criado em Independência, numa iniciativa da Prefeitura Municipal em parceria com a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Ceará (Ematerce), o Programa hoje é replicado em vários outros municípios da região, como Quiterianópolis, Tauá, Crateús, Novo Oriente e Parambu.

Para o presidente do Pacto, Valdi Coutinho, prefeito de Independência, o Programa "é o milagre da transformação no semiárido". Ao se conhecer um pouco do Programa, percebe-se a sua importância na produção, na conservação dos solos e preservação ambiental. O programa é o principal objeto de trabalho sustentável e ecologicamente correto nos Inhamuns e Sertões de Crateús.

O objetivo central é "conseguir produzir em harmonia com a natureza", como declara o prefeito em suas palestras pelos municípios da região, desde que viu os resultados positivos do Programa em seu município. Com a implantação do Pacto Ambiental da Região dos Inhamuns e Sertões de Crateús (Parisc), o Programa foi disseminado na região.

"O município de Independência conseguiu uma produção recorde sem desmatamentos ou queimadas", declara o secretário executivo do Pacto, Jorge Moura. Seguindo orientações emanadas do Programa Aduba Sertão, vários municípios replicaram os procedimentos contabilizando o aumento da produtividade, do poder aquisitivo dos agricultores, evitando práticas destrutivas como desmatamentos e queimadas e abolindo o uso de agrotóxicos, herbicidas e venenos, numa postura em benefício da coletividade e da sustentabilidade do planeta.

Experiência

A experiência é apontada como a solução em curto prazo para a recuperação de áreas degradadas do semiárido, transformando-as em terras produtivas. "Trabalhando a excelência no campo e mudando radicalmente a concepção do pensar e agir dos agricultores, conseguindo incorporar uma mudança cultural em benefício do meio ambiente e com forte impacto social no setor econômico do município é que o Programa teve visibilidade não só na região, mas em todo o Estado e agora recebe o reconhecimento na Conferência. Este é o coroamento de todos estes esforços", diz Jorge Moura.

O secretário ressalta ainda que o Pacto possui outras vertentes de trabalho, além da execução do Programa Aduba Sertão, voltadas para a sustentabilidade ambiental, unindo poder público, sociedade civil e iniciativa privada em um trabalho harmônico pelo fortalecimento ambiental, econômico, social e cultural. A interligação entre as Secretarias Municipais de Meio Ambiente e os Conselhos de Desenvolvimento do Meio Ambiente (Condema) têm sido outra vertente forte do Pacto e que é também a responsável pelos êxitos do próprio Programa e de outras ações que o Pacto vem discutindo e envidando esforços na consolidação nas regiões. Moura ressalta também que para o êxito do Pacto foi importante a adesão imediata e envolvimento dos gestores dos municípios de Tauá e Independência.

Potencial

O potencial ecoturístico das regiões também é outra ação desenvolvida. Segundo Jorge Moura, "muitos municípios não tinham a real noção da importância deste setor e agora já estão vislumbrando estes potenciais: os sítios arqueológicos existentes em Independência é um destes exemplos e que já está sendo trabalhado com apoio do Projeto Mata Branca", diz.

De acordo com o secretário, o êxito do Programa trouxe também, para o Pacto e para a região, credibilidade junto aos órgãos e instituições: "a Associação dos Prefeitos do Estado do ceará (Aprece) em recente contato conosco nos informou que pretende implantar o Programa em todas as regiões do Estado". Isso demonstra que o sucesso do programa serve de exemplo que outras cidades possam também desenvolver ações em prol do meio ambiente.

As reuniões do Pacto Ambiental ocorrem trimestralmente, no Município escolhido pela assembleia presente no encontro. A próxima reunião acontecerá no mês de setembro em Monsenhor Tabosa. Na pauta, discussão sobre o destino dos resíduos sólidos, grande preocupação e problema ambiental dos municípios da região. A ideia é que, mais uma vez, com a união dos municípios seja encontrada solução conjunta para a instalação de aterros sanitários, com o fim de acabar em definitivo com os atuais lixões.

Desta vez, Crateús está na linha de frente das discussões: "Aterros Sanitários Consorciados é a nossa proposta e paralelo a isso os municípios vão trabalhando a coleta seletiva", declara Wanderley Marques, técnico da Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente de Crateús e um dos representantes do Município no Pacto.

RESULTADOS
Programa melhora áreas degradadas

Crateús. Nesta cidade, o Programa Aduba Sertão tem outro nome: é o Projeto de Recuperação de Áreas Degradadas. A diferença está somente na nomenclatura, pois a filosofia e os métodos são os mesmos, replicados do Programa que iniciou no Município de Independência e chegou a Crateús por meio do Pacto Ambiental da Região dos Inhamuns e Sertões de Crateús, o Aduba Sertão.

Os êxitos também são similares, apesar da área plantada ser menor, por enquanto. Aqui, o projeto foi implantado no início deste ano, por intermédio da Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente, em parceria com a Ematerce. E o mesmo grupo será trabalhado ano que vem. De acordo com a Secretaria, foram trabalhados 45 hectares nas localidades de Estação, Monte Nebo, Barra do Simião, Valente, Apuí, Assentamento São Gonçalo, Várzea Grande e Jardim, beneficiando, no total, 31 agricultores.

Investimento

Eles receberam R$ 800,00 de incentivo por meio do Projeto e sob sua responsabilidade ficou o preparo da terra (roço, limpeza, arado), além do compromisso em plantar 100 mudas de espécie nativa ou frutífera. A maioria deles escolheu muda de cajueiro. Em algumas áreas não chegou a haver plantio devido ao escasso volume de chuvas.

O destaque ficou para a localidade de Estação, onde houve o maior aproveitamento.

Orlando Soares, agricultor da localidade, se tornou um grande defensor do Projeto, pois produziu, em seus 2,5 hectares, 45 sacas de feijão, que está consumindo com a família e vendeu uma parte. Além do feijão, já está comercializando o caju na cidade. "Se todos tivessem a oportunidade de trabalhar assim era muito bom, pois a gente produz, apura dinheiro e preserva a terra", diz. "No final, o aproveitamento foi de 38 hectares e a grande maioria produziu, tirou uma boa quantidade de feijão e agora já começou a colher o caju", comemora um dos técnicos da Secretaria que acompanhou o trabalho, Wanderley Marques.

Dentro da mesma concepção de conservar e recuperar o solo degradado no sertão, plantando sem desmatar ou fazer uso de queimadas, está prestes a iniciar no Município os projetos agroflorestas e quintais produtivos, estes executados em áreas menores, beneficiando agricultores da bacia do riacho São Francisco.

MAIS INFORMAÇÕES
Pacto Ambiental dos Inhamuns e Sertões de Crateús:
(88) 8816.2943

Prefeitura de Independência
(88) 3675.1244

Silvania Claudino
Especial para o Regional