terça-feira, 22 de março de 2011

Assentados reivindicam melhorias para produzir

Por Passos Jr

Moradores do Assentamento Terra da Esperança, no município de Dix-Sept Rosado, estão reivindicando melhores condições para produção. Neste domingo, 20, atendendo convite dos assentados, o reitor da Universidade Federal Rural do Semi-Árido, professor Josivan Barbosa, esteve na comunidade para conhecer a realidade do Assentamento Terra da Esperança.

Na comunidade, que ocupa uma área de mais de 6 mil hectares, estão assentadas 113 famílias que sobrevivem da criação de caprinos e ovinos e da cultura de sequeiro. “Precisamos avançar nos sistemas produtivos e para isso necessitamos de apoio técnico”, colocou o representante dos moradores José Carlos, que também integra a Comissão da Pastoral da Terra.

 José Carlos acredita que o Assentamento Terra da Esperança dispõe de potencial para se torna produtivo. A comunidade conta com mais de mil pés de cajarana, potencial para o beneficiamento do fruto, gerando oportunidade de renda para os assentados. Outra preocupação do representante dos moradores diz respeito ao manejo da madeira. “Queremos o apoio da universidade para que possamos produzir de forma sustentável sem trazer prejuízos para o meio ambiente”, explanou. 

Outro representante dos assentados, Gilberto Martins, acredita que o Assentamento Terra Esperança pode se tornar área de campo de pesquisa para os cursos da UFERSA. “Os cursos ligados à área do meio ambiente, como o de Ecologia, poderá realizar o monitoramento da área de modo a preservar a fauna e a flora ainda nativa do assentamento”, explanou.

Outra ideia apresentada ao reitor é o desenvolvimento na localidade de banco de sementes da aroeira e de outras plantas nativas da região. Os assentados reivindicam ainda do poder público o beneficiamento do leite de cabra produzido na localidade e projetos na área da apicultura.

Para o técnico aposentado da Emater, Flávio Martins, a maior preocupação é repassar para os assentados o manejo sustentável da caatinga. “A presença dos professores e estudantes da universidade irá contribuir para a sustentabilidade do assentamento Terra da Esperança”, acredita.

Ao ouvir os representantes do assentamento, o professor Josivan Barbosa, aproveitou para falar sobre a importância do potencial da UFERSA para os jovens da região. “A expansão para os campi de Angicos, Caraúbas e Pau dos Ferros tem dado maior oportunidade para os jovens”, adiantou, acrescentando que voltará ao assentamento para uma palestra exclusiva com os jovens. O reitor disse ainda que irá levar para os pesquisadores da UFERSA a proposta de transformar o Assentamento Terra da Esperança numa área de pesquisa da Universidade do Semi-Árido. 


Água e vapor para recuperar a produção

MAGNOS ALVES
Da Redação

Todo mundo sabe que óleo e água não se misturam. E é justamente por isso que a água é um dos trunfos da Petrobras para recuperar a produção de petróleo no Rio Grande do Norte.

A estatal brasileira está injetando água em diversos poços com queda elevada de produção nos últimos anos, especialmente no campo de Canto do Amaro. O sistema funciona da seguinte maneira: a Petrobras joga água nos poços, e essa água joga o óleo para mais próximo da superfície, possibilitando que ele seja extraído. É como se pegássemos um copo com óleo comum e colocássemos água dentro dele. Logo, o óleo subiria e a água iria para o fundo do copo.

Esse sistema é importante porque após anos de extração os chamados campos maduros estão com o óleo "muito distante", resultado na queda gradativa de produção na bacia potiguar.

Somente o projeto já iniciado em Canto do Amaro vai consumir investimento em torno de 500 milhões de dólares. Mas a água não é o único trunfo da Petrobras para voltar aos patamares de produção de décadas passadas.

Na região do Vale do Açu, especialmente no município de Alto do Rodrigues, o trunfo da Petrobras é o vapor. A empresa já construiu um vaporduto, que leva o vapor da Termoaçu até os poços, funcionando da mesma forma da água, ou seja, "empurrando" o óleo para fora da superfície.

O projeto do vaporduto consome mais 300 milhões de dólares. Apesar dos esforços da Petrobras para revitalizar os poços, os resultados demorarão um pouco para aparecerem.

Somente por volta de 2020, se tudo caminhar bem, é que a produção de petróleo no Rio Grande do Norte poderá alcançar uma média diária de 100 mil barris, como já ocorrera nos anos 90. Por enquanto, o objetivo é aumentar a produção em 20 mil barris/dia até 2014, saltando da média diária de 62 mil barris em 2010 para 82 mil barris em 2014.

O gerente geral de Exploração e Produção da Petrobras RNCE, Joelson Falcão Mendes, ressalta que o intuito é recuperar e estabilizar a produção nos próximos anos, através dos investimentos que estão sendo feitos nesses projetos. Joelson destaca que os campos maduros da bacia potiguar ainda estão com 60% do petróleo. "Com as técnicas usadas até hoje, só foi possível  extrair 40% do petróleo dos poços", explica o gerente, acrescentando que com o advento da injeção de água e vapor o índice de extração será bem maior.

GÁS
A Petrobras vislumbra um futuro promissor para o petróleo no Rio Grande do Norte, mas o mesmo não se pode afirmar com relação ao gás. Joelson reconhece que a produção de gás somente será recuperada com a descoberta de novas jazidas. "Caso contrário, a produção continuará  sendo reduzida", adverte.

Queda na produção coincide com crise em terceirizadas  A queda na produção de petróleo no Rio Grande do Norte, intensificada nos últimos anos, coincidiu, ou não, com várias crises nas empresas terceirizadas pela Petrobras.

Essa estaria ligada diretamente à queda de produção da seguinte maneira: com a redução na produção a Petrobras viu o custo/benefício  de sua atuação no Estado subir e para aumentar a lucratividade ela teve que fazer cortes, que foram feitos nos contratos com as empresas prestadoras de diversos serviços. Resumindo: as empresas terceirizadas estão fechando contratos com valores cada vez mais baixos com a Petrobras, que muitas vezes não dá para cumprir todas as obrigações.

O resultado desse aperto é que várias empresas estão atrasando salários, pagamento do plano de saúde e, até, deixando de pagar os direitos trabalhistas dos funcionários ao final do contrato.

Um exemplo foi a empresa sergipana Norserg, que foi embora e deixou dezenas de trabalhadores " a ver navios", sem receber a rescisão do contrato, Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e outros direitos.

O diretor do Sindicato dos Petroleiros do Rio Grande do Norte (SINDIPETRO/RN), Pedro Idalino, observa que as empresas iniciam o contrato cumprindo com todas as obrigações, "mas a partir do meio a coisa começa a desandar". Idalino relata que a crise nas terceirizadas se intensificou nos últimos dois anos, "especialmente porque a Petrobras afrouxou a fiscalização das empresas".

Joelson declara que a Petrobras contrata as empresas através de licitação e dentro da lei. "Também é feita uma avaliação da empresa antes de sua contratação", garante Joelson. Atualmente, dos cerca de 14 mil empregados da Petrobras no Rio Grande do Norte, mais de 12 mil são terceirizados.