quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Novo tipo de amendoim é desenvolvido (Diário do Nordeste)

Barbalha. Será lançada, até o fim do ano, neste Município, a nova cultivar de amendoim BRS Branco Rasteiro, com alto teor de óleo bruto. Os produtores terão a oportunidade de utilizar a recente variedade, voltada para o mercado de óleos combustíveis e que, futuramente, poderá ser usada como biocombustível. As primeiras sementes foram retiradas do campo experimental da Embrapa, em Barbalha. Os pesquisadores já realizaram o dia de campo e apresentaram o amendoim branco aos produtores, técnicos e secretários de Agricultura da região.

Além do alto teor de óleo, chegando a 52% do alimento, 7% a mais do que o amendoim comum, tem também a vantagem produtiva. Em agricultura de sequeiro, chega a até 3 mil quilos por hectare (ha) e pode ser colhido em até 110 dias. O amendoim branco, segundo o técnico Ramon Araújo de Vasconcelos, agradou em cheio no primeiro momento os agricultores. Ele diz que não foi por acaso o lançamento das sementes no Cariri, que também passam pelo mesmo teste em campos experimentais da Embrapa nos estados de Alagoas, Pernambuco e Paraíba. Outra cultivar já pesquisada de amendoim comum, o BR1, chega a 1.400 quilos por ha, ou seja, o BRS Branco Rasteiro rende mais do que o dobro da produção. Mas há uma pequena diferença no sabor do grão, pelo alto teor de óleo, além da cor branca e por ser pouco maior.

Segundo o técnico, é justamente para diferenciar o tipo de semente. Porém, a média regional tem sido de até 800 quilos. Esse resultado, explica ele, é o cruzamento de BR1 já produzido na região, com o amendoim rasteiro, do Sul do Brasil.

São até quatro sementes por vargem. No Sul do País, normalmente, são duas. Outro bom resultado desse trabalho, de acordo com Ramon Vasconcelos, é que, normalmente, o rendimento chega a 75% em casca e do comum 65%. No campo experimental de Barbalha os primeiros resultados da pesquisa foram obtidos a partir do plantio em uma área de pouco menos de 1 ha.

Para Ramon, a cultura se adequa bem ao Nordeste brasileiro, por conta do período chuvoso, dentro do intervalo necessário para se ter uma produção satisfatória. O direcionamento da produtividade para a indústria chega a ser vantajosa. O alto teor de ácidos graxos, ressalta o técnico, dá mais qualidade e durabilidade ao óleo, conservando o produto, naturalmente. "O óleo não fica rançoso e permanece em seu estado natural por mais tempo", enfatiza. Além se ser uma planta resistente à seca e doenças nas folhas.

Como forma de buscar alternativas para o futuro, o trabalho partiu do interesse da Petrobras e da Embrapa, em parceria com a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). As pesquisas têm à frente a engenheira agrônoma, Roseana Cavalcante, pesquisadora da Unidade responsável pela nova variedade; o engenheiro agrônomo, Tarcísio Gondim, Rosa Maria Mendes e Ramon Vasconcelos e vem sendo feita por meio do Centro Nacional de Pesquisa do Algodão (CNPA), por meio dos campos experimentais.

São mais de sete anos de experimentação. Nesse trabalho, o Cariri se destaca por ser a região de maior produtividade do Estado do Ceará e uma das maiores do Nordeste.

O técnico admite que o resultado destas pesquisas está associado a uma combinação de fatores, levando-se em conta a competência dos pesquisadores e a sorte. O Cariri, com isso, poderá se destacar, além da produtividade, como importante produtor de biocombustível.

Fique por dentro
Área produtora

O Cariri é a região que mais produz amendoim em todo o Estado do Ceará. Chega a até 80% da produção local. Está entre o segundo e o terceiro lugar no Nordeste, disputando espaço com o Sergipe. O maior produtor é o Estado da Bahia. O amendoim é uma cultivar que pode ser utilizada em diversos segmentos. É possível, por exemplo, consumir in natura, cru, torrado ou cozido; produzir pasta, creme, sorvete, salgados, doces; e agora, também, biocombustível, assim como oleoquímicos (produtos produzidos a partir de óleos e derivados).

MAIS INFORMAÇÕES
Campo Experimental da Embrapa/Algodão. Avenida José Bernardino, s/n - km 04, Barbalha - CE
(88) 3532.3031

Elizângela Santos
Repórter

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Emparn inaugura unidade de processamento de peixes em Apodi

Extraído de: Governo do Estado do Rio Grande do Norte

Com atuação em pesquisas tecnológicas na criação de tilápias em gaiolas desde 1997, a Emparn vem transferindo a diversos grupos de pescadores, técnicas desse cultivo com o intuito de estruturar a atividade pesqueira do Rio Grande do Norte.

Nesse sentido a Empresa vem investindo em tecnologias e melhoramentos na atividade e nesta sexta-feira (27), inaugura na Base Física da Emparn, em Apodi, a Unidade Didática de Processamento de Peixes. A unidade dispõe de estrutura para treinamento em tecnologia de beneficiamento do pescado, além de auxiliar no beneficiamento da produção proveniente da Associação dos Aquicultores de Apodi-Aquapo e toda a produção da associação é destinada à venda local, para a Companhia Nacional de Abastecimento-CONAB.

Na atividade pesqueira, a figura do pescador artesanal sempre esteve associada à camada mais pobre da sociedade e se caracterizava pelo baixo nível técnico empregado e de conhecimento e baixo poder aquisitivo. Para mudar esse perfil, a Emparn capacitou um grupo de 45 pescadores, formando um associação para permitir, depois de treinamento técnico e gerencial, a viabilização da piscicultura de forma contínua, a expansão da atividade e o fortalecimento da economia local.

Aproveitando o grande potencial hídrico do Estado, pois, embora territorialmente pequeno, o estado conta com uma ampla rede de açudes públicos, com mais de 4.400.000.000m3, barragens e açudes privados, água subterrânea de qualidade em várias regiões e uma alta taxa de insolação anual que garante suprimento constante e elevado índice de energia para a realização do processo fotossintético, base da cadeia alimentar em ambientes aquáticos.

A sala de processamento fecha o ciclo das ações iniciais básicas necessárias à estruturação da cadeia produtiva da tilápia em gaiola, no município de Apodi. Os principais passos no processo de estruturação do grupo produtivo foram: escolha dos pescadores; treinamento em sistema de cultivo intensivo de tilápias em gaiolas (fases de povoamento, berçário, criação ? engorda - e despesca); treinamento em evisceração e filetagem de peixes e aproveitamento de aparas; treinamento em gestão de pequenos negócios; criação da Aquapo; aquisição de um kit feira junto ao Ministério da Pesca e Aquicultura; formalização de contrato comercial junto à Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), para fornecimento de peixes às comunidades carentes do município.

O conjunto das ações desenvolvidas pela EMPARN contou com o apoio técnico e operacional da Prefeitura do Apodi e do SEBRAE/RN e com recursos provenientes do governo do Estado do Rio Grande do Norte e dos Ministérios do Desenvolvimento Social, Ministério da Pesca e Aquicultura, do Ministério do Desenvolvimento Agrário e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.

Mais informações:

O reservatório de Santa Cruz, situado na acidade de Apodi/RN, foi construído em 2002 e tem capacidade para acumular 600 milhões de m3 de água, em uma bacia hidráulica de 3.413 hectares. Foi projetado para perenizar o Rio Apodi/Mossoró e possibilitar o abastecimento urbano e a irrigação de terras potencialmente produtivas da região. Ao mesmo tempo, com uma grande quantidade de água barrada ao longo da sua bacia hidrográfica, este rio deverá se transformar em uma importante área de produção de peixes em gaiolas, pois esta forma de produção possibilita a incorporação de pequenos pescadores de forma eficiente, principalmente se organizados em associações ou cooperativas.

A proposta de mudança deste cenário vem sendo impulsionada pela Emparn, que vem desenvolvendo ações de transferência de tecnologias para a produção de tilápias em gaiolas para os pescadores da Barragem de Santa Cruz. A adoção dessas tecnologias possibilita uma maior eficiência econômica e melhoria da qualidade do produto, em células produtivas organizadas e autosustentáveis.

O conjunto das ações desenvolvidas pela EMPARN contou com o apoio técnico e operacional da Prefeitura do Apodi e do SEBRAE/RN e com recursos provenientes do governo do Estado do Rio Grande do Norte e dos Ministérios do Desenvolvimento Social, Ministério da Pesca e Aquicultura, do Ministério do Desenvolvimento Agrário e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Reitor recebe novos alunos de Angicos

Os novos estudantes da Universidade Federal Rural do Semi-Árido do Campus de Angicos foram recepcionados nesta terça-feira, 17, pelo reitor Josivan Barbosa. Nesse segundo semestre, a UFERSA Angicos recebeu mais 200 universitários distribuídos nos cursos bacharelados em Ciência e Tecnologia e Sistema de Informação, e no curso de licenciatura em Computação.

Para os novos alunos o reitor falou sobre o processo de expansão territorial da Universidade do Semi-Árido com a criação dos campi de Angicos e Caraúbas, bem como a ampliação das vagas com a criação de novos cursos. “Espero que vocês aproveitem à oportunidade de terem ingressado numa universidade pública federal”, afirmou.

Segundo o professor Josivan Barbosa, a consolidação da expansão da UFERSA vai depender do esforço dos estudantes e professores. “Uma universidade trabalha com conhecimento, daí a necessidade da produção de pesquisa”, revelou. Até 2013, o desafio da Universidade do Semi-Árido é implantar novos cursos de doutorado e mestrado.

Para os alunos novatos o reitor apresentou o vídeo institucional da UFERSA que retrata a história da ESAM e o processo de transformação de Escola Superior de Agricultura de Mossoró para Universidade Federal Rural do Semi-Árido. “Nossa universidade completou no último dia primeiro de agosto cinco anos e dentro de um ano e meio a UFERSA Angicos estará formando a sua primeira turma de Bacharéis em Ciência e Tecnologia”, disse.

A ampliação do número de bolsas, segundo o reitor, foi uma alternativa encontrada pela Universidade para garantir a permanência do estudante na instituição. “Aqui em Angicos já são 93 bolsas, das 750 oferecidas pela UFERSA”, afirmou. Durante a conversa, Josivan Barbosa disse ainda que a previsão é de que dentro de 90 dias os estudantes ocupem a sede do novo campus.

ALUNOS – Para os novos estudantes da UFERSA Angicos ter conquistado uma vaga na universidade é motivo de muita satisfação. É o caso de Lourival Menezes, de 24 anos, que após a terceira tentativa, conquistou a tão sonhada vaga na universidade. “A UFERSA representa pra mim um novo projeto de vida com maior oportunidade para o mercado profissional”, revelou o estudante que veio de Vitória de Santo Antão, em Pernambuco, estudar Sistema de Informação, em Angicos.

A busca por novas oportunidades também é o objetivo do Rayuska Andrade, de 23 anos, que atualmente trabalha como auxiliar de consultório dentário e vai cursar Computação. “Para mim representa um oportunidade única ter conquistado essa vaga, tenho a convicção que saberei valorizar, aprimorando os meus conhecimentos para ser o diferencial na minha área”, afirmou a estudante que mora em Angicos.

Outro estudante de Angicos, José Anderson Jales de Andrade, de 16 anos, tem boas perspectivas com relação ao curso de Computação. “Tenho certeza que a UFERSA trará mais desenvolvimento para a nossa região. Então, pretendo fazer um bom curso e tentar pós-graduação”, opinou. Já Alexandre Pinto de Alencar, de 20 anos, veio do município de Lavras da Mangabeira, no Ceará, estudar Computação na UFERSA Angicos. “Espero novas oportunidades de emprego e que no futuro possa contribuir para o desenvolvimento da minha cidade”, revelou.

Esta é uma importante matéria sobre de Direito Ambiental numa área que tem pouca gente atuando: Energia Eólica, publicada no Diário do Nordeste.

Usinas eólicas podem custar até 17% a mais

Já na semana da realização do Leilão de Reserva de Fontes Alternativas de energia elétrica, que ocorrerá nos próximos dias 25 e 26 deste mês, investidores que atuam no ramo eólico correm o risco de terem o custo de seus empreendimentos aumentado em até 17%, devido a falta de marco regulatório para as energias alternativas no Brasil. Quem alerta é a jurista Marília Bugalho Pioli, coordenadora jurídica da área de energia eólica do escritório Becker, Pizzato & Advogados Associados.

Segundo ela, quem vencer terá que entregar o projeto em 2013, porém o Convênio 101 do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), que assegura a isenção de ICMS para operações com equipamentos e componentes destinados ao aproveitamento de energia solar e eólica, tem vigência prevista até 31 de janeiro de 2012. "Esse convênio vem sendo prorrogado sucessivamente desde 1998, mas não se sabe se será prorrogado de novo, quando, nem até que data ele será validado. Ou seja, ninguém sabe como será no futuro", explica.

Conforme a advogada, tirando a isenção do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias) hoje, o custo de um parque eólico pode aumentar até 17%. "E olhe que estamos falando em milhões. Significa que se o investidor estiver preparado para desembolsar R$ 200 milhões, ele poderá ter que gastar mais R$ 34 milhões", exemplifica.

De acordo com a especialista, que é também representante legal no Brasil do grupo espanhol Gestamp - um dos maiores investidores mundiais em energia eólica, a insegurança em relação a tributação se estende também a outras áreas, como na legislação ambiental, que prevê diferentes procedimentos em cada estado brasileiro. "Não existe um marco regulatório comum em todo o Brasil para energias alternativas. Isso gera insegurança para o investidor, especialmente os estrangeiros".

A insegurança jurídica, segundo ela, ameaça a competitividade brasileira no âmbito das energias. "Hoje, o Brasil tem dois grandes competidores em potencial de geração de energia eólica no mundo: China e Índia, que são países sem tantos entraves burocráticos e incertezas jurídicas, embora sejam considerados grandes expoentes nessa área. Mesmo com o privilegiado potencial brasileiro, o investidor pode acabar optando pelos concorrentes porque lá é mais fácil", pondera.

Dados da EPE (Empresa de Pesquisa Energética) indicam que 96 projetos no Ceará estão habilitados a participar do Leilão, que objetiva a contratação de energia além da demanda existente para ampliar a garantia de fornecimento de energia elétrica em todo o País. Em nível nacional a disputa no leilão de reserva reúne mais de 500 empreendimentos, envolvendo também termelétricas movidas à biomassa e Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs). Para a jurista Marília Pioli, o número de competidores poderia ser maior, se houvesse mais segurança no Brasil para investimentos em energias alternativas.

Dnocs abre propostas para pré-qualificação da execução da construção da Barragem Fronteiras. Diário do Nordeste

Crateús. Nestes dias as atenções deste Município de Crateús estão voltadas para o ponto inicial de uma das obras mais esperadas na cidade, a Barragem Fronteiras. É que, amanhã, o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs) fará a abertura das propostas para pré-qualificação da execução das obras e serviços de construção da referida barragem, que integrará o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2), cujo valor será de R$ 300 milhões. Terá capacidade de acumulação de 488 milhões de metros cúbicos de água proporcionando o abastecimento de cerca de 40% da população urbana de Crateús e 20% da população rural. O volume é o sexto maior do Ceará.

Neste recurso estão incluídas a construção do açude, as desapropriações e serviços de uma parte da estrada de ferro. "Essa obra é muito importante para a região de Crateús que é sempre seca e que contribuirá para evitar as cheias no Estado do Piauí, porque ela vai barrar o Rio Poty", anuncia o diretor geral do Dnocs, Elias Fernandes. Ele prevê que a obra do Açude Fronteiras começará ainda neste ano com duração de três anos.

A partir daí a população saberá quem será a empresa vencedora da construção da obra, que trará impacto hídrico de grandes proporções ao Município e região. "Consideramos a Barragem Fronteiras como a redenção da região, que com a obra vislumbrará um crescimento e desenvolvimento nunca vistos na região da Ibiapaba e de Crateús como um todo", diz o sub-secretário de agricultura de Crateús, Teobaldo Gonçalves. Ele participou dos primeiros levantamentos feitos para a obra, em 1993. Segundo Gonçalves, com a construção será possível o controle de enchentes, a garantia do abastecimento de água em caso de seca prolongada da sede de Crateús e irrigação de área de 5 mil hectares, beneficiando mais de 100 mil pessoas.

MAIS INFORMAÇÕES:
Dnocs
www.dnocs.gov.br/ (85) 3288.5100
Secretaria de Agricultura de Crateús (88) 3691.2127

Em julho passado, amigos e familiares de Zé Maria, pediram, em protesto, rigor na apuração da sua morte. Confira reportagem publicada no Diário do Nordeste.

Comunidade acampa em prol de Zé Maria

MELQUÍADES JÚNIOR

Limoeiro do Norte. Para dizer que a luta não acabou, e a causa do porta voz da comunidade do Tomé, em Limoeiro, continua viva, centenas de trabalhadores rurais, militantes sociais, pesquisadores e estudantes universitários estarão, de hoje até o próximo sábado, realizando o Acampamento Zé Maria. Será o maior manifesto já realizado desde a morte do líder comunitário José Maria Filho, quatro meses atrás. Estava prevista para a madrugada de hoje um protesto, mantido sob sigilo pela organização do evento. Seminários, apresentação de pesquisas e oficinas também fazem parte da programação. E será feita a entrega oficial do dossiê sobre os agrotóxicos na Chapada do Apodi e os impactos na saúde, trabalho coordenado pela Universidade Federal do Ceará (UFC).

Três dias de gritos, de uma história de reivindicação que já dura muitos anos, dessa vez lembrada nos quatro meses de morte de "Zé Maria do Tomé", líder comunitário e principal denunciante da contaminação por agrotóxicos no trabalhador, na família e no solo, principalmente na comunidade que representava, o Tomé, na Chapada do Apodi, em Limoeiro. Haverá série de mobilizações contextualizadas no acampamento - saúde, reforma agrária, agroecologia, combate a corrupção eleitoral. Algumas das mobilizações foram tratadas sob sigilo pelos organizadores e não incluídas na programação oficial para o dia de hoje.

Está prevista a presença de centenas de famílias de comunidades de vários assentamentos rurais da região jaguaribana. Todas as diferentes manifestações de luta pela terra em uma só. Durante a manhã de hoje será montado o acampamento na Praça da Câmara Municipal de Limoeiro. A escolha do lugar é óbvia: foram os vereadores de Limoeiro que, numa manobra de última hora em maio desde ano e cedendo a pressões políticas, revogaram a lei que proibia a pulverização aérea na Chapada do Apodi. Era essa uma das principais lutas do agricultor e comerciante José Maria Filho, principal denunciante dos problemas com agrotóxicos na Chapada, todas feitas com exclusividade pelo Diário do Nordeste. As famílias reclamavam do avião despejando veneno que, espalhado pelas ventanias, atingia as residências, causando problemas de saúde.

A decisão da Câmara pela derrubada da proibição aconteceu com um mês da morte de José Maria, assassinado com 18 tiros quando voltava para casa. Por ironia ou coincidência, o seu corpo foi alvejado a poucos metros da pista de pouso da cidade, de onde partiam os aviões pulverizadores e com seguidas visitas do protestante para provar que mesmo com a então proibição pela lei municipal, os empresários continuavam realizando a pulverização. A reportagem descobriu na época que os fiscais do Ministério da Agricultura, órgão responsável pela permissão federal da pulverização, nem tinham conhecimento da lei - ou se tinham, passaram por cima.

No intervalo da morte de José Maria e a revogação da lei pelos vereadores de Limoeiro, pesquisadores do Núcleo Trabalho, Saúde e Meio Ambiente para a Sustentabilidade (Tramas) da UFC divulgaram dado parcial de uma pesquisa apoiada pelo CNPq e que dimensionou o nível de prejuízos causados pelo agrotóxicos: após análise laboratorial, foi constatada a presença de vários tipos de fungicidas, herbicidas, acaricidas e inseticidas em todas 46 amostras de água para abastecimento humano coletadas na Chapada do Apodi. Foram encontrados na torneira de casa até agrotóxicos que estão em reavaliação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) pelo alto teor nocivo à saúde humana.

Ensejando o Acampamento Zé Maria, acontece hoje e amanhã o Seminário Conhecimento e Ação: Resultados da Pesquisa Agrotóxicos/UFC, com participação do Ministério Público e Procuradoria Regional do Trabalho. Hoje finda com um debate, e amanhã haverá discussão sobre mapeamento da saúde em assentamentos rurais, bem como alternativas de produção feitas por comunidades agrícolas na região. Hoje à tarde a professora Raquel Rigotto, coordenadora do Núcleo Tramas, anunciará mais resultados preliminares da pesquisa "Estudo epidemiológico da População da Região do Baixo Jaguaribe" exposta à contaminação ambiental em área de uso de agrotóxicos.

Melquíades Júnior
Colaborador

Fundo de apoio à caatinga será lançado durante Conferência sobre Clima

“Durante a abertura da II Conferência Internacional Clima, Sustentabilidade e Desenvolvimento em Regiões Semiáridas, a partir das 9 horas de hoje, no Centro de Convenções, será lançado o Fundo Caatinga. Trata-se de uma iniciativa do Conselho Euro-brasileiro de Desenvolvimento Sustentável, que prevê inicialmente um aporte de R$ 300 milhões para conter o desmatamento e investir na ampliação das atividades sustentáveis no bioma caatinga.

Segundo estudos de instituições ambientalistas, 95% das áreas brasileiras suscetíveis à desertificação estão situadas na caatinga. Metade dessa vegetação já foi desmatada. O BNB vai operacionalizar esse fundo e buscar mais recursos junto a organismos internacionais como o Banco Mundial.” (Da Coluna Vertical, do O POVO)