terça-feira, 21 de setembro de 2010

Diário do Nordeste: FAUNA AMEAÇADA ´Não prenda o passarinho´

Icapuí. As queimadas estão afetando o habitat de aves e pássaros que ainda encontram nas áreas de mangue de Icapuí o espaço para viver ou se "hospedarem", em suas longas viagens. Três conhecidos pássaros nessa parte do litoral cearense correm o risco de desaparecer, e a população realiza a campanha aleatória e informal "Solte, não prenda o passarinho", ou ninguém mais vai ver pelas bandas de cá Graúna, Cabeça Vermelha e Corrupião.


Por sua composição de mangues, floresta, falésias e uma praia rica em matéria orgânica trazida da própria natureza pelas marés, Icapuí é reconhecido berçário de várias espécies de árvores e pássaros. Ainda. Mas o aumento da degradação ambiental tem causado a diminuição desses seres vivos, e ao menos por enquanto, o Maçarico (Limosa lapponica) vindo do Ártico em direção à Patagônia, ainda escolhe esse pedaço da costa cearense (a única no Brasil) para pousar com maestria e elegância, com seu grande bico levemente curvado para cima. A cada nova viagem, as notícias não são nada boas para o Maçarico.


E o que era comum gradualmente se revela raro na natureza icapuiense. Cadê Corrupião? Cadê Graúna? Pássaros comuns, mas sumidos do cenário, não sendo vistos nem ouvidos. Os motivos principais: a natureza alterada pelo homem está afastando esses animais e, num acesso de posse, os pássaros são apreendidos em gaiolas, sequestrados dos ninhos para ficar entre paredes das casas, sítios, pousadas. A falta de senso de preservação está ameaçando a beleza de se ver e ouvir ao pôr-do-sol o grito rouco das garças no ninhal da Praia de Requenguela, localizada em Icapuí.


Nos blogs e escolas do município, tem início a campanha "solte, não prenda o passarinho". O estímulo foi dado pelo vereador Marcos Nunes, da Câmara Municipal de Icapuí, que em seu blog e no plenário da Casa Legislativa, esbravejou que "A natureza de Icapuí pede socorro!". Desmatamento, queimadas e captura desenfreada fazem as populações de Graúna, Galo Campina e Corrupião diminuírem passo a passo na região.


Crianças e jovens


"É necessário que a população tome consciência do que estes danos poderão acarretar a esses animais da nossa fauna. É imprescindível conscientizar as crianças e jovens que utilizam alçapão para aprisionar estes bichinhos, quando não são sequestrados ainda nos ninhos de suas mães. É necessário coibir a sua comercialização e sobretudo é preciso fazer um trabalho de conscientização nas escolas, igrejas, associações, principalmente nos Sindicatos Rurais, ou em todos os lugares onde o povo esteja. O mais importante é que todos se envolvam na preservação e manutenção destas espécies", alerta Marcos Nunes.


O Município de Icapuí apresenta vários ambientes costeiros, como manguezais e lagos, e até áreas florestadas sobre falésias, dunas vegetadas e praias arenosas com planícies de maré, e cada local tem suas aves típicas. Essa á e principal região das aves migratórias no Ceará. As principais áreas para observação de aves costeiras no Município são Ponta Grossa, Matas de Tabuleiro, Banco dos Cajuais, Manguezal da Barra Grande e Córrego do Sal. A conformação geomorfológica das praias, aliada à dinâmica das marés, possibilita que se acumulem materiais trazidos pelas ondas, notadamente resto de algas e cascalhos, que abrigam invertebrados e, por sua vez, servem de alimento para as aves.


Sem preservação não há mangue, sem mangue não há Tamatião, espécie de ave que se alimenta de caranguejos e peixes. Vive oculto nos mangues, mas em Barra Grande, Icapuí, pode ser avistado, com esforço. Mais facilmente, nem por isso de forma despreocupada, ainda se vê e ouve o Cabeça-vermelha (Paroaria dominicana), Corrupião(Icterus jamacaii) e a Graúna (Gnorimopsar chopi), "ave preta" (em tupi), considerado um dos pássaros de voz mais melodiosa do Brasil.


Fique por dentro
Espécies diversas


A graúna, também conhecido como pássaro-preto ou melro, mede 21,5 cm de comprimento. Trata-se de um dos pássaros de voz mais melodiosa do Brasil. Vive em todo o País não-amazônico. Alimenta-se principalmente de grãos e frutas. Já o Corrupião é uma das mais apreciadas aves de gaiola pertencentes à família dos icterídeos; conhecido e apreciado no Brasil, não só pelo seu canto que é belo e estranho, como pela beleza de sua plumagem, é de colorido vivo, onde o preto se alterna com o amarelo-alaranjado e o branco. O Cabeça-vermelha, ou galo de campina, é uma das maiores vítimas do comércio ilegal. Um dos pássaros mais típicos do interior do Nordeste do Brasil.


Melquíades Júnior
Colaborador

Diário do Nordeste: Centro-Sul do Ceará mostra potencial para a uva

Iguatu. Na região Centro-Sul, este Município é o maior produtor de uva. São seis hectares implantados e uma produtividade média de 20 mil kg por hectare, de acordo com dados da Secretaria de Agricultura de Iguatu. As unidades foram implantadas há três anos, após uma mobilização local junto aos produtores rurais.

A ideia era atrair um maior número de pessoas dispostas a cultivar videira em face da possibilidade de maior lucro em relação às outras fruteiras e de um amplo mercado consumidor no Estado. Até agora o esforço conjunto da Secretaria de Agricultura e do Instituto Agropolos conquistou quatro produtores. Dois deles, José Dantas e Francisco de Souza, estão produzindo com regularidade e satisfeitos com os resultados. Segundo os técnicos, um dos principais empecilhos é o elevado custo de implantação do parreiral, bem superior às tradicionais fruteiras.

A produção em torno de 20 mil quilos por hectare ano tem relação com o tempo de implantação da cultura. A uva chega a estabilizar a produção somente após o quarto ano de implantada e, com bons tratos culturais, pode alcançar uma produção média de 40 mil kg por ha. O ciclo produtivo do parreiral é de quatro meses. Com o intervalo de descanso, garante ao produtor duas safras e meia por ano.

Parceria

As primeiras colheitas começaram numa área de 1,2 hectare (ha), localizada no Sítio Várzea de Fora, próximo à cidade de Iguatu. O produtor rural José Dantas foi um dos primeiros a aderir, no início de 2007, ao projeto implantado pela Secretaria Municipal de Agricultura, em parceria com o Instituto Agropolos e com os produtores da região.

Depois de três anos de trabalho, Dantas mostra-se satisfeito. A implantação do projeto, investimento e custeio, na fase inicial, foi de R$ 80 mil. "As nossas perspectivas são boas", diz Dantas. "Já estamos conseguindo passar de 20 mil quilos por hectare ano.

De acordo com o técnico agrícola, que tem experiência com a produção de uva no Vale do Rio São Francisco na Bahia e em Pernambuco, Abílio do Nascimento, o mercado de frutas é amplamente favorável. "Não há dificuldade de escoamento da produção, pois a demanda é elevada e o Ceará não produz quase nada em relação ao que importa e consome", explicou. "Iguatu tem potencial de água e de solo de alta qualidade".

Água, terras planas e férteis formam um quadro favorável para o desenvolvimento da fruticultura na região Centro-Sul. Três anos após a implantação do projeto de fruticultura, Iguatu já desponta como o maior produtor do Centro-Sul. São áreas irrigadas. Estão em produção, 120 hectares de banana, 35ha de goiaba, 6ha de maracujá, além de melancia, mamão, tomate, abóbora e milho verde.

A produção de uva vem mudando a paisagem do sertão da região Centro-Sul. No Sítio Lagoa Seca, zona rural deste Município, a produção é crescente das variedades Itália Melhorada (verde) e Benitaka Brasil (roxa), numa área de dois hectares. Neste semestre, ocorre a quarta colheita da unidade produtora. O produtor Francisco de Souza, mais conhecido por Fran, um dos pioneiros na produção da cultura, está otimista com o desenvolvimento do plantio e satisfeito com o resultado obtido até agora.

Nesta safra de verão, ele espera colher 30 toneladas. A produção aumenta. "Neste ano, vamos recuperar o investimento de R$ 80 mil na implantação do parreiral", prevê Fran de Souza. "O nosso projeto deu certo e vou ampliar a área em mais um hectare", afirma. O preço pago ao produtor pelo quilo da uva é de R$ 2,50 e nos mercadinhos e na feira, o consumidor paga R$ 4,00 pelo quilo do produto.

NOVO CULTIVO

Serra do Araripe também dá morango

Nova Olinda. Há quem custe a acreditar que estão sendo cultivados morangos em plena Serra do Araripe. A experiência é num pequeno canteiro econômico, localizado na Serra do Catolé, em Nova Olinda. O fruto agora é real. Após um ano de insistente trabalho, regando todos os dias as plantinhas, o agricultor José Cazuza da Silva, o José Padre, viu os frutos finalmente aparecerem. O cultivo foi iniciado apenas com uma única muda, ofertada por uma amiga. Não deu outra: são dezenas de outras em meio à agrofloresta de um amante da natureza.

De todas as experiências com plantas de José Padre, essa tem sido a que ele está tratando com um zelo extremo. Também, explica ele, chegou a passar um dia sem regar e no final da tarde a planta estava bem murchinha. "O morangueiro é muito sensível e que precisa estar sempre com água", acrescenta. Só em ter sobrevivido para ele já é um grande resultado, a quem parece sempre estar testando a sua capacidade de romper barreiras em novos cultivos.

A água para regar as plantinhas sai da cisterna de placa. Nesse tempo, água armazenada na serra, que não seja em cisterna, praticamente não existe. O jeito é economizar ao máximo para ter sempre, mesmo que sendo quase a conta gotas.

Até o canteiro é adaptado para essa finalidade. O agricultor utilizou uma lona preta num cercado retangular com tijolos e uma camada de terra bem adubada para a experiência dar certo. Algumas outras mudas estão em pequenos sacos. A experiência bem vinda poderá resultar já na negociação com mudas, por exemplo. Para ele não seria uma má ideia.

O plantio com os morangos é o mais recente, dentre as culturas que experimenta nos seus cinco hectares de terra. Na Chapada do Araripe o que parece uma fruta desconhecida para a maioria dos moradores passou a ser um capricho no pequenino plantio de José do Padre. Os morangos brotaram depois de um ano de cultivo.

Prova de paciência

Mas, segundo o agricultor, ainda não dá para comercializar o produto. A produção não oferece oportunidade para a venda. São poucas unidades e a criançada é quem acaba aproveitando. "Quando cheguei aqui, nessa terra não nascia nada. Agora, já sai algumas plantinhas, naturalmente", diz, considerando um lucro os moranguinhos que conseguiu colher.

E essa prova de paciência chama a atenção para quem passa pela frente do seu terreno. No canteiro econômico, José do Padre dividiu a plantação com o coentro, mas o morango começou a crescer em ramos.

Outra experiência com a fruta está acontecendo em Barbalha. No distrito do Caldas, moradores investiram no cultivo do produto e tem obtido bons resultados. Para os moradores, tem sido uma descoberta, que poderá tornar o Município uma referência nesse novo tipo de produção de frutas.

MAIS INFORMAÇÕES

Secretaria de Agricultura, Município de Iguatu
Centro-Sul
(88) 3581.6527


Honório Barbosa e Elizângela santos

Diário do Nordeste

Diário do Nordeste: Um roteiro de descobertas nas serras do Nordeste

Uma região rica em paisagens únicas, com belezas esculpidas pela natureza, grutas, paredões, mirantes, trilhas e cachoeiras de água cristalina. Essa é uma das principais características do roteiro turístico Serras Nordeste: Entre Parques e Opalas, que envolve o Ceará e o Piauí. Além de ser um destino perfeito para quem busca uma opção diferenciada para a prática do ecoturismo, o roteiro propicia ao visitante uma série de outros atrativos, como o artesanato e a cultura.

O roteiro Serras Nordeste compreende seis cidades dos dois Estados vizinhos: Viçosa do Ceará, Tianguá e Ubajara, no Ceará, e Piracuruca, Piripiri e Pedro II, no Estado do Piauí. Numa altitude média de 500 metros, a região possui a atmosfera característica de um ambiente serrano tipicamente nordestino, onde a natureza se confunde, harmoniosamente, com as manifestações culturais, com as expressões de seu povo que soube de maneira sábia e forte preservar suas raízes culturais e naturais pautadas no passado de uma história de encantos e magias, de lutas e resistências de seus bravos tabajaras e cariris, verdadeiros heróis da terra.

Diversidade

No roteiro, o visitante é chamado a interagir com esse cenário de pluralidade e diversidade. Em Viçosa (CE), os casarios seculares e as igrejas de portas estreitas são o convite para se apreciar o doce sabor dos licores, as irresistíveis petas e a musicalidade pulsante na cidade, com mel, chorinho e cachaça serrana de pé de tonel.

Na mesma sintonia, se chega a um festival musical de inverno em Pedro II (PI), com suas pousadas singelas e casarões históricos, além dos teares de estampas vivas e um barro moldado em cores alegres. Como riqueza natural, o município conta com opalas, pedras preciosas de cores brilhantes, que enaltecem e enriquecem sua gente hospitaleira.

Ao subir um pouco mais a serra, o visitante descobre imensos paredões íngremes em formas de cortinas que enchem os olhos e encantam o coração. Em Ubajara (CE), no Parque Nacional, do topo do bondinho é possível ver as pequenas cidades sertanejas no pé da serra e uma misteriosa gruta cercada de montanhas.

Mais adiante, chega-se ao Parque Nacional de Sete Cidades, em Piracuruca (PI), com belas paisagens campestres e formações rochosas que a imaginação acalenta a alma. São dois parques ambientais de rica e intrigante biodiversidade de flora e fauna, acrescidas de marcas do passado humano nas figuras rupestres.

À medida do caminhar, entre engenhos de cana de açúcar, presença de um Brasil Colonial e casas de farinha, exalam cheiros de beiju, mel, batida e rapadura. No passeio turístico, um descanso é sempre bem vindo. Tianguá (CE) e Piripiri (PI), cidades polos e entroncamentos, oferecem aos seus visitantes uma rede de hospedagem com ótima infraestrutura e uma gastronomia bem diversa ao paladar e a satisfação de todos.

O exótico também faz parte da atração turística. A iguaria Tanajura, manjar dos deuses nativos, pode ser degustada em Tianguá. Aos mais dispostos, um turismo de aventura vai bem, através da prática de rapel, voo livre, escaladas, trilhas e arvorismo, entre outros. A criatividade do artesão no croá, na palha da bananeira, na renda, na pedra sabão ou nas confecções com peças decorativas ou utilitárias, produzidas nas comunidades rurais do semiárido são atrações à parte de destacado valor sociocultural.

Tecer redes de relações com prazer e harmonia, segurança e conforto onde cultura, arte e natureza se completam, acobertado de um clima aprazível entre parques naturais e serras são os grandes diferenciais do roteiro Serras Nordeste que oferece aos amantes do turismo diversificado uma inesquecível viagem no tempo e no espaço desses oásis encravados num cantinho do Nordeste brasileiro.

O roteiro Serras Nordeste: Entre Parques e Opalas é resultado de uma grande parceria entre os Estados do Piauí e do Ceará, numa iniciativa do Sebrae, do Programa de Regionalização do Turismo do Ministério de Turismo e das prefeituras municipais. O roteiro conta com a participação de vários meios de hospedagem, alimentação e receptivo que integram a cadeia produtiva do turismo, sendo 65 empreendimentos no Piauí e 45 no Ceará.

PEDRAS PRECIOSAS
Opalas são atrativo turístico em Pedro II

De origem sânscrita, a palavra opala quer dizer pedra preciosa e é conhecida pela grande variedade de cores na mesma pedra. Acredita-se que as opalas demoram aproximadamente 60 milhões de anos para se formarem. Os romanos acreditavam que a pedra era símbolo de esperança e pureza, mas há quem diga hoje que a pedra é portadora de boa fortuna e que sua presença traz amor em abundância e afasta os males.

A opala em Pedro II, no Piauí, foi descoberta, por acaso, no ano de 1945 e hoje, pelo que se sabe, é a única reserva de opala nobre do País. Além do Piauí, há outra reserva desse tipo na Austrália e as duas são as únicas fontes importantes desse mineral no mundo.

A opala de Pedro II apresenta um jogo de cores com nuances diferentes como um arco-íris que uma pedra preciosa forma ao ser atravessado pela luz. Isso é o que caracteriza a beleza da opala e a sua raridade. Por essa característica do jogo de cores, a opala é conhecida no meio mineralógico e geológico como a Rainha das Gemas, sendo considerada a mais bela de todas as gemas, uma unanimidade no mundo inteiro.

A atividade de mineração de opalas acontece no município desde a década de 40, já tendo sido encontradas aproximadamente 30 minas. Desde 2000, o comércio das opalas começou a ser associado ao turismo local. O Sebrae e o Governo do Estado do Piauí desenvolveram ações no sentido de fortalecer toda a cadeia produtiva da opala, iniciando pela orientação para a criação da Cooperativa dos Garimpeiros de Pedro II (Coogp) e da Associação dos Joalheiros e Lapidários de Pedro II (Ajolp), com o objetivo de institucionalizar os setores-chave do arranjo. Pedro II tem hoje cerca de 29 garimpos, mas apenas 10 estão ativos e podem ser visitados pelos turistas.

Nas oficinas de lapidação, que também recebem turistas, as opalas chegam da mina em estado bruto e são lapidadas de modo artesanal e transformadas em diversos tipos de gemas. Essas gemas são aproveitadas para a produção de joias ou comercializadas em estado lapidado para outras regiões ou exportadas para a Europa e América. O processo é artesanal e um deleite para os turistas.

Outra possível atividade local é a visita às oficinas ou aos ateliês das joalherias. O início da atividade de joalheria em Pedro II foi em 1999, com a chegada do ourives Wadson Alves de Bastos, vindo da cidade de Pirenópolis-GO, a convite de Juscelino A. Souza, proprietário da empresa Opalas Pedro II. Através de cursos realizados pelo Sebrae e pelo Senai, em parceria com empresas de lapidação locais, foram treinados os primeiros ourives precursores da joalheria local.

Atualmente, o setor já emprega 150 profissionais e pretende capacitar outros 200 ourives até o final de 2010. Segundo o presidente da Ajolp, Juscelino A. Souza, em 2007 o setor produziu 200 quilos de joias, atingindo as metas estabelecidas e está se fortalecendo através do Projeto APL da Opala, que conta com as parcerias do Governo Federal, Estadual e Sebrae, para tornar a cidade de Pedro II em polo de lapidação e joalheria.

O trabalho é artesanal e produz principalmente joias em prata. Ouro é feito sob encomenda. As gemas utilizadas são principalmente os mosaicos de opala, opala branca, opala matriz ou rústica, e algumas empresas trabalham com outros tipos de pedras como ametista, citrino, esmeralda, entre outras.

PARQUE NACIONAL DE UBAJARA
Belezas naturais no roteiro cearense

Um dos destinos mais encantadores do Ceará, o Parque Nacional de Ubajara oferece ao turista um encontro com a natureza. Está situado a 847 metros acima do nível do mar e possui uma temperatura variando entre 18 e 25 graus. Nele são encontrados diversos atrativos naturais, como piscinas, cachoeiras e trilhas em cenários inesquecíveis. Em 2002, o lugar deixou de ser o menor parque do País, passando de 563 para 6.299 hectares. Passeios por trilhas e banhos nas cachoeiras proporcionam o contato direto dos visitantes com a natureza.

A Gruta de Ubajara é um dos principais atrativos da Serra da Ibiapaba. Na entrada do parque, os turistas escolhem se querem chegar à gruta através de um tranquilo passeio de bondinho, de onde se tem uma visão espetacular da região, ou por caminhadas nas trilhas. São diversos os níveis de dificuldade desses caminhos que levam à Gruta de Ubajara.

Guias capacitados levam os visitantes pelas trilhas, que são devidamente sinalizadas pelo Ibama. Placas informam as espécies de árvores existentes no parque.

Formada por calcário moldado pelas águas subterrâneas, a Gruta de Ubajara é a principal atração do parque. As belas salas e as formações rochosas impressionam. Estalactites e estalagmites estão por todas as partes, em um espetáculo formado pela água e pelo tempo. A gruta possui 1.120 metros quadrados, mas apenas 420 metros estão abertos para visitação. No total, nove salas podem ser desbravadas pelos visitantes. A iluminação torna a caminhada mais segura e ajuda na apreciação das formações naturais.

A cachoeira do Gavião é outro atrativo para os turistas que procuram belezas naturais na Serra da Ibiapaba. O acesso é permitido apenas com o acompanhamento de guias. Outra cachoeira que merece uma visita é a cachoeira do Cafundó, localizada no Riacho Bela Vista, afluente do Rio Ubajara. Antes da queda maior, forma uma piscina natural que constitui uma oportunidade para se refrescar do calor. Além disso, oferece uma bela vista do parque.

Diário do Nordeste: Galinhas criadas na capoeira

Barbalha - Galinhas rústicas ou simplesmente caipiras, ponto de equilíbrio entre o passado e o futuro, entre a rusticidade e produtividade, voltam a despertas o interesse de pequenos produtores, atentos às novas demandas de consumidores que não gostam mais do frango de granja, criado preso em gaiolas.

A velha galinha chamada vulgarmente de "pé-duro", ou carijó, criada no fundo do quintal, ou solta nas capoeiras de pequenas propriedades do sertão, tem sabor inigualável. As condições de bem-estar nas quais são criadas é um dos fatores determinantes para a qualidade do produto.

Ao contrário dos frangos de granja, a galinha caipira pode desenvolver suas aptidões naturais, como conviver em grupo,ter espaço para se movimentar, abrir as asas e pastar à vontade. Como fica solta no terreiro, as condições sanitárias devem ser observadas no que se refere à vacinação e vermifugação.

No Cariri, em municípios como Barbalha, a atividade é uma alternativa de complementação de renda para os pequenos produtores da região.

O exemplo vem da Associação dos Pequenos Produtores do Sítio Melo, em Barbalha, que participou de um curso sobre criação de galinhas caipiras, promovido pelo Serviço de Aprendizagem Rural (Senar) em parceria com a Prefeitura Municipal, que distribuiu 500 pintos com os pequenos produtores. Além da capacitação, as comunidades foram beneficiadas com infraestrutura para a criação das aves soltas.

A principio, os pintos foram criados em regime de semi-confinamento, com espaço suficiente para se locomover e levar sol. Com um mês, foram soltos no quintal da casa com direito a percorrer todo o terreno.

Tranquilidade

Porém, os criadores ainda acham o preço da ração elevado. O pequeno produtor Francisco Carlos de Oliveira, justificou que o chamado "caipirão" come demais. O jeito foi misturá-los com o frango pé duro.

Hoje, as aves vivem harmoniosamente, com tranquilidade e segurança, protegidos dos predadores externos e das intempéries da natureza como ventos fortes ou chuvas.

"Elas são criadas assim, soltas. Livres no quintal, pastando, comem tudo o que vêm pela frente. Só param quando o sol está quente. Se escondem na sombra e deitam para fugir do calor", diz Francisco Carlos, esclarecendo que o sistema de criação não é nenhuma novidade. "Era assim que minha avó criava as galinhas", lembra. "Aqui não há uso de anabolizantes e antibióticos. Como a alimentação tem itens naturais, as aves são mais resistentes", afirma.

De acordo com as orientações repassadas pelo Senar aos produtores para criação de galinhas soltas, é necessária a construção de um galinheiro, mesmo que seja rústico, para abrigá-las durante a noite ou nos dias chuvosos. Esse galinheiro deve ser fechado com tela de arame e serve, também, para prender as galinhas, todos os dias, pelo menos até as 10 ou 11 horas da manhã, para que a maior parte delas bote os ovos dentro dos ninhos organizados no local.

Segundo a orientação dada no curso do Senar, quando esses procedimentos não são adotados, as aves fazem seus próprios ninhos no mato, sendo muitas vezes, difíceis de encontrá-los. Quando são localizados, os ovos já estão velhos ou estragados, a galinha já está chocando ou já há pintinhos nascidos.

"No entanto, por falta de recursos, alguns criadores ainda ficam no sistema antigo. Daí a produção de ovos é reduzida, mas, em compensação, os gastos também são menores", diz Francisco Carlos, acrescentando que, mesmo assim, nenhuma ave morreu.

Segurança dos cachorros

No Cariri, havia experiências onde as aves ficavam junto com os bodes e estes espantavam as raposas, maiores inimigas das galinhas. "Agora são os cachorros que não deixam ninguém chegar perto", diz o criador.

"Outro inimigo dos pintos é o gavião. De vez em quando aparece um por aqui, comendo pinto", diz a presidente da Associação dos Pequenos Produtores do Sítio Melo, Francisca Lucirene Pereira. Enquanto falava para a reportagem, um gavião deu um vôo rasante do terreiro de sua casa, no Sítio Romualdo, na tentativa de pegar um pinto. Errou o bote, mas ficou na espreita numa árvore em frente à casa. "O cassaco e o teú também ameaçam as galinhas e os ovos", afirma ela.

Lucirene lembra que a galinha caipira tem mercado certo. Uma ave, com dois meses é vendida por R$ 15,00, enquanto o frango de granja é vendido a R$ 3,70 o quilo. Uma dúzia de ovos custa R$ 3,50, mais caro que os ovos de granja.

Os produtores confirmam que a galinha de capoeira está conquistando o gosto do consumidor por causa de suas propriedades nutricionais. O sabor da carne e o baixo teor de gordura mantêm as mesmas características das galinhas de capoeira do tempo da vovó.


Enquete
Vantagens

"As galinhas são criadas assim soltas. Livres no quintal, pastando à vontade. Só param quando o sol está quente."
Francisco Carlos da Silva
Pequeno produtor de Barbalha

"A galinha caipira tem mercado certo. Uma ave, com dois meses, é R$ 15,00. Já o frango de granja é R$ 3,70 o quilo."
Lucirene Pereira
Pres. da Assoc. dos Prod. do Sítio Melo


CARDÁPIO REGIONAL
Ave conquista a preferência dos consumidores no Cariri

O manejo no terreiro permite uma alimentação basicamente natural, com capim picado e pasto

Barbalha. Em termos de comercialização de produtos oriundos da atividade agrícola familiar, torna-se relevante que os agricultores estejam organizados em associações comunitárias. Tal fato não só permite a redução dos custos operacionais com mão-de-obra e transporte, como também, a manutenção de uma oferta regular, escalonada e competitiva dos produtos. Além disso, a adoção de todos os cuidados recomendados tanto na criação, como no abate das aves, permite que o produto final atenda às exigências do consumidor, facilitando a obtenção de marcas comerciais que possibilitem a sua venda em outros locais.

Assada, cozida, grelhada ou cozida, e combinada com uma grande variedade de ervas e especiarias, a galinha possibilita uma refeição saborosa e nutritiva. Apresenta-se como a principal fonte mundial de proteína animal e uma alternativa saudável à carne vermelha. No Cariri, são comuns os restaurantes especializados em galinha caipira. O famoso pirão de galinha do restaurante "Pau do Guarda" conquistou a região quando o assunto é comida regional.

Uma das receitas mais tradicionais do Nordeste brasileiro é a galinha à cabidela, ou galinha ao molho pardo. Para prepará-la é preciso inicialmente guisar a galinha - ou seja, cozinhar no caldo que a ave vai soltando durante o cozimento - para depois adicionar o sangue colhido durante o abate. O molho é feito também separado para ser misturado com o arroz.

Alimento natural

Ave capoeira é aquela proveniente de uma criação cuja alimentação deve ser suprida basicamente por alimentos naturais como pasto, capim picado, insetos, minhocas, etc. Este conceito permanece inalterado. Esse tipo de galinha é aquela que é quase sempre criada solta no fundo do quintal do sítio. São de várias cores, podendo apresentar penas pretas, brancas, vermelhas ou marrons. Algumas aves possuem o pescoço pelado.

Por incrível que pareça, a ave é parente dos répteis, ou seja, das cobras e lagartos. Ao observar a perna de uma galinha, é fácil perceber que ela possuí escamas como um lagarto.

A primeira galinha foi criada na Ásia e até hoje acredita-se que todas as raças que vivem no mundo são parentes das galinhas que viviam por lá. No Brasil, a galinha chegou em uma das caravelas de Pedro Álvares Cabral, o descobridor do Brasil. Até então, não existiam galinhas no País.

Antônio Vicelmo
Repórter

Eike constrói a primeira usina solar comercial do país

CIRILO JUNIOR
DO RIO

A MPX, do empresário Eike Batista, vai construir a primeira usina solar comercial do país, em Tauá (Ceará). Serão investidos R$ 10 milhões para a instalação de 1 MW (megawatt) de capacidade, que permitirá abastecer 1.500 residências a partir do ano que vem. A empresa já entrou com pedido na Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) para poder operar até 5 MW, o que deve acontecer em até dois anos.

Os planos da MPX preveem ter uma capacidade instalada de até 50 MW em outros projetos. Esse objetivo, porém, ainda esbarra nos custos da energia solar, devido aos equipamentos caros -que só podem ser comprados no exterior.

A usina pioneira não indica que o aproveitamento da luz solar para gerar energia esteja finalmente deslanchando no país. Faltam projetos e sobram reclamações no setor, que cobra do governo incentivos para desenvolver o mercado.

Produzir energia solar custa até seis vezes mais do que a geração hidrelétrica. O custo com energia solar varia entre R$ 500 e R$ 600 por megawatt-hora. Representa até quatro vezes mais do que o preço da energia eólica, outra fonte limpa e renovável. O megawatt-hora da energia oriunda dos ventos varia entre R$ 150 e R$ 200.

A MPX obteve incentivos do governo do Ceará que possibilitaram a construção da unidade. "Mas precisamos ter escala. No mundo, a tecnologia solar vem avançando muito, com incentivos e pesquisa", afirma Marcus Temke, diretor de operações e implantação da MPX.

CUSTO
Para o presidente da Abeama (Associação Brasileira de Energias Renováveis e Meio Ambiente), Ruberval Baldini, o custo da energia solar pode ficar no mesmo patamar da energia eólica, em franca expansão. Mas isso, ressalta, não vai acontecer de forma natural.

"O Brasil tem feito de tudo para que as energias renováveis caminhem sozinhas. O próprio governo diz que é necessário que a tarifa caia para os projetos saírem do papel. Isso só vai acontecer se o governo agir para que os preços caiam", observa.
Produtores chineses de equipamentos têm interesse em se instalar no país. A vinda deles, porém, está condicionada à demanda por material ligado à geração solar.

Temke lembra que há investidores estrangeiros com intenção de estabelecer parcerias, de olho na obtenção de créditos de carbono para mitigar a emissão de gases em outros países.

Apesar de ser o segundo lugar do planeta com maior incidência de raios solares, o Brasil está muito distante da Espanha e da Alemanha, cujas capacidades instaladas em energia solar superam os 2.000 MW. "Estamos 20 anos atrasados na energia solar", sentencia Baldini.

Mauricio Arouca, especialista da Coppe/UFRJ, diz ser um contrassenso o Brasil não aproveitar sua condição privilegiada. Lembra que os custos da indústria, em geral, vêm caindo 15% a cada ano. "Temos aqui apenas testes e casos em regiões bastante isoladas", afirma Arouca.