terça-feira, 21 de setembro de 2010

Diário do Nordeste: Um roteiro de descobertas nas serras do Nordeste

Uma região rica em paisagens únicas, com belezas esculpidas pela natureza, grutas, paredões, mirantes, trilhas e cachoeiras de água cristalina. Essa é uma das principais características do roteiro turístico Serras Nordeste: Entre Parques e Opalas, que envolve o Ceará e o Piauí. Além de ser um destino perfeito para quem busca uma opção diferenciada para a prática do ecoturismo, o roteiro propicia ao visitante uma série de outros atrativos, como o artesanato e a cultura.

O roteiro Serras Nordeste compreende seis cidades dos dois Estados vizinhos: Viçosa do Ceará, Tianguá e Ubajara, no Ceará, e Piracuruca, Piripiri e Pedro II, no Estado do Piauí. Numa altitude média de 500 metros, a região possui a atmosfera característica de um ambiente serrano tipicamente nordestino, onde a natureza se confunde, harmoniosamente, com as manifestações culturais, com as expressões de seu povo que soube de maneira sábia e forte preservar suas raízes culturais e naturais pautadas no passado de uma história de encantos e magias, de lutas e resistências de seus bravos tabajaras e cariris, verdadeiros heróis da terra.

Diversidade

No roteiro, o visitante é chamado a interagir com esse cenário de pluralidade e diversidade. Em Viçosa (CE), os casarios seculares e as igrejas de portas estreitas são o convite para se apreciar o doce sabor dos licores, as irresistíveis petas e a musicalidade pulsante na cidade, com mel, chorinho e cachaça serrana de pé de tonel.

Na mesma sintonia, se chega a um festival musical de inverno em Pedro II (PI), com suas pousadas singelas e casarões históricos, além dos teares de estampas vivas e um barro moldado em cores alegres. Como riqueza natural, o município conta com opalas, pedras preciosas de cores brilhantes, que enaltecem e enriquecem sua gente hospitaleira.

Ao subir um pouco mais a serra, o visitante descobre imensos paredões íngremes em formas de cortinas que enchem os olhos e encantam o coração. Em Ubajara (CE), no Parque Nacional, do topo do bondinho é possível ver as pequenas cidades sertanejas no pé da serra e uma misteriosa gruta cercada de montanhas.

Mais adiante, chega-se ao Parque Nacional de Sete Cidades, em Piracuruca (PI), com belas paisagens campestres e formações rochosas que a imaginação acalenta a alma. São dois parques ambientais de rica e intrigante biodiversidade de flora e fauna, acrescidas de marcas do passado humano nas figuras rupestres.

À medida do caminhar, entre engenhos de cana de açúcar, presença de um Brasil Colonial e casas de farinha, exalam cheiros de beiju, mel, batida e rapadura. No passeio turístico, um descanso é sempre bem vindo. Tianguá (CE) e Piripiri (PI), cidades polos e entroncamentos, oferecem aos seus visitantes uma rede de hospedagem com ótima infraestrutura e uma gastronomia bem diversa ao paladar e a satisfação de todos.

O exótico também faz parte da atração turística. A iguaria Tanajura, manjar dos deuses nativos, pode ser degustada em Tianguá. Aos mais dispostos, um turismo de aventura vai bem, através da prática de rapel, voo livre, escaladas, trilhas e arvorismo, entre outros. A criatividade do artesão no croá, na palha da bananeira, na renda, na pedra sabão ou nas confecções com peças decorativas ou utilitárias, produzidas nas comunidades rurais do semiárido são atrações à parte de destacado valor sociocultural.

Tecer redes de relações com prazer e harmonia, segurança e conforto onde cultura, arte e natureza se completam, acobertado de um clima aprazível entre parques naturais e serras são os grandes diferenciais do roteiro Serras Nordeste que oferece aos amantes do turismo diversificado uma inesquecível viagem no tempo e no espaço desses oásis encravados num cantinho do Nordeste brasileiro.

O roteiro Serras Nordeste: Entre Parques e Opalas é resultado de uma grande parceria entre os Estados do Piauí e do Ceará, numa iniciativa do Sebrae, do Programa de Regionalização do Turismo do Ministério de Turismo e das prefeituras municipais. O roteiro conta com a participação de vários meios de hospedagem, alimentação e receptivo que integram a cadeia produtiva do turismo, sendo 65 empreendimentos no Piauí e 45 no Ceará.

PEDRAS PRECIOSAS
Opalas são atrativo turístico em Pedro II

De origem sânscrita, a palavra opala quer dizer pedra preciosa e é conhecida pela grande variedade de cores na mesma pedra. Acredita-se que as opalas demoram aproximadamente 60 milhões de anos para se formarem. Os romanos acreditavam que a pedra era símbolo de esperança e pureza, mas há quem diga hoje que a pedra é portadora de boa fortuna e que sua presença traz amor em abundância e afasta os males.

A opala em Pedro II, no Piauí, foi descoberta, por acaso, no ano de 1945 e hoje, pelo que se sabe, é a única reserva de opala nobre do País. Além do Piauí, há outra reserva desse tipo na Austrália e as duas são as únicas fontes importantes desse mineral no mundo.

A opala de Pedro II apresenta um jogo de cores com nuances diferentes como um arco-íris que uma pedra preciosa forma ao ser atravessado pela luz. Isso é o que caracteriza a beleza da opala e a sua raridade. Por essa característica do jogo de cores, a opala é conhecida no meio mineralógico e geológico como a Rainha das Gemas, sendo considerada a mais bela de todas as gemas, uma unanimidade no mundo inteiro.

A atividade de mineração de opalas acontece no município desde a década de 40, já tendo sido encontradas aproximadamente 30 minas. Desde 2000, o comércio das opalas começou a ser associado ao turismo local. O Sebrae e o Governo do Estado do Piauí desenvolveram ações no sentido de fortalecer toda a cadeia produtiva da opala, iniciando pela orientação para a criação da Cooperativa dos Garimpeiros de Pedro II (Coogp) e da Associação dos Joalheiros e Lapidários de Pedro II (Ajolp), com o objetivo de institucionalizar os setores-chave do arranjo. Pedro II tem hoje cerca de 29 garimpos, mas apenas 10 estão ativos e podem ser visitados pelos turistas.

Nas oficinas de lapidação, que também recebem turistas, as opalas chegam da mina em estado bruto e são lapidadas de modo artesanal e transformadas em diversos tipos de gemas. Essas gemas são aproveitadas para a produção de joias ou comercializadas em estado lapidado para outras regiões ou exportadas para a Europa e América. O processo é artesanal e um deleite para os turistas.

Outra possível atividade local é a visita às oficinas ou aos ateliês das joalherias. O início da atividade de joalheria em Pedro II foi em 1999, com a chegada do ourives Wadson Alves de Bastos, vindo da cidade de Pirenópolis-GO, a convite de Juscelino A. Souza, proprietário da empresa Opalas Pedro II. Através de cursos realizados pelo Sebrae e pelo Senai, em parceria com empresas de lapidação locais, foram treinados os primeiros ourives precursores da joalheria local.

Atualmente, o setor já emprega 150 profissionais e pretende capacitar outros 200 ourives até o final de 2010. Segundo o presidente da Ajolp, Juscelino A. Souza, em 2007 o setor produziu 200 quilos de joias, atingindo as metas estabelecidas e está se fortalecendo através do Projeto APL da Opala, que conta com as parcerias do Governo Federal, Estadual e Sebrae, para tornar a cidade de Pedro II em polo de lapidação e joalheria.

O trabalho é artesanal e produz principalmente joias em prata. Ouro é feito sob encomenda. As gemas utilizadas são principalmente os mosaicos de opala, opala branca, opala matriz ou rústica, e algumas empresas trabalham com outros tipos de pedras como ametista, citrino, esmeralda, entre outras.

PARQUE NACIONAL DE UBAJARA
Belezas naturais no roteiro cearense

Um dos destinos mais encantadores do Ceará, o Parque Nacional de Ubajara oferece ao turista um encontro com a natureza. Está situado a 847 metros acima do nível do mar e possui uma temperatura variando entre 18 e 25 graus. Nele são encontrados diversos atrativos naturais, como piscinas, cachoeiras e trilhas em cenários inesquecíveis. Em 2002, o lugar deixou de ser o menor parque do País, passando de 563 para 6.299 hectares. Passeios por trilhas e banhos nas cachoeiras proporcionam o contato direto dos visitantes com a natureza.

A Gruta de Ubajara é um dos principais atrativos da Serra da Ibiapaba. Na entrada do parque, os turistas escolhem se querem chegar à gruta através de um tranquilo passeio de bondinho, de onde se tem uma visão espetacular da região, ou por caminhadas nas trilhas. São diversos os níveis de dificuldade desses caminhos que levam à Gruta de Ubajara.

Guias capacitados levam os visitantes pelas trilhas, que são devidamente sinalizadas pelo Ibama. Placas informam as espécies de árvores existentes no parque.

Formada por calcário moldado pelas águas subterrâneas, a Gruta de Ubajara é a principal atração do parque. As belas salas e as formações rochosas impressionam. Estalactites e estalagmites estão por todas as partes, em um espetáculo formado pela água e pelo tempo. A gruta possui 1.120 metros quadrados, mas apenas 420 metros estão abertos para visitação. No total, nove salas podem ser desbravadas pelos visitantes. A iluminação torna a caminhada mais segura e ajuda na apreciação das formações naturais.

A cachoeira do Gavião é outro atrativo para os turistas que procuram belezas naturais na Serra da Ibiapaba. O acesso é permitido apenas com o acompanhamento de guias. Outra cachoeira que merece uma visita é a cachoeira do Cafundó, localizada no Riacho Bela Vista, afluente do Rio Ubajara. Antes da queda maior, forma uma piscina natural que constitui uma oportunidade para se refrescar do calor. Além disso, oferece uma bela vista do parque.

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