segunda-feira, 18 de abril de 2011

Vale do Jaguaribe reivindica campus da UFERSA


Os 21 municípios do Vale do Jaguaribe, no Ceará, estão se mobilizando para reivindicar do Governo Federal a instalação de um campus da Universidade Federal Rural do Semi-Árido naquela região do estado cearense. Na última sexta-feira à noite, 8, atendendo convite da Associação dos Municípios do Vale do Jaguaribe - AMOVALE, o reitor da UFERSA, professor Josivan Barbosa, participou de reunião itinerante para tratar desse assunto. A reunião aconteceu no plenário Vereador Mário Jaguaribe, da Câmara municipal de Jaguaruana. 

Na ocasião, o reitor da UFERSA explanou para os prefeitos, vereadores e demais autoridades participantes sobre o processo de expansão territorial da Universidade Federal Rural do Semi-Árido com a instalação dos campi da UFERSA Angicos, na Região do Sertão Central Potiguar; da UFERSA Caraúbas, na Região do Médio Oeste e, da UFERSA Pau dos Ferros, na Região do Alto Oeste Potiguar. Antes, os participantes assistiram ao vídeo institucional que mostra o crescimento da Universidade.

Para o presidente da AMOVALE, o prefeito de Itaiçaba Franklin Gomes de Freitas, a instalação de um campus da UFERSA no Vale do Jaguaribe representa mais desenvolvimento para a região. "Estamos nos mobilizando para essa conquista que será de grande importância para o desenvolvimento dos pequenos municípios e mais oportunidade de educação e profissionalização para os jovens", explanou, justificando que em se tratando de educação não devem existir fronteiras.

A ideia de expansão da UFERSA para a região do Vale vem sendo discutida há mais de dois anos. Segundo o prefeito de Jaguaruana, Roberto Delfino, anfitrião da reunião itinerante, o momento é de sensibilizar a bancada federal cearense para a causa que representa desenvolvimento para o Vale do Jaguaribe, uma das regiões mais rica do Ceará, ao dispor de água e solos férteis.

Para o prefeito do município de Palhano, Nilson Freitas, a instalação de um campus da UFERSA no Vale representa mais um compromisso dos prefeitos, parlamentares e da sociedade em geral para uma causa nobre que é a educação. "A partir de agora vamos entrar nessa luta com força para conquistar mais adesões a esse projeto que é de grande importância para o Jaguaribe", se comprometeu o prefeito de Palhano.

 Ao analisar a reivindicação dos municípios que compõem a AMOVALE, o reitor da UFERSA, Josivan Barbosa, reconheceu a ausência das universidades públicas na região do semiárido. Segundo o professor, durante 50 anos as universidades se concentraram nas capitais. Citando como exemplo o Ceará, afirmou que numa extensão territorial de Aracati até Iguatú não existe uma universidade federal, enquanto que a capital do estado, Fortaleza conta com 102 cursos superiores.

Ao falar da UFERSA Mossoró, o professor afirmou que a instituição recebe mais estudantes de Limoeiro do Norte que de Natal. "É justa a preocupação dos prefeitos da Região do Vale do Jaguaribe trazer cada vez mais os jovens para mais perto de suas cidades", considerou. Josivan adiantou ainda já existir entendimento entre a UFERSA e a Universidade Federal do Ceará no que se refere a essa questão. "Atualmente, para cada 100 jovens que residem no Vale do Jaguaribe apenas 4 estão na universidade", exemplificou o professor Josivan.

O reitor explicou ainda que a implantação de um campus depende exclusivamente de força política. Daí, a necessidade de uma negociação ampla com os prefeitos, senadores e deputados cearenses. "O Ministério da Educação trabalha com demandas e existe essa demanda no Vale do Jaguaribe", reforçou. No governo Lula, lembrou, foram construídos no país 126 campi. O reitor esclareceu ainda que não há uso de verba municipal, nem estadual para esse fim. "Todos os recursos são federais, sendo as emendas de bancadas bem vindas", informou Josivan Barbosa. 

Durante a sua explanação, o reitor da UFERSA deixou claro para os prefeitos que a instalação de um campus da Universidade Federal do Semi-Árido no Vale do Jaguaribe não depende da sede. "O primeiro passo é que exista união e consenso entre as 21 prefeituras sobre o município que irá sediar a universidade", frisou. Outro fator primordial considerado pelo professor para essa conquista é à força dessa união junto a bancada federal cearense.

Ao encerrar, o reitor se prontificou em acompanhar os prefeitos num encontro com os 25 parlamentares cearenses, como também, em conjunto, apresentar ao ministro da educação, Fernando Haddad, a proposta para criação da UFERSA Vale do Jaguaribe, que compreende do município de Icapuí até o município de Pereiro. A reunião com os parlamentares ficou agendada para acontecer em Fortaleza, no próximo dia 18 de abril.

Jovens da Antônio Martins conhecem potencial da UFERSA

Atendendo convite da Prefeitura de Antônio Martins, na região do Alto Oeste, o reitor da Universidade Federal Rural do Semi-Árido, proferiu palestra na última sexta-feira, 15, sobre Oportunidades para os Jovens do Semiárido. Na ocasião, o prefeito Edmilson Fernandes, reconheceu a importância da UFERSA para um melhor futuro dos jovens do município. “Reconhecemos a importância da educação e essa é mais uma ação da nossa administração no sentido de revelar para os jovens o que a universidade pode oferecer”, afirmou o prefeito de Antônio Martins.

O salão paroquial da matriz da cidade ficou lotado ara ouvir o reitor da UFERSA. O município conta com um cursinho pré-universitário com 130 estudantes. Inicialmente, o professor Josivan Barbosa alertou que “os jovens estão perdendo a oportunidade de ingressar numa universidade federal”. O reitor disse ainda que “falta coragem e força de vontade para essa conquista tão importante na vida do jovem que pode melhorar de vida por meio da educação”.

Após mostrar o vídeo institucional sobre o crescimento da Universidade do Semi-Árido, que em seis anos multiplicou por dez o número de vagas, passando de 210 para 2.030, e o número de cursos, de três para 19, o reitor falou ainda sobre a expansão territorial com os novos campi em Angicos, Caraúbas e Pau dos Ferros, além da sede em Mossoró. Ainda segundo o professor Josivan Barbosa, em cinco anos o orçamento mensal da UFERSA passou de R$ 120 mil para R$ 2 milhões. “Nos últimos cinco anos foram investidos mais de R$ 60 milhões na Universidade”, frisou.

O reitor assegurou ainda que a falta de recursos financeiros não é motivo para não ingressar na Universidade. “A UFERSA oferece bolsas de incentivo aos estudantes carentes”, pontuou. Para os estudantes, ele apresentou ainda toda a infraestrutura da Universidade do Semi-Árido que conta com mais de 50 laboratórios.

Atentos, os mais de 200 estudantes de Antônio Martins tomaram conhecimento que de cada 100 jovens que moram na região do semiárido, apenas três conseguem uma vaga numa universidade federal. “Essa realidade precisa ser mudada, pois não há mais necessidade de vocês se deslocarem para capital e cursar a universidade. A UFERSA está cada vez mais perto de vocês”, avisou o reitor aos estudantes.

A palestra levantou o ânimo dos estudantes como é o caso de Jackcelly Batista de Oliveira, aluna do cursinho pré-vestibular. “Ainda não decidi qual o curso irei escolher, mas sem dúvida, será na UFERSA”, afirmou a estudante que se prepara para o ENEM. Antônio Vicente Sobrinho, outro estudante do cursinho, não tinha conhecimento sobre a UFERSA. “Pretendo tentar uma vaga para medicina veterinária. Achei a palestra muito importante”, considerou.


AQUAPO e IAGRAM inovam na comercialização de peixe


Por Passos Jr


A Associação dos Aquicultores do Apodi – AQUAPO, em parceria com a Incubadora do Agronegócio de Mossoró – IAGRAM, irá demonstrar uma nova forma de comerciar pescado nas feiras livres da região. A novidade possibilitará a comercialização do peixe vivo para o consumidor. A demonstração do Kit Feira para Peixe Vivo será feita no próximo dia 20 de abril, na feira livre de Apodi, a partir das 7:30h.

Segundo o responsável pelo setor de produção da AQUAPO, Geraldo Vicente da Costa Neto, o kit foi doado pelo Ministério da Pesca e Aquicultura como forma de divulgar uma nova forma de comercialização do pescado, proporcionando mais qualidade e segurança para os consumidores. “Também queremos divulgar o nosso modelo de produção para colocar o peixe produzido em Apodi no cardápio da merenda escolar”, afirma Geraldo.

Para o lançamento do Kit Feira para Peixe Vivo foram convidados, além dos parceiros da AQUAPO, os diretores das escolas públicas de Apodi e suas respectivas secretarias. “Queremos mostrar o processo de produção do pescado, da chegada até o beneficiamento final, a fim de mostrar a qualidade do peixe a ser colocado a disposição das escolas”, frisa Geraldo.

Após a demonstração será realizada uma visita a Barragem de Santa Cruz onde haverá uma demonstração sobre o sistema de produção de tilápia em tanque rede. Também será realizada uma visita a Unidade de Beneficiamento de Pescado de Apodi, localizada na base da EMPARN.


Tribuna do Norte: Os caminhos do semiárido

 17/04/2011

Se compararmos o desenvolvimento e a evolução de uma universidade com as fases da vida de um ser humano, podemos dizer que a Universidade Federal Rural do Semi-árido (Ufersa) é ainda uma criança. Universidades na Europa têm centenas de anos. No Rio Grande do Norte, a UFRN já conta com mais de 50 anos de história. Com apenas seis anos de existência enquanto instituição federal, a Ufersa dá os primeiros passos para se transformar em uma instituição de grande porte. Contudo, a despeito da pouca idade, a instituição já conta com o reconhecimento da sociedade como um ator fundamental no desenvolvimento  do Semi-árido. 

Melão, caprinos, goiaba, petróleo, energias renováveis. As pesquisas da Ufersa têm uma forte ligação com as cadeias produtivas de cidades como Mossoró, Baraúna,  Pau dos Ferros, Upanema, Açu, entre outras do semi-árido potiguar, constituindo, na opinião do reitor Josivan Barbosa, um importante vetor de desenvolvimento para o interior do Rio Grande do Norte. Essa relação com as atividades da fruticultura, pecuária, além de petróleo e gás e mineração, é um dos diferenciais da instituição, nascida a partir da Escola Superior de Agricultura de  Mossoró (ESAM), no ano de 2005.

A criação da ESAM por sua vez data do fim da década de 60. O perfil voltado desde aquela época para a agricultura e pecuária teve poucas alterações, com a inclusão de linhas de pesquisa em petróleo e gás, energias renováveis, tecnologia da informação, entre outras áreas. Mesmo assim, o vínculo com a agropecuária, e todas as questões relativas a esse universo, é inegavelmente o mais forte. “As pesquisas com fruticultura iniciaram-se no início da década de 80. Naquela época os pesquisadores da ESAM criaram unidades demonstrativas de fruteiras nas micro-regiões de Pau dos Ferros, Mossoró, Governador Dix-Sept Rosado, entre outros. Atualmente, a Ufersa possui parceria com os produtores de frutas tropicais de, praticamente, toda a região, com destaque para as culturas do melão, melancia, caju, banana, mamão, abacaxi, uva, entre outras fruteiras”, explica o reitor Josivan Barbosa.

No que diz respeito às pesquisas em fruticultura, uma das principais características é a ligação com as empresas de agronegócio e associações de produtores. O Sindicato da Fruta do RN, a Agrícola Famosa, maior empresa produtora de frutos tropicais da região Oeste, além de pequenos, médios e grandes produtores de frutas são alguns dos parceiros. Associações de criadores de cabras, ovelhas e abelhas, além de associações de pescadores, também entram nesse universo. As atividades de pesquisa dos professores normalmente são voltadas para a resolução de gargalos e entraves técnicos desses setores.

A estrutura de pesquisa para desenvolver todo esse trabalho conta com 40 grupos e 11 cursos de pós-graduação, sendo dois doutorados e nove mestrados. Somente no ano passado, a Ufersa conseguiu aprovar três cursos de mestrado e um doutorado. A estrutura de pesquisa cresceu desde 2004, quando ainda era apenas ESAM, cerca de 15 vezes. Há aproximadamente 400 professores no quadro e a perspectiva é de aumento desse efetivo com novos concursos a serem pedidos ainda esse ano para os campi de Caraúbas e de Mossoró.

O fato de ser uma instituição nova dificulta a captação de recursos nas agências financiadoras do Governo Federal, tendo em vista que a quantidade de trabalhos publicados e o prestígio da universidade e grupos de pesquisa contam bastante durante essa captação. Contudo, apenas em 2011 já foram captados R$ 2 milhões a partir da Finep. Mesmo com os cortes operados no orçamento do Ministério da Ciência e Tecnologia, a Universidade espera, segundo o reitor Josivan Barbosa, obter financiamento para novos projetos e laboratórios de ensino e pesquisa.

Uma das pesquisas desenvolvidas por professores da Ufersa na área da fruticultura é o melhoramento genético de híbridos de melão. O trabalho é realizado pelo pesquisador Glauber Nunes e uma equipe de mais 10 professores desde 2001. Como se trata de uma área de forte interesse econômico para a cidade de Mossoró e arredores, existem parcerias com empresas de agropecuária locais, além de financiamento público. O interesse de todos os envolvidos é conseguir produzir melões mais atrativos para o mercado de frutas.

Trata-se de um trabalho firmado na idéia de inovação tecnológica. A expectativa é de obter um produto de maior valor agregado. No caso do melão especificamente, os pesquisadores tentam produzir uma fruta mais doce, mais resistente a doenças e pragas e mais produtiva através do cruzamento de linhagens da planta para a obtenção de um “híbrido”. “Um melão híbrido é aquele obtido a partir de duas linhagens distintas. Há uma vantagem nos híbridos. Eles têm mais vigor, são mais produtivos que as linhagens puras”, explica o professor Glauber Nunes.

Por conta das especificidades das pesquisas com melhoramento genético, o grupo ainda não conseguiu produzir um híbrido com as características procuradas, embora existam resultados animadores. “Uma pesquisa como essa tem resultados a longo prazo. São pesquisas que duram 15 ou 20 anos. A nossa precisa de mais uns cinco anos para chegar aos resultados desejados”, diz Glauber, acrescentando que já existem linhagens melhoradas em fase de teste.

Além das empresas de agropecuária da região, a pesquisa com melhoramento genético do melão tem a Empresa Brasileira de Agropecuária (Embrapa), a Universidade Federal do Rio Grande do Norte e a Universidade Estadual da Bahia como parceiras. Nos 10 anos de pesquisa, o grupo conseguiu captar cerca de R$ 300 mil em agências financiadores, um valor considerado relativamente pequeno em comparação com os benefícios conseguidos. “Tem sido uma pesquisa barata e além disso serve para outros produtos, como melancia, por exemplo”, encerra o professor Glauber Nunes.

Q Josivan Barbosa, Reitor da Ufersa

Qual a estrutura disponível na Ufersa hoje em termos de pesquisa?

Os pesquisadores da UFERSA aprovam bons projetos nas principais agências de financiamento à pesquisa científica do país (Embrapa, CNPq, Finep, CAPES, BNB-ETENE-Fundeci, Petrobrás, entre outros) e, aos poucos, começam a participar de convênios com outros países. Apenas a título de exemplo, em 2004 a Ufersa tinha apenas 1 bolsista produtividade em pesquisa do CNPq, a elite da pesquisa científica nacional, hoje ela tem 15 pesquisadores nesta situação. Podemos, assim, dizer que a Ufersa aumentou em 15 vezes a sua competência na produção do conhecimento.

As pesquisas desenvolvidas até agora estão relacionadas com que questões do semiárido?

Os cursos de graduação e de pós-graduação da Universidade do Semi-Árido estão em sintonia com as principais cadeias produtivas da região, ou seja, Petróleo, gás natural e energia renovável, indústria do calcário, agronegócio e indústria do sal. Conseqüentemente, os docentes atuam desenvolvendo atividades de desenvolvimento tecnológico voltadas para os gargalos destes setores.

Existe uma aproximação com a iniciativa privada no intuito de fomentar a inovação tecnológica? Com que empresas?

Na área do Agronegócio a UFERSA possui parceria com o COEX (Comitê Fitossanitário do RN) e com o Sindicato da Fruta do RN, além de pequenos produtores, médios produtores e grandes produtores, como é o caso da Agrícola Famosa, a maior empresa produtora de frutos tropicais da nossa região.

Os trabalhos de desenvolvimento tecnológico da UFERSA são desenvolvidos nas micro-regiões de Pau Branco (Mossoró), Baraúna, Quixeré, Limoeiro do Norte, Upanema, Baixo-Açu e Apodi. A UFERSA desenvolve pesquisa de ponta na área de apicultura com diversas associações, o mesmo acontece com a caprinovinocultura.

Aos poucos, a UFERSA incrementa as pesquisas no setor de petróleo, gás natural e energia renovável. Há, também, uma série de pesquisas voltadas para a área de tecnologia da informação e da comunicação e também uma forte demanda por pesquisas na área de meio ambiente.