quinta-feira, 2 de outubro de 2008

O AGRONEGÓCIO DE FRUTAS

O AGRONEGÓCIO DE FRUTAS FRESCAS CONCENTRA-SE NO SEMI-ÁRIDO
Prof. Josivan Barbosa Menezes Feitoza*
O Brasil apresenta superávit na balança comercial da fruticultura desde 1999. No ano passado o País obteve US$ 430 milhões, com aumento de 45% em relação a 2006. O volume de frutas frescas exportado em 2007, conforme dados oficiais foi de 918,7 mil toneladas, o equivalente a US$ 642,7 milhões. Apesar de ser o terceiro maior produtor de frutas frescas do mundo, o País tem apenas 1,6% de participação no comércio internacional.
O principal destino da nossa fruta é o mercado da União Européia, com cerca de 70% do volume exportado, sendo a Holanda o principal comprador e distribuidor para o resto da Europa.
Os 10 principais produtos exportados em 2007, na ordem, foram: uva, melão, manga, maçã, banana, limão, mamão, laranja, abacaxi e melancia.
Dos dez produtos listados acima, o Semi-árido Nordestino destacou-se em 80%, sendo que o RN e o CE contribuíram com seis ( melão, banana, mamão, abacaxi, melancia e manga).
A uva concentra-se na região do Vale do São Francisco, sendo que a cada ano aumenta o volume produzido de uvas sem sementes substituindo as variedades tradicionais, mais clássicas, com sementes. O país exportou, cerca de 79 mil toneladas de uvas frescas com faturamento de quase US$ 170 milhões.
O melão continua sendo o grande destaque da exportação de frutas frescas do país. A Chapada do Apodi (Baraúna, Quixeré e Limoeiro do Norte), localizada na divisa entre Ceará e Rio Grande do Norte e a micro-região de Pau Branco (Mossoró) concentram as principais empresas produtoras e exportadoras. Além destas micro-regiões, outros municípios como Aracati, Jaguaruana, Itaiçaba, Tibau, Icapuí, Apodi, Upanema, Parazinho, Russas, Morada Nova, Grossos e Jandaíra apresentam pequenos e médios produtores de melão. Todos os municípios produtores de melão estão no Semi-árido. Estima-se em 14 mil hectares plantados por safra com a cultura do melão. A região exportou 204 mil toneladas com um faturamento de US$ 128 milhões. Os principais tipos de melão exportados foram: amarelo (várias cultivares), Orange Flesh, Piele de Sapo, Galia, Cantaloupe e Charantais.
O mercado mundial de manga a cada dia torna-se mais complexo. Os principais concorrentes do Brasil são México, Peru e África do Sul.
Estima-se que o Brasil exportou em 2007 cerca de 116 mil toneladas de manga fresca, o equivalente a quase US$ 90 milhões. Desse total, 93% do volume foi produzido no Semi-árido (Vale do São Francisco). A região do Vale do São Francisco já apresenta mais de 20 mil ha implantados de manga, respondendo por 320 mil toneladas de frutos frescos, dos quais mais de 30% são destinados aos mercados da União Européia, Estados Unidos e mais recentemente Japão. A variedade Tommy Atkins domina o mercado, sendo que aos poucos, outras variedades começam a ser produzidas como a Kent e a Keitt. A variedade Tommy Atkins tem boa aceitação no mercado americano, sendo que a Kent e a Keitt têm mostrado boa aceitação nos mercados da União Européia e Asiático (Japão).
A exportação de abacaxi in natura aumentou significativamente em 2007 e pode avançar ainda mais neste ano. O Ceará foi o principal exportador, com cerca de 30 mil toneladas, representando um faturamento de cerca de US$ 16 milhões de dólares. A produção de abacaxi no Ceará está concentrada no DIJA (Distrito Irrigado Jaguaribe Apodi) utilizando água do Complexo Castanhão através de canais de irrigação alimentados pelo Rio Jaguaribe no município de Limoeiro do Norte. O Estado produz a cultivar MD2 desenvolvida na Costa Rica e importada por multinacional a partir do ano 2001. Os principais países importadores do abacaxi produzido no Ceará são Itália, Alemanha e Holanda.
Em relação a banana, o Rio Grande do Norte destacou-se como o principal Estado no faturamento com exportação. O Estado exportou, cerca de 77 mil toneladas e faturou mais de US$ 28 milhões. O segundo estado em faturamento foi Santa Catarina, seguido por Ceará e São Paulo. As principais micro-regiões produtoras de abacaxi no Semi-árido são Bom Jesus da Lapa e Urandi (Bahia), Petrolina e Juazeiro (Pernambuco e Bahia), Baixo Acaraú, Quixeré e Limoeiro do Norte (Ceará) e Vale do Açu (Rio Grande do Norte). No caso específico do Rio Grande do Norte, as expectativas de exportação do produto em 2008 não são animadoras. Somente uma empresa teve uma perda de 1000 hectares de banana para exportação em decorrência das enchentes na Bacia do Rio Piranhas-Assu.
Em relação ao limão (lima ácida ou limão tahiti), o país exportou em 2007, cerca de 58 mil toneladas o que resultou em faturamento de quase US$ 42 milhões, mas isto representa apenas 5% do que é produzido. Apesar de São Paulo ser o principal produtor de lima ácida, a cada ano registra-se aumento de áreas com o cultivo desta fruta em regiões semi-áridas de Minas Gerais e Bahia.
Em se tratando do mamão, os estados que mais o produzem são Espírito Santo, Bahia e Rio Grande do Norte. Segundo levantamento do CEPEA (Centro de Estudos em Economia Aplicada) as áreas plantadas, em hectare, são, respectivamente, 8.540, 14.937 e 1900. As vendas externas de mão do Espírito Santo corresponderam, em 2007, a 49,5% do total brasileiro. O Rio Grande do Norte foi o segundo maior exportador, com 24,5%, seguido da Bahia, com 19,57%. A expectativa para 2008 é de incremento no volume exportado de mamão pelo Rio Grande do Norte. A qualidade do fruto (isento de pragas e a boa aparência) tem sido o principal fator responsável pelo aumento das exportações de mamão no Estado. As variedades de mamão mais produzidas no Brasil são do grupo Havaí (Golden e Sunrise) e Formosa. De acordo com o produtor Eng. Agro. Wilson Galdino de Andrade, pesquisador da Universidade do Semi-árido, há novas variedades surgindo no mercado, resultantes de cruzamento entre os dois grupos (Havaí e Formosa). Uma dessas variedades é a calimosa que tem se mostrado de excelente qualidade na micro-região de Baraúna no Rio Grande do Norte. Os frutos são maiores do que os do grupo Havaí e mais saborosos do que os do grupo Formosa.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

O ENCONTRO DO FAXINEIRO COM O METALÚRGICO

ENTREVISTA NO JORNAL O MOSSOROENSE 14.09.2008 CADERNO UNIVERSO

Josivan Barbosa Menezes Feitosa, 45 anos, traz uma história de vida marcada por sofrimento e superação. Natural da localidade rural de Apanha Peixe, Caraúbas/RN, veio para Mossoró no ano de 1975. Uma vez instalado na cidade, chegou a trabalhar como camelô, embalador em supermercado e faxineiro na então Escola Superior de Agricultura de Mossoró (ESAM), atual Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA) onde hoje atua como reitor. Acolhido por Mossoró, Josivan formou família, é casado com a advogada Maria Ariget Menezes e tem dois filhos, Bruno e Renata, de 14 e 17 anos, respectivamente. Nesta entrevista acompanhe o relato de uma vida difícil, mas lapidada com estudo e perseverança.

ADRIANA MORAIS - O Mossoroense - O senhor tem uma bonita história de vida. Soube que começou na Escola Superior de Agricultura de Mossoró (ESAM) como faxineiro. Poderia nos contar como foi essa vivência desde a sua infância até se tornar reitor de uma instituição federal?
Josivan Barbosa - Nasci numa família de onze filhos e meu pai era bóia-fria, e como todos sabem um bóia-fria não tem um metro quadrado de terra e presta serviço só quando aparece alguma coisa. Já a minha mãe fazia vassoura de palha para vender. Nossa situação financeira era muito difícil e a minha família não era apenas pobre, ela era extremamente pobre. Morávamos num pedacinho de terreno numa casa de taipa, que tinha as portas e janelas de talo de carnaúba.

OM - Quando veio para Mossoró?
JB - Vivi com meus pais até os nove anos de idade em Apanha Peixe, na cidade de Caraúbas. Tive a sorte de uma irmã minha vir para Mossoró. Depois de se formar e casar, ela me convidou para morar com ela. Para se ter uma idéia de como nossa situação era difícil, para vir embora para Mossoró, eu e minha mãe andamos 18 km para chegarmos em Apodi e pedirmos dinheiro ao meu padrinho para ele me dar uma muda de roupa.

OM - Ao chegar aqui, o senhor começou logo a estudar?
JB - Chegando aqui eu fui estudar no Mobral, antigo Movimento Brasileiro de Alfabetização. Lá só estudavam pessoas adultas e apenas uns três dias. Depois disso, fui estudar com uma professora particular, no bairro Boa Vista. Cheguei aqui em setembro de 1985 e fiquei com essa professora até o final do ano. No ano seguinte fui estudar no Educandário Presidente Kennedy e em seguida no Colégio Estadual de Mossoró, onde concluí os estudos e prestei vestibular para Agronomia na Esam.Mas, no ano anterior para fazer o vestibular eu não tinha renda alguma e fui trabalhar de camelô, no Mercado Central. Como não ganhava muito dinheiro lá, fui trabalhar em um supermercado. Passei umas semanas por lá e pedi no colégio para estudar com horário intermediário, das 10h às 14h. Chegava cedinho, às 5h da manhã todos os dias para arrumar, embalar e entregar e ficava até a hora de ir para a escola. Às 14h, eu voltava para o supermercado e ficava até 10 horas da noite. Mas, eles lá não aceitaram e disseram que só estuda quem tem condições e quem não tem vai trabalhar. Saí de lá e fui trabalhar vendendo malha para poder pagar um cursinho para mim. Estudei, passei no vestibular para Agronomia na Esam e fui morar na vila acadêmica, mas mesmo assim não tinha dinheiro para me manter.

OM - Foi quando começou a trabalhar como faxineiro?
JB - Sim. Fui pedir ajuda ao diretor da época, Vingt-un Rosado. E ele me conseguiu uma bolsa, onde eu ganhava o valor de 50 reais para varrer, arrumar e ficar responsável para fechar e abrir a diretoria acadêmica. Eu executava tarefas numa espécie de zelador e vigia. Permaneci um ano nessa situação. Quando foi no segundo ano do curso, fiz concurso para ser monitor de Química e em seguida fui estagiar num colégio do Estado.

OM - O que o senhor fez quando terminou o curso?
JB - Quando terminei o curso de Agronomia, passei quinze meses estudando para fazer o concurso para professor de Química na Esam, em 1987. Assim que passei para ser docente, tive como meta fazer mestrado. Ainda passei dois anos lecionando e saí para fazer mestrado em Minas Gerais. Retornei a Mossoró e logo depois fui fazer doutorado também em Minas Gerais, onde terminei com um tempo mais curto, de dois anos e meio. Voltei a Mossoró em 1996 e fui convidado pelo diretor da época, João Weine, para colaborar com a administração dele. Primeiramente como coordenador do curso de mestrado e depois como coordenador de pesquisa e pós-graduação. Fiquei nessa função até 2003, quando me candidatei a diretor da Esam e fiquei até 1° de agosto de 2005. Neste ano, conseguimos transformar a Esam em Universidade e fiquei como diretor e reitor pro tempore até dia 4 de agosto deste ano, quando fui nomeado reitor da Ufersa.

OM - Recentemente, um candidato oposicionista da última eleição entrou na Justiça para tentar impugnar sua posse como reitor da Ufersa. Como se deu esse impasse?
JB - Esse foi um momento triste dentro da administração da Universidade, pois esperávamos que nossos colegas opositores tivessem espírito democrático, respeitassem o resultado das urnas, mas me surpreendi quando um candidato que ficou em segundo lugar fez de tudo pedindo a um juiz que tirasse meu nome da lista e colocasse o dele. Até então, a gente tinha impressão de que ele tinha espírito democrático, mas não, ele tinha era sede de poder. É muito difícil você assumir os órgãos públicos quando se tem sede de poder. Você tem que ter sede para prestar um bom serviço à sociedade. Um reitor é um servidor como qualquer outro numa instituição.

OM - Em apenas três anos a Ufersa passou por grandes avanços. Primeiramente deixou de ser Escola Superior com a oferta de apenas dois cursos para se tornar Universidade Federal e já disponibiliza 11 cursos. O senhor, como reitor pro tempore e agora iniciando o primeiro mandato como reitor, fez parte desse processo. Qual sua avaliação desse impulso repentino?
JB - A Ufersa tem só três anos de existência e está em construção. Eu consegui conscientizar a comunidade acadêmica de que ela tinha que ampliar seu raio de atuação. Até então, ela só tinha atividade na área de ciências agrárias e agora ela já abarca as áreas de engenharia e sociais aplicadas. Tenho lutado muito junto ao Conselho Universitário para aprovar esses projetos de criação de novos cursos de graduação, mestrado e doutorado. Nós temos dentro da Universidade uma oposição que é contínua e é contra a expansão, o crescimento. Temos lutado e graças a Deus temos tido sucesso e quem ganha com isso é a sociedade. Antes a Ufersa oferecia 220 vagas por ano e agora já vamos oferecer cerca de 1.500 vagas por ano. Já é um quantitativo razoável, mas pretendemos aumentar ainda mais essa oferta. Porém, é um trabalho que deve ser feito paulatinamente para não haver precipitação.

OM - Como está sendo essa expansão nos outros municípios?
JB - Estamos concluindo agora a construção do campus de Angicos e este é o primeiro prédio de expansão da Universidade no Estado. É importante lembrar que o dinheiro da construção da sede de Angicos não é o mesmo destinado ao campus de Mossoró. Como a verba não é dividida, então dá para você crescer ao mesmo tempo. Nós vamos correr atrás dessa verba junto ao governo federal, assim como pretendemos adquirir verba para os campi de Apodi, Limoeiro do Norte (CE), Pau dos Ferros e Ceará-mirim.

OM - O curso de Direito, que foi recentemente aprovado pelo MEC, será implantado brevemente na Ufersa. Como está esse processo?
JB - Eu já fui sabatinado com relação a esse curso de Direito em pelo menos 10 instâncias e as perguntas são muito parecidas. A que os construtores da OAB em Brasília fizeram foi: Como o senhor explica ter três cursos de Direito em Mossoró e ainda querer criar outro? A resposta que eu dei foi a mesma que acontece em Natal: Quantos cursos de Direito tem a capital? Ela tem pelo menos 10 cursos uma população de 800 mil habitantes. Além disso, a demanda para um outro curso de Direito em instituição pública é grande. Na Uern pelo menos 35 jovens concorrem a uma vaga, e 34 ficam de fora. O que vamos fazer é dividir por dois essa concorrência. Outro aspecto é que o curso da Ufersa não vai competir com o da Uern. Na verdade, ele vai ser um complemento para a formação dos nossos jovens naquelas áreas que não tem potencial na Universidade, como direito internacional, ambiental, digital, petróleo, agrário. No momento estamos apenas aguardando a publicação da portaria pelo ministro e dependemos de uma revista do MEC a nossas instalações.

OM - Como está a relação da Ufersa com instituições de outros países?
JB - A internacionalização de uma universidade só se concretiza se ela tiver qualidade. Os alunos precisam de mobilidade dentro do seu país e entre países. Além disso, há uma mobilidade bastante flexível dos nossos professores nas instituições de todo o mundo. Daqui a pouco nossos técnicos administrativos estarão com relações entre universidades também (risos). Recentemente, a Ufersa criou uma assessoria própria para trabalhar com os convênios e conexão com outros países.

OM - Diante de uma vida tão difícil, qual o segredo para ter chegado onde o senhor chegou?
JB - O segredo? Bem, o segredo eu acredito que seja a persistência. Parece que o sofrimento se transforma numa marca que ajuda você a lutar. Eu já disse a muitas pessoas que o filho do homem mais rico lá de Apanha Peixe chamava-se Bobó, e quando eu não tinha o que comer eu ia para a casa dele. Hoje, ele é mototaxista. Eu encontro muitos colegas meus de infância que são carroceiros, flanelinhas. Isso é uma coisa muito complicada. Você ter que presenciar essas diferenças. Muitos já vieram aqui me visitar ou pedir emprego. E me sinto como um batalhador, mas nunca deixei que minha situação financeira e as dificuldades que enfrentei pudessem sobrepor com orgulho às outras pessoas
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Quinta-feira, 11 de Setembro de 2008

COMO NASCEU A UNIVERSIDADE DO SEMI-ÁRIDO21 SONHOS DE VINGT-UNSONHO 1:ESCOLA SUPERIOR DE AGRICULTURA DE MOSSORÓ – ESAMI - O Criador e ConsoladorNum distante “Pais” chamado Santana das Lavras do Funil, talvez o mais antigo Edifício da Escola Superior de Agricultura de Lavras, batizado de Álvaro Botelho, hoje sede do Museu BI Moreira, abrigava nos idos 1941, laboratórios e salas de aulas.Na parte térrea, um professor de bata branca, irrequieto, competente e entusiasta ministrava a disciplina de Matemática.Chamava-se Fernando Antônio Camargo, apelidado de Fergo.Um aluno ouvia e prestava atenção aos exercícios de Cálculo Integral e Diferencial. Era nordestino e preferia uma carteira que lhe permitia olhar através da janela, passando por cima do Edifício Odilon Braga, atravessando as serras das Gerias e sonhando acordado, levava nas asas de sua imaginação a idéia de que talvez, num dia remoto, pudesse plantar no chão adusto de sua cidade natal, uma semente à imagem e semelhança da ESAL.Talvez o nordestino estivesse delirando.Mas em 1944, ao se grudar em Agronomia, o sonho já ganhava contornos mais definidos.Em 1948, começou a estudar e a descobrir que outros pioneiros já o haviam antecipado.Vingt-un construiu a Pré-história do que seria a ESAM.Ninguém na cidade tinha tido a iniciativa de fazê-lo até então.Nenhum historiador tentara articular os esforços isolados e pouco conhecido de João Ulrich Graf (16 de fevereiro de 1876), Alípio Bandeira, Tércio Rosado, Antônio Martins de Miranda, Francisco Izódio de Souza, Francisco Vicente Cunha da Mota.A pesquisa exaustiva de Vingt-un incorporou-os todos à Saga do Ensino Agronômico do Rio Grande do Norte.“Notícias sobre Graf” foi publicada em “O Mossoroense” de número 76, 77, 78, 79, 80, 81, 83, e 90 de 7 a 16 de fevereiro e 16 de maio de 1948.Em 1949. Vingt-un estudava Tércio como “ Um precursor do Cooperativismo” (Coleção Mossoroense, Série “B”, nº 4, 1949).As iniciativas múltiplas de Tércio interessado no Ensino Agrícola foram registradas. Os pioneiros tiveram também o seu lugar naquela pesquisa.Em 1946, Vingt-un propõe ao reitor Onofre Lopes a criação de uma Escola de Agronomia em Mossoró e convoca Vingt-un e Dix-huit para reforçarem o pleito.Do mesmo ano é um apelo a três deputados estaduais, ligados a Mossoró, numa mensagem semelhante: Francisco Revoredo, Manoel Avelino e José Rocha. Em 1965, 19 de janeiro, parece que o aluno de 1941, das aulas de fergo continuava delirando com sonhos grafiano.Escreve a José Guimarães Duque e sugere que a SUDENE crie em Mossoró uma Escola de Agronomia para o semi-árido. E convida o sábio do xerofilismo para Diretor da Escola, se a SUDENE aceitasse o desafio vantaniano.Finalmente, em 1967, Dix-huit vem a Mossoró, como Presidente do INDA, pela primeira vez.O Senador Dinarte Mariz lembrava o nome do mossoroense para tão alto cargo.Dix-huit aceitou a argumentação de Vingt-un e se convenceu de que era hora de Mossoró ganhar uma Escola de Agronomia.Mas, como justificar sua criação pelo INDA?Encontrou-se logo uma formula: O INDA faria um convênio com a FUNCITEC (a Fundação da Prefeitura que era uma espécie de Pré-universidade) e lhe repassaria a totalidade dos recursos necessário à implantação da ESCOLA.Vingt-un convidou João Batista Cascudo Rodrigues a redigir o Decreto da sua criação.Já escolhera o nome: ESAM, tradução mossoroense da Escola Superior de Agricultura de Lavras, ESAL. O Decreto foi levado por Vingt-un para colher a assinatura do Prefeito Raimundo Soares de Souza, uma das mais formosas inteligências já brotadas no chão potiguar.Recebido os primeiros repasses, a ESAM começava.Estávamos a 2 de junho de 1967.O executor do Convênio INDA/FUNCITEC era a maravilhosa figura de Orlando Teixeira, tão empolgado com as suas tarefas que terminou num leito da casa de Saúde Dix-sept Rosado, levado por estafa alarmante.Uma meia dúzia de edifícios, laboratórios, tudo que fosse necessário para início do funcionamento de uma escola foi providenciado sem tardança pelo Presidente Dix-huit Rosado.Não estaremos exagerando: sem Vingt-un a ESAM não existiria, sem Dix-huit, a Escola de Agronomia do semi-árido ainda continuaria um sonho do seu irmão mais moço.Vingt-un foi o criador, Dix-huit o federalizador (consolidador).Eis o maior, o incomensurável serviço de Dix-huit: federalizá-la dois anos, seis meses e três dias depois da sua fundação graças ao seu perstígio junto ao Ministro Tarso Dutra.Uma análise do quadro abaixo denuncia a magnitude do trabalho de Dix-huit.Eis a relação de 11 instituições agronômicas ou das universidades a que pertenciam, detalhando o ano da criação, o ano da federalização e o espaço de tempo decorrido entre as duas datas:NomeCriação – FederalizaçãoPeríodoUniversidade Federal da Bahia1877-194164 anosFundação Univ. Fed. de Pelotas1883-194562 anosEscola Superior de Agronomia de Lavras1908-196355 anosUniversidade federal de Porto Alegre1896-195054 anosUniversidade Federal Rural de Pernambuco1912-195543 anosUniversidade Federal de Viçosa1928-196941 anosCentro de Ciências Agrárias (UFCE)1918-195941 anosUniversidade Federal do Paraná1918-195032 anosUniversidade Federal Rural do Rio de Janeiro1913-193421 anosUniversidade Federal de Santa Maria1961-197514 anosFundação Univ. Federal de Uberlândia1984-199107 anosII – Dia dois da História da ESAMA carta que Vingt-un escreveu a Paulo Guerra, uma espécie de edição mossoroense de José Guimarães Duque e José Augusto Trindade, merece ser transcrita:Mossoró, 20 de abril de 1967.Paulo:1) O Decreto nº 3/67, de 18 de abril, do Prefeito Municipal, criou a ESCOLA SUPERIOR DE AGRICULTURA DE MOSSORÓ.2) A Fundação para o Desenvolvimento da Ciências e da Técnica, da Prefeitura, será o órgão mantedor.3) Precisamos, com urgência, da sua ajuda total.4) Queremos que você nos oriente em todos os rumos, na preparação do papelório, na escolha do terreno, na Filosofia da Faculdade, no escalonamento das cadeiras, na indicação e distribuição destas cadeiras pelas diversas séries.5) Também desejamos que o DOUTOR PAULO GUERRA SEJA O DIRETOR DA ESCOLA SUPERIOR DE AGRICULTURA DE MOSSORÓ.6) Para começo de conversa: como v. pode vir passar uma semana aqui, conosco, neste trabalho preliminar? Mandaríamos pegá-lo e depois deixá-lo de volta.7) Será a primeira Escola Superior de Agricultura do RN, servirá a Mossoró, ao Oeste, ao RN e às áreas de Estados vizinhos da qual Mossoró é metrópole regional.8) Creio que o Velho Rosado e o velho Felipe estariam felizes com iniciativa.9) Pergunto a você: as Escola de Agronomia não ensinam uma Agronomia muito universal ou é apenas impressão de um velho agrônomo que não chegou que não chegou a ser Agrônomo, que tem sido bodegueiro de gesso desde que se formou?10) Vamos pensar numa Escola que ensine Lavoura Seca, Agricultura de Caatinga, as culturas regionais, etc?11) Quando você vier venha armado: pensando em regimento interno, em plantas de edifícios, que edifícios são indispensáveis para o primeiro ano, que matérias devem constar do primeiro ano, etc.12) Conselho Estadual de Educação autorizará o funcionamento do primeiro ano. Teremos que preparar o processo, com as toneladas de papel do que é exigido.13) Até agora a Faculdade, que está completando o seu segundo dia de existências. ESTÁ SOMENTE NUMA FOLHA DE PAPEL. Nem terrenos, nem edifícios, NEM DINHEIRO.14) Me diga: isto não torna a luta mais gostosa?15) Vamos seguir a trilha do velho Felipe e do velho Rosado e vamos ganhar esta batalha para Mossoró, se Deus Quiser.16) Vamos estudar também em que condições você poderia vir para a primeira semana e depois como DIRETOR DA ESCOLA.Um abraço deVingt-un Rosado.”“.III – O Depoimento de Dix-huitNuma manhã, de 24 de fevereiro de 1980, na instalação do 7º Congresso Brasileiro de Zoologia, sediado na ESAM, Dix-huit pronunciou as seguintes palavras:“Foi inspiração de Jorge de Alba e a vontade de Vingt-un Rosado que me carrearam pelo estuário extraordinário da Escola Superior de Agricultura de Mossoró, para realizarmos esta obra que tanto nos orgulha, nos orgulha tanto que ás vezes escondemos no íntimo do coração o valor que damos a esta instituição, que foi feita com aquela inspiração de Paulo Nogueira neto, com o espírito das catedrais.”SONHO 2O FISCAL GRATUITO DA CONSTRUÇÃO DE DUAS FACULDADESO atual Edifício Dom Gentil Barreto, O Santo de Mossoró, foi inaugurado pelo Presidente Artur da Costa e Silva, 172 dias depois do início da sua construção.Numa cadeira de balanço, hoje guardada pelo Museu da Memória da ESAM, Vingt-un fiscalizou a obra 172 noites.Uma ficha explica a presença da cadeira no Museu:“Nesta cadeira com o salário único da paixão por Mossoró, Vingt-un varou as madrugadas da Fazenda Fuão Pinto, fiscalizando durante 172 noites, a construção do 1º edifício da ESAM. @ de julho a 22 de dezembro de 1967.”O professor José Marcelino, de saudosa memória, encareceu a Vingt-un que viajasse ao Rio de Janeiro para tentar receber os recursos financeiros que o professor Epílogo de Campos prometera para a construção da sede da Faculdade de Ciências Econômicas.Vingt-un encontrou João Batista Cascudo Rodrigues no Rio e os dois voltaram com o dinheiro esperado. Durante a noite e durante todas as noites Vingt-un saia da ESAM para fiscalizar o edifício que tomaria o nome de Epílogo de Campos.João Batista Cascudo Rodrigues, preocupado em fazer justiça aos seus soldados, batizou o auditório com o nome de Vingt-un.No mesmo dia, 22 de dezembro de 1967, o Presidente Costa e Silva, aquele Presidente que em toda a História do Brasil, maiores serviços prestou a Mossoró, inaugurou os edifícios da Escola Superior de Agricultura de Mossoró e da Faculdade de Ciências Econômicas de Mossoró.Lydio Luciano de Góes, um dos mais valorosos tenentes de João Batista Cascudo Rodrigues telegrafou a Vingt-un:“Transmito estimado amigo afetuoso abraço parabéns motivo inauguração primeiro edifício da ESAM e edifício Epílogo de Campos, da faculdade de Ciências Econômicas agora possíveis graças sua dinâmica atividade a serviço de Mossoró PT” 07 de dezembro de 1967.SONHO 3A PEDRA NÃO PERMANECEU PEDRAOs graduados de agronomia da ESAM, turma 89/2, disseram seu julgamento sobre Vingt-un:“SONHO-REALIDADE-TRABALHO-LUTA-DEDICAÇÃO”.“Um homem sonhou, e dividiu seu sonho com outros, e o sonho passou a palpitar em cada pedra. Se não fora seu sonho a pedra permaneceria pedra apenas, a cidade continuava a ser cidade. A te que, em 22 de dezembro de 1967, dando vazão a torrentes incontidas de paixão, luta coragem e dedicação ergue-se um monumento na terra de Santa Luzia que viria ser mais tarde a realidade da geração de hoje. Não é difícil tentar descobrir se ele acertou, difícil é tentar agradecer a dedicação de toda uma vida”.
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Segunda-feira, 8 de Setembro de 2008

O AGRONEGÓCIO DE FRUTAS FRESCAS CONCENTRA-SE NO SEMI-ÁRIDO Josivan Barbosa Menezes Feitoza1 e Railene Hérica Carlos Rocha 2 RESUMO O agronegócio de frutas no semi-árido tem representando um segmento importante na economia nacional contribuindo para o desenvolvimento de muitos estados do semi-árido. O mercado mundial consumidor de frutas tem estabelecido requisitos sanitários rigorosos, exigindo garantias de qualidade, inocuidade e uma visão diferenciada de produção priorizando a qualidade da fruta e o meio ambiente proprocionando aumento no geração de emprego, renda e melhorias no sistema produtivo das empresas agrícolas. Neste sentido, o objetivo do presente artigo é apresentar o cenário do agronegócio de frutas frescas no semi-árido brasileiro. As exportações brasileiras de frutas aumentaram de 2003 a 2007, com destaque nos estados da Bahia, Pernabuco, Rio Grande do Norte e Ceará que foram os mais importantes no cenário da fruticultura com as culturas da uva, melão, manga, maçã, banana, limão, mamão, laranja, abacaxi e melancia. Neste período houve aumento de US$ 337 milhões para US$ 642 milhões. No Rio Grande do Norte o melão, a banana, o mamão, a melancia e a manga, tiveram destaque, sendo que o melão continua como a principal fruta de exportação do estado, onde as maiores empresas exportadoras possuem o selo de certificação europeu.Palavras-chave: Semi-árido, desenvolvimento, fruticultura.THE ....ABSTRACTKeywords:INTRODUÇÃOAs conquistas no mercado externo tem resultando, no Brasil, em aumento de área plantada, melhoria da qualidade da produção e da tecnologia, além da maior profissionalização na etapa da comercialização. O agronegócio representa, aproximadamente, 21% do total do produto interno bruto (PIB), sendo responsável por 37% dos empregos e por 41% das exportações. É o setor que pode responder mais rapidamente para a geração de emprego no Brasil já que investimentos na ordem de R$ 1 milhão de reais na agropecuária pode proporcionar até 182 empregos (Lacerda et al., 2004).Os investimentos empregados nos pólos de Petrolina (PE)/Juazeiro (BA), Linhares/Pinheiros (ES), Chapada do Apodi (RN), Norte de Santa Catarina e em algumas regiões do interior de São Paulo indicam que o potencial exportador só tende a crescer (Vitti et al., 2004).A produção de frutas no Vale do São Francisco (NE), principalmente voltada para exportação apresenta crescimento contínuo, o que possibilita a transformação da região em grande pólo de fruticultura, gerando empregos e renda para a região.O pólo Petrolina/Juazeiro conta com mais de 100 mil ha irrigados, garante emprego a 400 mil pessoas em áreas do semi-árido da Bahia e Pernambuco (Corrêa, 2002). Além da manga que tem 60% da sua produção destinada ao mercado externo e da uva que possui 10% da produção vendida para o exterior, frutas como goiaba, coco, melancia e atemóia (pinha) também destacam-se na região (Camarotti, 2000).Considero o parágrafo anterior desatualizado...No Rio Grande do Norte, especificamente na região da Chapada do Apodi (a qual também abrange algumas áreas do Estado do Ceará) as áreas de produção tem sido ampliadas para atender o mercado externo. Desde 2002, tem se observado uma intensificação nos investimentos tanto no campo como, e principalmente, na infra-estrutura de pós-colheita e comercialização (câmaras frias, packing houses, mão-de-obra e transporte). Tudo isso para se enquadrar nas exigências feitas pelos países importadores europeus (Vitti et al., 2004).O mercado mundial consumidor de frutas tem estabelecido requisitos sanitários rigorosos, exigindo garantias de qualidade e inocuidade, o que requer a adoção de uma visão diferenciada de produção priorizando a qualidade da fruta e o meio ambiente. As alternativas, em consonância com as novas tendências para fruticultura, são a adoção de técnicas de produção preconizadas pelos sistemas de produção integrada e orgânica de frutas (Tibola & Fachinello, 2004).O objetivo deste trabalho é apresentar o cenário do agronegócio de frutas frescas no semi-árido brasileiro relacionado ao desenvolvimento regional e ao potencial de exportação.O AGRONEGÓCIO DA FRUTICULTURAO Brasil apresenta superávit na balança comercial da fruticultura desde 1999. Mesmo sob um cenário de câmbio pouco atrativo para as vendas ao exterior, em 2007, o crescimento foi de 45% em relação ao ano de 2006, chegando à marca de US$ 3,3 bilhões. As frutas frescas responderam por US$ 642 milhões, 34% a mais que no ano anterior (Pereira, 2008). Apesar de ser o terceiro maior produtor de frutas frescas do mundo, atualmente, o Brasil tem apenas 1,6% de participação no comércio internacional, destacando-se o mercado da União Européia, com cerca de 70% do volume exportado, sendo a Holanda o principal país comprador e distribuidor da fruta brasileira para o restante da Europa, principalmente Alemanha.Em 2007, os dez principais produtos exportados na ordem, foram: uva, melão, manga, maçã, banana, limão, mamão, laranja, abacaxi e melancia. Destes dez produtos, destaca-se na produção total nacional do Rio Grande do Norte o melão (67,6%), a banana (41%), o mamão (24%), a melancia (50,6%) e a manga (6,15%) (IBRAF, 2008). O melão continua sendo a principal fruta de exportação do estado, onde as maiores empresas exportadoras garantem a qualidade e aceitabilidade da fruta no mercado por possuírem o selo de certificação europeu (GlobalGep).Na Chapada do Apodi (Baraúna, Quixeré e Limoeiro do Norte), localizada na divisa entre Ceará e Rio Grande do Norte e a micro-região de Pau Branco (Mossoró) encontram-se as principais empresas produtoras e exportadoras de melão do Semi-Árido. Além destas micro-regiões, outros municípios como Aracati, Jaguaruana, Itaiçaba, Tibau, Icapuí, Apodi, Upanema, Parazinho, Russas, Morada Nova, Grossos e Jandaíra possuem pequenos e médios produtores, estimando-se em 14 mil hectares, a área plantada por safra, e em 204 mil toneladas, o volume exportado, correspondente a um faturamento de US$ 128 milhões, cujos melões tipo Amarelo (várias cultivares), Orange Flesh, Piele de Sapo, Galia, Cantaloupe e Charantais são os mais cultivados.Na cultura da banana, o Rio Grande do Norte tem se destacado como o principal Estado no faturamento em exportação. Em 2007 foram exportados no Estado cerca de 77 mil toneladas e faturamento de mais de US$ 28 milhões, seguido pelos Estados de Santa Catarina, Ceará e São Paulo, cujas variedades mais cultivadas são a Prata, Pacovan, Prata Anã, Maçã, Mysore, Terra e D’angola; e as variedades do subgrupo Cavendish Nanica, Nanicão e Grand Naine. A Ouro, Figo Cinza e Figo Vermelho, Caru Verde e Caru Roxa são plantadas em menor escala (Mattiaso, 2008).No semi-árido, as principais micro-regiões produtoras de banana são Bom Jesus da Lapa e Urandi (Bahia), Petrolina e Juazeiro (Pernambuco e Bahia), Baixo Acaraú, Quixeré e Limoeiro do Norte (Ceará) e Vale do Açu (Rio Grande do Norte). No caso específico do Rio Grande do Norte, as expectativas de exportação do produto em 2008 não são animadoras. Somente uma empresa teve uma perda de 1000 hectares de banana para exportação em decorrência das enchentes na Bacia do Rio Piranhas-Assu.Em se tratando do mamão, os maiores produtores são Bahia, Espírito Santo, Ceará e Rio Grande do Norte, com produção de 726,991, 629,236, 57,741 e 33,773 toneladas, respectivamente (AGRIANUAL, 2008). Segundo levantamento do CEPEA (Centro de Estudos em Economia Aplicada), o Rio Grande do Norte foi o segundo maior exportador, com 24,5%, seguido da Bahia, com 19,57%. A expectativa para 2008 é de incremento no volume exportado de mamão pelo Rio Grande do Norte. A qualidade da fruta (isenta de pragas e a boa aparência) tem sido o principal fator responsável pelo aumento das exportações de mamão no Estado.As variedades de mamão mais produzidas no Brasil são do grupo Havaí (Golden e Sunrise) e Formosa. De acordo com o produtor Engº. Agrº. Wilson Galdino de Andrade, pesquisador da Universidade Federal Rural do Semi-Árido, UFERSA, há novas variedades surgindo no mercado, resultantes de cruzamento entre os dois grupos (Havaí e Formosa). Uma dessas variedades é a calimosa que tem se mostrado de excelente qualidade na micro-região de Baraúna, no Rio Grande do Norte. Os frutos são maiores do que os do grupo Havaí e mais saborosos do que os do grupo Formosa.Na produção de melancia, os estados da Bahia, Paraíba e Rio Grande do Norte são responsáveis por 19,12% da produção nacional em uma área colhida de 21,125 herctares (AGRIANUAL, 2008). No Rio Grande do Norte, os embarques de melancias, em 2007, cresceram 9,7% em volume e 26,1% em receita (Secex, 2008).Em relação a manga, o mercado mundial a cada dia tem se tornado mais complexo. Atualmente, os principais concorrentes do Brasil são o México e o Peru (Faria et al., 2008). Estima-se que o Brasil tenha exportado, em 2007, cerca de 116 mil toneladas de manga fresca, o equivalente a quase US$ 90 milhões. Desse total, 93% do volume foram produzidos no Semi-árido (Vale do São Francisco). No momento, a região do Vale do São Francisco apresenta mais de 20 mil ha implantados com manga, correspondendo a 320 mil toneladas de frutas frescas, dos quais mais de 30% são destinados aos mercados da União Européia, Estados Unidos e mais recentemente, o Japão.A manga Tommy Atkins é a variedade predominante no mercado, embora, aos poucos outras variedades como a Kent e a Keitt começaram a ser produzidas. A variedade Tommy Atkins tem revelado boa aceitação no mercado americano, sendo que a Kent e a Keitt têm mostrado boa aceitação nos mercados da União Européia e Asiático (Japão).Além das culturas mencionadas, a uva, o abacaxi e o limão (lima ácida ou limão tahiti) são produzidos com sucesso nas regiões semi-áridas. A produção de uva concentra-se na região do Vale do São Francisco, destacando-se os estados de Pernambuco e Bahia, com 156,685 e 120,629 toneladas, respectivamente. Juntos os dois Estados correspondem a 21,21% da produção nacional e apresentaram uma área colhida em 2007 de 9,174 ha (AGRIANUAL, 2008). A cada ano, o volume produzido de uvas sem sementes aumenta substituindo as variedades tradicionais, mais clássicas, com sementes. Em 2007, o Brasil exportou, cerca de 79 mil toneladas de uvas frescas com faturamento de quase US$ 170 milhões.Assim como a uva, as exportações de abacaxi in natura aumentaram significativamente em 2007, tendo maiores perspectivas de aumento para este ano. O principal exportador foi o Ceará com cerca de 30 mil toneladas e um faturamento de cerca de US$ 16 milhões de dólares. No Ceará, a produção de abacaxi está concentrada no DIJA (Distrito Irrigado Jaguaribe Apodi) que utiliza água do Complexo Castanhão através de canais de irrigação alimentados pelo Rio Jaguaribe no município de Limoeiro do Norte. A cultivar MD2 desenvolvida na Costa Rica e importada por multinacional a partir do ano 2001 é a mais produzida no estado, tendo como principais destinos Itália, Alemanha e Holanda.Quanto ao limão (lima ácida ou limão tahiti), as exportações aumentaram de 2,3 mil toneladas em 1998 para 58,2 mil toneladas em 2007. Em valores, as exportações de lima ácida aumentaram 30 vezes no período, de US$ 1,4 milhão para US$ 41,7 milhões, entretanto, isto representa apenas 5% do que é produzido (Secex, 2008).De 1998 a 2007, o preço do limão exportado aumentou 17,36%, de US$ 0,61 para US$ 0,72 o quilo (Secex, 2008). A campanha da Abpel de divulgação da fruta na Europa é um dos fatores que contribuem para o aumento nas exportações de limão. A Abpel tem se dedicado muito à divulgação externa distribuindo limão com um folheto contendo informações sobre a fruta e receitas, como a da caipirinha brasileira, na Alemanha. Além da divulgação em praças e supermercados, há a promoção do limão em escolas de culinária para conquistar os futuros formadores de opinião da gastronomia européia.Apesar de São Paulo ser o principal produtor de lima ácida, a cada ano, registra-se aumento de áreas com o cultivo desta fruta nas regiões Semi-Áridas da Bahia e Minas Gerais (AGRIANUAL, 2008).Na Bahia, os principais pólos de produção de lima ácida tahiti são os municípios de Cruz das Almas, Rio Real, Alagoinhas, Iaçu, Itaberaba, Barreiras e Eunápolis, onde a estrutura fundiária é constituída, basicamente, por produtores com área inferior a 10 ha (65%) e outros 25% com área entre 10 e 50 hectares (Amaro et al., 2003).A tendência é que mais e mais pessoas passem a se preocupar com a saúde e o bem estar, ampliando o consumo de frutas. Isso pode proporcionar novos aumentos na produção e exportação mundial, principalmente dos países produtores do Hemisfério Sul, como o Brasil, que abastecem os do Norte quando esses estão em entressafra. A demanda por frutas também está aliada à elevação da renda dos consumidores, à urbanização e a melhores níveis de informação e educação. Consumidores norte-americanos, por exemplo, pagam mais por produtos importados desde que apresentem qualidade de acordo com os padrões exigidos. Para garantir qualidade, é necessário melhorar o transporte, aprimorar a infra-estrutura dos portos e adotar selos de certificação.CONCLUSÕESAs exportações brasileiras de frutas aumentaram de 2003 a 2007, em 90%, subindo de US$ 337 milhões para US$ 642 milhões. O semi-árido foi destaque neste período devido ao aumento na produção de frutas e no valor de mercado, onde os estados da Bahia, Pernabuco, Rio Grande do Norte e Ceará foram os mais importantes no cenário da fruticultura com as culturas da uva, melão, manga, maçã, banana, limão, mamão, laranja, abacaxi e melancia. No Rio Grande do Norte o melão, a banana, o mamão, a melancia e a manga, tiveram destaque, sendo que o melão continua como a principal fruta de exportação do estado.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASAMARO, A. A.; CASER, D. V.; De NEGRI, J. D. Tendências na produção e comércio de limão. Informações Econômicas. v. 33, n.4, p. 37-47, 2003.CAMAROTTI, M. Vale do São Francisco amplia o volume das exportações de frutas. Disponível em:<>. Acesso em: 15 de junho, 2008.CORRÊA, S. Anuário Brasileiro da Fruticultura 2002. Santa Cruz do Sul/RS: Gazeta do Sul, 2002. 176 p.FARIA, R. N. de; SOUZA, R de C.; VIEIRA, J. G. V.; LÍRIO, V. S. Custo de transação e exigências técnicas nas exportações de manga e de mamão. Informações Econômicas, v. 38, n.5, p. 59-71, 2008.IBRAF, Instituto de Comércio Exterior. Disponível em: Acesso em: 15 de junho de 2008.LACERDA, M. A. D. de; LACERDA, R. D. de; ASSIS, P. C de O. A participação da fruticultura no agronegócio brasileiro. Revista de Biologia e Ciências da Terra, v. 4, n.1, 2004.MATTIASO, D. Fruta na mesa: musa brasileira. Revista Frutas e Derivados. Ano 3, ed. 9, p. 46, 2008.PEREIRA, B. Importação: quem ganha, quem perde. Revista Frutas e Derivados. Ano 3, ed. 9, p. 18-24, 2008.SECEX, Secretaria de Comércio Exterior. Disponível em :. Acesso em: 15 de junho de 2008.TIBOLA, C. S.; FACHINELLO, J. C.; Tendências e estratégias de mercado para a fruticultura. Revista Brasileira de Agrociência, v.10, n. 2, p. 145-150, 2004.VITTI, A.; SEBASTIANI, R. E. G.; VICENTINI, C. A.; BOTEON, M. Perspectivas da fruticultura brasileira exportadora frente aos novos investimentos. Disponível em: http://www.cepea.esalq.usp.br/pdf/oca03.pdf.Acesso em 30 de junho de 2008.1Engº Agrº Dr. Ciência dos Alimentos, Professor Adjunto da UFERSA, C.P. 137, CEP 59.625-900, Mossoró-RN;2Engª Agrª, Drª. Fitotecnia, Pesquisadora DCR/CNPq/FAPERN/UFERSA, C.P. 137, CEP 59.625-900,Mossoró-RN.E-mail: raileneherica@hotmail.com
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Terça-feira, 2 de Setembro de 2008
FRUTICULTURA ORGÂNICA NO SEMI-ÁRIDOAos poucos a produção orgânica de frutos nos Agropólos Mossoró-Assu e Baixo-Jaguaribe vai se tornando realidade. Até o momento, três importantes produtos da pauta de exportação já estão sendo produzidos dentro das mais rígidas práticas de produção orgânica. A produção orgânica comercial envolve melão, banana e abacaxi. O melão é produzido na micro-região de cajazeiras (Mossoró – RN) e a banana é produzida no Vale do Açu (Ipanguaçu-RN). O abacaxi é produzido na micro-região polarizada pelo DIJA (Distrito Irrigado Jaguaribe-Apodi) localizado em Limoeiro do Norte – CE. Mais informações sobre a produção orgânica de frutos no Semi-árido podem ser obtidas com o Centro Tecnológico do Negócio Rural do Semi-Árido, localizado na Universidade Federal Rural do Semi-árido, Mossoró-RN, Brasil. (ufersa@ufersa.edu.br).
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UNB CONVIDA A UFERSA PARA PARCERIAS A UNB (Universidade de Brasília), através do Centro de Desenvolvimento Sustentável-CDS convidou a UFERSA (Universidade do Semi-árido) para, em parceria e com o patrocínio do Banco do Nordeste do Brasil S/A-BNB trabalhar na implantação do Observatório de Desenvolvimento Regional Sustentável do Semi-Árido (ODERSU). O ODERSU será um espaço de observação, ensino, pesquisa e extensão de alto nível, devidamente sintonizado com as problemáticas sócioambientais da região. A organização e realização do Seminário do Semi-Árido é a primeira ação desenvolvida no contexto do ODERSU. Esse evento será realizado no Campus de Juazeiro do Norte da Universidade Federal do Ceará, nos dias de 27 e 28 de outubro próximo, com os seguintes objetivos: i) a discussão sobre as problemáticas da região; ii) a definição de uma agenda prioritária para o Semi-Árido; iii) o planejamento de ações conjuntas entre os parceiros.O Seminário tratará dos seguintes temas: Uso do Solo, Desertificação, Cadeia Produtiva do Biodiesel, Seqüestro de Carbono e Mudanças Climáticas, Processos Locais de Organização da Agricultura Familiar e de Governança, Recursos Hídricos, Políticas Públicas de Sustentabilidade e Inclusão Social no Semi-Árido.
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Segunda-feira, 1 de Setembro de 2008

Segunda Reunião na FAPERN: Institutos Nacionais de Ciências e TecnologiasEdital de nº 15/2008 MCT/CNPq/FNDCT/FAPEMIG/FAPERJ/FAPESPLocal: Natal - RNData: 01 de setembro de 2008Entidades participantes: FAPERN/EMPARN/UFERSADecisão: O Grupo decidiu apresentar uma proposta contemplando a instalação de um Instituto de Agronegócio do semi-árido: agricultura irrigada; sendo convidado para coordenar o Projeto o Professor da UFCG Hans Haji.Entidades convidadas para firmarem parcerias:UFC/EMPRAPA/UFERSA/EMPARN/UFCG.
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