quinta-feira, 2 de outubro de 2008

O AGRONEGÓCIO DE FRUTAS

O AGRONEGÓCIO DE FRUTAS FRESCAS CONCENTRA-SE NO SEMI-ÁRIDO
Prof. Josivan Barbosa Menezes Feitoza*
O Brasil apresenta superávit na balança comercial da fruticultura desde 1999. No ano passado o País obteve US$ 430 milhões, com aumento de 45% em relação a 2006. O volume de frutas frescas exportado em 2007, conforme dados oficiais foi de 918,7 mil toneladas, o equivalente a US$ 642,7 milhões. Apesar de ser o terceiro maior produtor de frutas frescas do mundo, o País tem apenas 1,6% de participação no comércio internacional.
O principal destino da nossa fruta é o mercado da União Européia, com cerca de 70% do volume exportado, sendo a Holanda o principal comprador e distribuidor para o resto da Europa.
Os 10 principais produtos exportados em 2007, na ordem, foram: uva, melão, manga, maçã, banana, limão, mamão, laranja, abacaxi e melancia.
Dos dez produtos listados acima, o Semi-árido Nordestino destacou-se em 80%, sendo que o RN e o CE contribuíram com seis ( melão, banana, mamão, abacaxi, melancia e manga).
A uva concentra-se na região do Vale do São Francisco, sendo que a cada ano aumenta o volume produzido de uvas sem sementes substituindo as variedades tradicionais, mais clássicas, com sementes. O país exportou, cerca de 79 mil toneladas de uvas frescas com faturamento de quase US$ 170 milhões.
O melão continua sendo o grande destaque da exportação de frutas frescas do país. A Chapada do Apodi (Baraúna, Quixeré e Limoeiro do Norte), localizada na divisa entre Ceará e Rio Grande do Norte e a micro-região de Pau Branco (Mossoró) concentram as principais empresas produtoras e exportadoras. Além destas micro-regiões, outros municípios como Aracati, Jaguaruana, Itaiçaba, Tibau, Icapuí, Apodi, Upanema, Parazinho, Russas, Morada Nova, Grossos e Jandaíra apresentam pequenos e médios produtores de melão. Todos os municípios produtores de melão estão no Semi-árido. Estima-se em 14 mil hectares plantados por safra com a cultura do melão. A região exportou 204 mil toneladas com um faturamento de US$ 128 milhões. Os principais tipos de melão exportados foram: amarelo (várias cultivares), Orange Flesh, Piele de Sapo, Galia, Cantaloupe e Charantais.
O mercado mundial de manga a cada dia torna-se mais complexo. Os principais concorrentes do Brasil são México, Peru e África do Sul.
Estima-se que o Brasil exportou em 2007 cerca de 116 mil toneladas de manga fresca, o equivalente a quase US$ 90 milhões. Desse total, 93% do volume foi produzido no Semi-árido (Vale do São Francisco). A região do Vale do São Francisco já apresenta mais de 20 mil ha implantados de manga, respondendo por 320 mil toneladas de frutos frescos, dos quais mais de 30% são destinados aos mercados da União Européia, Estados Unidos e mais recentemente Japão. A variedade Tommy Atkins domina o mercado, sendo que aos poucos, outras variedades começam a ser produzidas como a Kent e a Keitt. A variedade Tommy Atkins tem boa aceitação no mercado americano, sendo que a Kent e a Keitt têm mostrado boa aceitação nos mercados da União Européia e Asiático (Japão).
A exportação de abacaxi in natura aumentou significativamente em 2007 e pode avançar ainda mais neste ano. O Ceará foi o principal exportador, com cerca de 30 mil toneladas, representando um faturamento de cerca de US$ 16 milhões de dólares. A produção de abacaxi no Ceará está concentrada no DIJA (Distrito Irrigado Jaguaribe Apodi) utilizando água do Complexo Castanhão através de canais de irrigação alimentados pelo Rio Jaguaribe no município de Limoeiro do Norte. O Estado produz a cultivar MD2 desenvolvida na Costa Rica e importada por multinacional a partir do ano 2001. Os principais países importadores do abacaxi produzido no Ceará são Itália, Alemanha e Holanda.
Em relação a banana, o Rio Grande do Norte destacou-se como o principal Estado no faturamento com exportação. O Estado exportou, cerca de 77 mil toneladas e faturou mais de US$ 28 milhões. O segundo estado em faturamento foi Santa Catarina, seguido por Ceará e São Paulo. As principais micro-regiões produtoras de abacaxi no Semi-árido são Bom Jesus da Lapa e Urandi (Bahia), Petrolina e Juazeiro (Pernambuco e Bahia), Baixo Acaraú, Quixeré e Limoeiro do Norte (Ceará) e Vale do Açu (Rio Grande do Norte). No caso específico do Rio Grande do Norte, as expectativas de exportação do produto em 2008 não são animadoras. Somente uma empresa teve uma perda de 1000 hectares de banana para exportação em decorrência das enchentes na Bacia do Rio Piranhas-Assu.
Em relação ao limão (lima ácida ou limão tahiti), o país exportou em 2007, cerca de 58 mil toneladas o que resultou em faturamento de quase US$ 42 milhões, mas isto representa apenas 5% do que é produzido. Apesar de São Paulo ser o principal produtor de lima ácida, a cada ano registra-se aumento de áreas com o cultivo desta fruta em regiões semi-áridas de Minas Gerais e Bahia.
Em se tratando do mamão, os estados que mais o produzem são Espírito Santo, Bahia e Rio Grande do Norte. Segundo levantamento do CEPEA (Centro de Estudos em Economia Aplicada) as áreas plantadas, em hectare, são, respectivamente, 8.540, 14.937 e 1900. As vendas externas de mão do Espírito Santo corresponderam, em 2007, a 49,5% do total brasileiro. O Rio Grande do Norte foi o segundo maior exportador, com 24,5%, seguido da Bahia, com 19,57%. A expectativa para 2008 é de incremento no volume exportado de mamão pelo Rio Grande do Norte. A qualidade do fruto (isento de pragas e a boa aparência) tem sido o principal fator responsável pelo aumento das exportações de mamão no Estado. As variedades de mamão mais produzidas no Brasil são do grupo Havaí (Golden e Sunrise) e Formosa. De acordo com o produtor Eng. Agro. Wilson Galdino de Andrade, pesquisador da Universidade do Semi-árido, há novas variedades surgindo no mercado, resultantes de cruzamento entre os dois grupos (Havaí e Formosa). Uma dessas variedades é a calimosa que tem se mostrado de excelente qualidade na micro-região de Baraúna no Rio Grande do Norte. Os frutos são maiores do que os do grupo Havaí e mais saborosos do que os do grupo Formosa.

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