quarta-feira, 14 de abril de 2010

Abertura da SBPC alerta para desigualdades regionais

A 62ª Reunião Regional da SBPC que acontece em Mossoró até sexta-feira, 16, reúne na Universidade Federal Rural do Semi-Árido e na Universidade Estadual do Rio Grande do Norte mais de 2.500 participantes. A abertura aconteceu ontem à noite, 13, no Auditório do Expocenter, com a presença de membros da sociedade científica, além de estudantes e representantes da sociedade local e estadual. A reunião se propõe discutir nos próximos três dias a ciência e a tecnologia na região do semiárido.


“Como entidade madura, no auge dos seus 62 anos, a SBPC exerce um papel consciente em defesa do ensino e a pesquisa, tendo muitas conquistas na área da ciência e da tecnologia”, discursou o presidente Marco Antonio Raupp. A nova realidade da educação superior no Brasil foi outro ponto enfocado pelo professor Raupp. “Precisamos superar as desigualdades regionais provenientes de questões políticas”, afirmou.

O presidente da SBPC justificou realização da reunião regional em Mossoró como forma de estimular o estado, o município e a sociedade em geral para o combate e a superação das desigualdades ainda presentes nas regiões norte e nordeste. “A SBPC atua em prol da sobrevivência do sistema educacional de forma a superar as desigualdades regionais”, pontuou.

Para o reitor da Universidade Federal Rural do Semi-Árido, professor Josivan Barboza, a reunião da SBPC acontece numa realidade ainda muito desfavorável para os jovens que moram na região do semiárido brasileiro. “Para cada 100 jovens da região, apenas 2 conseguem ingressar no ensino superior”, justificou o reitor.

Ainda segundo o professor Josivan Barboza a reunião coincide com a falta de condições para o funcionamento das escolas públicas que, diretamente, afetam as perspectivas dos jovens para o ingresso ao ensino superior. Como exemplo dessa desigualdade, o reitor citou o exemplo de uma universidade no estado catarinense, criada recentemente com 1.200 professores, enquanto que o Campus da Universidade do Semi-Árido de Caraúbas, na região do médio oeste, começa com apenas 10 professores.

Aproveitando a oportunidade, o reitor da UFERSA Josivan Barboza, sugeriu a SBPC um discurso mais aprofundado sobre a difícil realidade dos jovens que vivem no semiárido nordestino. “Não adianta pensar em tecnologia, inovação e desenvolvimento se os nossos jovens do semiárido não almejam ingressar na universidade”, alertou o reitor.

“Sediar uma reunião preparatória para SBPC nacional é de grande importância para a cidade de Mossoró, principalmente, quando se propõe discutir a questão do semiárido, uma região que precisa estar atenta para as possibilidades e limitações”, afirmou o reitor da Universidade Estadual do Rio Grande do Norte, professor Milton Marques. Na ocasião, parabenizou a escolha do tema e agradeceu o empenho dos inúmeros profissionais, da UERN e da UFERSA, envolvidos na organização da SBPC Mossoró. Após a sessão solene, o professor Roberto Germano da Costa, do Instituto Nacional do Semiárido, proferiu a conferência de abertura com o tema: Semiárido Brasileiro: O Paradigma das Oportunidades.

Semiárido precisa de oportunidades

Assumir a aridez da região é o grande desafio para mudar a realidade do semiárido brasileiro. A opinião é do professor Roberto Germano Costa, diretor do Instituto Nacional do Semiárido, durante a conferência de abertura da 62ª Reunião Regional da SBPC, ontem à noite, 13, no Expocenter. Para o professor, a região tem que sair do discurso da fragilidade regional para o das oportunidades. “Temos que quebrar o paradigma da miséria para o da promoção”, reforçou o professor durante a conferência Semiárido Brasileiro: O Paradigma das Oportunidades.

Segundo Roberto Germano, cerca de 23 milhões de pessoas vive na região do semiárido brasileiro, sendo a maior concentração no mundo, onde a aridez e a semiaridez atinge cerca de 20% do planeta. “A atividade do ecossistema mostra a prática de uma agricultura de alto risco”, frisou o professor. Para Roberto Germano, a ideia de que a miséria é resultante das situações climáticas é uma visão distorcida da realidade. “Temos que saber conviver com a realidade da região, reconhecer e explorar as suas potencialidades como o semiárido é”, alerta o professor.

Outro ponto abordado é transformar o discurso do semiárido em assunto de interesse nacional, perpassando pelas políticas públicas nas áreas social, cultural, econômica, política e ambiental, tendo como eixos principais a sustentabilidade econômica e ambiental, a redução das desigualdades sociais e promoção da educação. “O semiárido precisa descobrir o avanço do conhecimento e da inovação a partir de novas oportunidades”, afirmou, citando como exemplo a biotecnologia, a ciência, a tecnologia e o cultivo da lavoura xerófila.

Passos Jr
Assessor de Comunicação da UFERSA

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