domingo, 15 de março de 2009

ENCHENTES NO SEMI-ÁRIDO

ENCHENTES NO SEMI-ÁRIDO
Assú – As comissões de Defesa Civil do Rio Grande do Norte receberam na quinta-feira, 12, novo alerta para chuvas fortes que ocorrerão ao longo deste mês. A informação foi repassada pela Secretaria Nacional de Defesa Civil (SEDEC), do Ministério da Integração Nacional, com base em informações do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) e do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET).A notícia deixou em alerta executivos das empresas de produção de frutas, camarão e sal do Vale do Açu. Uma das mais prejudicadas, a americana Del Monte Fresh, maior produtora de banana do mundo, já está repensando a sua produção na região do Baixo-Açu.O gerente jurídico de relações institucionais, Newton Assunção, disse que, apesar da situação atual, das previsões pluviométricas e dos reservatórios cheios, não acredita em novas enchentes. Mesmo assim, a empresa não pretende continuar trabalhando apenas com metade da área disponível.Segundo ele, somente com a construção da barragem Oiticica/Seridó, que seria construída antes do município de Jucurutu, no Seridó, é possível minimizar futuras inundações na região do Vale. “Há três semanas estivemos com a governadora Wilma de Faria, e ela nos informou que esse é um projeto federal, mas que vai lutar por isso em Brasília”, adiantou Newton.A permanência da Del Monte no Estado está ameaçada por causa das enchentes do ano passado que devastaram metade de toda a produção de banana. Devido aos prejuízos, a empresa foi obrigada a demitir dois mil funcionários, que representam 50% dos empregos diretos.Para Newton Assunção, as chances aumentam principalmente se acontecerem novas enchentes. “Afirmar que nós vamos embora é muito drástico, mas também não temos condições de continuar trabalhando com os mil hectares atuais, porque encarecem muito o custo da banana”, afirmou.Para garantir a reestruturação da multinacional, retorno das contratações ou até a sua permanência, o Governo terá de cumprir duas exigências: construir a barragem Oiticica e devolver os créditos de Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) da exportação, o qual a empresa tem direito, que soma hoje R$ 10 milhões.Os prejuízos da Del Monte deixaram estragos em todo o Vale. Dos dois mil demitidos, a grande maioria era do município de Carnaubais. “Pelo menos 50% dos trabalhadores rurais de Carnaubais trabalhavam na Del Monte. Hoje, esse número não passa dos 10%”, finalizou Newton Assunção.
Elias Fernandes solicitou estudoO diretor-geral do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS), Elias Fernandes, disse que esteve com o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira, para discutir a situação do Vale do Açu. Ele disse ter solicitado ao ministro a contratação de uma empresa para fazer um estudo geral do Vale e, só depois de apresentado o relatório, voltar a discutir sobre a construção da barragem Oiticica, no Seridó.O eixo de integração do Seridó tem por objetivo integrar os rios Piranhas/Açu com a bacia do rio Seridó da forma mais abrangente possível. A intenção é que a zona mais importante da região seja prioritariamente beneficiada. A proposta tem ainda o objetivo de integrar a futura barragem Oiticica com a bacia do Seridó. O eixo de integração do Seridó deverá partir da barragem de Oiticica, que barrará o rio Piranhas/Açu na altura do município de Jucurutu.

Potiporã perdeu mais de 400 toneladas de camarão durante inverno passadoA Potiporã Aquacultura Ltda., da gigante Queiroz Galvão, uma das maiores produtoras de camarão do Rio Grande do Norte, ainda amarga os prejuízos causados pelas chuvas no ano passado. Segundo o gerente administrativo, Rômulo Araújo, ainda não foi possível recuperar todos os estragos deixados depois do inverno.Diante da iminência de fortes chuvas e repetição de enchentes, a empresa decidiu reduzir em 30% a biomassa de camarão (densidade de povoamento nos tanques).O grupo, que no ano passado perdeu mais de 400 toneladas de camarão, teve mais da metade dos 960 hectares da fazenda inundada, o que motivou a demissão de 42% dos 897 funcionários. Também foram destruídos os quadros elétricos, diques paredões de viveiros e geradores, contabilizando um prejuízo financeiro na casa dos R$ 5 milhões.De acordo com Rômulo, em março do ano passado a empresa chegou a ter mil funcionários. Hoje, esse número é de aproximadamente 500.Ele alega que o Governo do Estado não apresentou nenhuma medida que ajudasse a empresa, mesmo com uma redução de empregos tão significativa. “A estrada do rio Manguinho, que vai do Porto do Mangue até a RN que liga Pendências, ainda não foi recuperada”, reclama.Rômulo alerta que é preciso olhar os problemas de um anglo ainda maior. “Os prejuízos e desemprego atingem toda uma cadeia, desde os mecânicos até as exportações de produtos, fretes”, acrescenta Rômulo Araújo.Além da Potiporã, várias outras empresas tiveram prejuízos graves durante o último inverno. Calcula-se que as fazendas localizadas em Porto do Mangue e Pendências são responsáveis por 30% da produção de camarão no Rio Grande do Norte.POTIPORÃLocalizada em Pendências, no litoral do Estado do Rio Grande do Norte, a Potiporã está em uma região com as características do habitat natural do camarão “Litopenaeus vannamei”, portanto favorável ao seu melhor desenvolvimento. Em 2007, a Potiporã produziu cinco milhões de quilos de camarão.
Produtores de sal perderam R$ 10,5 miPrejuízos também para o setor salineiro. O forte inverno do ano passado e as inundações em algumas áreas destruíram 35% da safra em 2008, chegando a R$ 10,5 milhões em perdas financeiras.Os municípios de Macau e Alto do Rodrigues sofreram maior impacto e todas as estradas de acesso às salinas foram destruídas pela chuva. O diretor da Salinor, uma das maiores do país, disse que teve problemas pequenos, se comparados com os das outras empresas, mas nem por isso deixa de se preocupar com o retorno das chuvas.“A perda foi de até 30%, mas só em um dos setores. No sal a granel para exportação não houve desabastecimento. Pela previsão, em dois ou três anos conseguiremos recuperar os estragos”, esclarece o diretor.A empresa realizou algumas atividades de precaução, como o reforço dos diques, para impedir que a água das chuvas e das enchentes volte a inundar os tanques de evaporação.Ainda no ano passado, o vice-governador Iberê Ferreira de Souza, que coordenava o gabinete de crise montado para acompanhar os problemas causados pelas chuvas no Estado, anunciou que pelo menos seis mil empregos foram comprometidos, envolvendo a mão-de-obra dos três setores produtivos atingidos: carcinicultura (produção de camarão), salineiro e fruticultura

Nenhum comentário: