terça-feira, 27 de abril de 2010

Aula de campo explora potencial do semiárido



Por Passos Júnior/UFERSA

Os estudantes do primeiro período do curso de agronomia da Universidade Federal Rural do Semi-Árido estão tendo a oportunidade de conhecer as potencialidades da região do semiárido. A ideia do professor da disciplina Introdução a Agronomia, Josivan Barbosa, é mostrar a viabilidade de produção mesmo diante das especificidades da região que tem 94% de sua vegetação formada por caatinga.

Um exemplo, visitado in loco pelos estudantes, foi o perímetro irrigado da região de Mossoró, Baraúnas e parte da Chapada do Apodi, nos estados do Rio Grande do Norte e ceará. O que estudantes observaram será transformado em relatórios num estudo mais aprofundado sobre cada tema.



Para a maioria dos alunos, era difícil imaginar que houvesse na região do semiárido um verdadeiro celeiro produtivo com abundância de frutas voltada para o mercado externo. Graças à agricultura irrigada, dezenas de fazendas têm se destacado com uma cadeia produtiva de alto padrão tecnológico que envolve a produção de sementes, o plantio, a colheita e o transporte para o mercado internacional.

A W.G. Fruticultura, de propriedade do produtor mossoroense Wilson Galdino, é destaque na produção de mamão, sendo o maior produtor da fruta na região para o mercado externo, totalizando uma área de plantio superior a 400 mil hectares e sendo responsável por mais de 600 empregos diretos em plena região do semiárido. A W.G. Fruticultura conta com mais de dez fazendas espalhadas nos municípios de Baraúnas, Quixeré e Limoeiro do Norte, as duas últimas no estado do Ceará, tendo como cenário a Chapada do Apodi.

Também é no semiárido cearense, bem próximo a divisa com o Rio Grande do Norte, que vamos encontrar a Fazenda Ipioca, com uma produção de cana de açúcar superior a 5 mil hectares. A marca, consagrada como produtora de cachaça, tem mercado garantido com preços que variam de R$ 3,00 a R$ 120,00, o litro.


Durante a aula de campo, os estudantes de agronomia tomaram conhecimento que não foi por acaso que a segunda maior empresa de fruticultura do mundo, a Del Monte, com sede em Miami, nos Estados Unidos, há uma década se instalou no município de Quixeré com excelentes resultados na produção de frutas tropicais.

A abundância de água em baixa profundidade, cerca de 150 metros, e o solo argiloso da região, de alta fertilidade, têm demonstrado a viabilidade econômica do semiárido nordestino. A empresa é a que mais emprega engenheiros agrônomos se destaca no cenário internacional com a grande produtividade de melão e banana.

É na Chapada do Apodi onde estão os pioneiros da fruticultura. Fazenda Frota, Berça, Leomar, Frutacar são alguns exemplos de empreendedores que conseguiram êxito com a produção de frutas.



Os estudantes, ao ouvir as explicações do professor Josivan Barbosa, não poderiam imaginar que o Rio Quicheré foi durante muitos anos considerado o maior rio seco do mundo, realidade modificada com a construção da Barragem Castanhão e que passou ofertar água abundante para pequenas, médias e grandes propriedades agrícolas.


“A qualidade do solo que é propicia para a agricultura, aliada a grande oferta de água através dos canais de irrigação são bambeadas para a Chapada do Apodi beneficia todo o Distrito Jaguaribe/Apodi”, explicou o professor. No DIJA se produz atualmente mais de 10 tipos de frutas, além do cultivo de milho e feijão.


Moacir Noberto: 40 anos vivendo às margens do Jaguaribe


O comerciante Moacir Noberto, de 64 anos, com 40 vivendo às margens do Rio Jaguaribe, no município de Limoeiro do Norte, no Ceará, acompanhou de perto a transformação ocorrida tanto na região do Vale quanto na Chapada do Apodi com a construção das Barragens das Pedrinhas e Castanhão. A paisagem da caatinga seca cede lugar para o perímetro irrigado construído há mais de 20 anos. “Antes, aqui quando não era a seca era a cheia”, relembra o comerciantes sem saudades.

A Barragem do Castanhão, com capacidade para acumular 7 bilhões de metros cúbicos de água, é a maior da América do Sul com uso misto de água. “Antes do Castanhão havia cheia todos os anos”, relembra Moacir. A maior aconteceu em 1985, antes da construção da barragem que recebe água de duas bacias: do rio Salgado e do Jaguaribe.


Além da fruticultura irrigada, a tilapia e o tucunaré são fontes de renda para a população. Para ser ter uma ideia, apenas na barraca de Moacir Noberto são comercializados semanalmente mais de 200 quilos de tilapia, peixe criado em cativeiro. “A construção da subestação do Distrito de Irrigação Jaguaribe/Apodi mudou a economia do município. Hoje, o agricultor tem condições para produzir”, afirma. A Subestação bombeia a água para a chapada – perímetro irrigado – para mais de 60 km de canais, no município de Limoeiro do Norte.

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