sábado, 14 de março de 2009

OBRAS IMPORTANTES PARA O SEMI-ÁRIDO

O Tabuleiros de Russas, barragem do Rio Figueiredo e projeto de irrigação do Baixo Acaraú foram beneficiadosRussas. A crise econômica internacional, que assola o mundo desde setembro do ano passado, motivou o governo Federal a antecipar a data prevista para a entrega de obras incluídas no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Entre as ações que tiveram o cronograma revisto no Ceará, estão a 2ª etapa do Projeto Tabuleiro de Russas, nos municípios de Russas, Limoeiro do Norte e Morada Nova, e a barragem do Rio Figueiredo, em Alto Santo, todos no Vale do Jaguaribe.Ambos os projetos foram visitados, durante o dia de ontem, por uma comitiva de técnicos do Departamento Nacional de Obras contra as Secas (Dnocs) — responsável pelas obras —, da Casa Civil e dos ministérios da Integração Nacional, da Fazenda e do Planejamento. Eles sobrevoaram as duas áreas e fizeram inspeções por terra.Segundo o analista de planejamento do Ministério do Planejamento, Waldson Alves Pereira Júnior, a ordem do governo Federal é tentar concluir o mais rápido possível as obras. O objetivo é driblar os efeitos da crise por meio da geração de empregos durante as obras — já que a construção civil é o setor que mais emprega, como assinalou — e depois delas prontas, a partir dos benefícios esperados. “Esperamos que a empresa aumente o ritmo dela aqui, que nós estamos garantindo os recursos na outra ponta”, disse ao fim das visitas.Efeito multiplicadorSegundo o analista, a União aposta no “efeito multiplicador” que as obras do PAC podem gerar na economia. A diretora de Infra-Estrutura Hídrica do Dnocs, Cristina Peleteiro, confirmou que, devido à crise, o objetivo do Governo é gerar empregos sem aumentar custos. Isto é possível, segundo ela, pela realocação de recursos dentro de uma mesma obra ou entre diferentes projetos.Os representantes do governo Federal já haviam participado, na última quinta-feira, de reunião na sede do Dnocs, em Fortaleza. Na ocasião, o secretário-executivo do Ministério da Integração Nacional, Luiz Antônio de Souza Eire, descartou qualquer relação da ordem de antecipar as obras do programa federal com as eleições presidenciais de 2010.Sobre as impressões da visita técnica, Waldson Alves classificou o que viu como “dentro do esperado”, que os recursos parecem estar sendo bem aplicados e que, em seu relatório ao ministério, transmitirá que é preciso manter a obra funcionando. Os demais integrantes da comitiva preferiram não comentar impressões pessoais.A data prevista para a conclusão da 2ª etapa do Tabuleiros de Russas era dezembro de 2010 e foi revista para junho do mesmo ano. Além do perímetro de irrigação e da Barragem do Figueiredo, outra obra do PAC gerenciada pelo Dnocs que teve o prazo de entrega antecipada foi a 2ª etapa do projeto de irrigação do Baixo Acaraú, de dezembro para julho de 2010.O projeto Tabuleiros de Russas compreendem uma área total de 13.836 hectares irrigados por meio de sistemas de canais e adutoras que captam água do Açude Castanhão e do Rio Banabuiú. O objetivo é beneficiar pequenos produtores de forma direta, por meio da concessão de lotes de 8 hectares de área, e indireta, pelo repasse de lotes de 25 a 100 ha a grandes empresários. Técnicos agrícolas e engenheiros agronômos também fazem parte da cota de divisão dos lotes. Cerca de 240 mil pessoas devem ser beneficiadas com toda a obra.A primeira etapa do projeto teve a entrega de 75 lotes em 2004. Dos que estão em produção, melão e melancia são os principais cultivos, mas também há plantações de mamão, feijão, banana e outras culturas. Outros 407 lotes estão prontos e serão equipados a partir de contratos de financiamentos que estão sendo vaibilizados pelo Dnocs em valor estimado de R$ 12 milhões.A 2ª etapa do projeto está orçada em R$ 149,1 milhões, incluindo R$ 84 milhões garantidos no PAC. Essa fase foi iniciada em abril de 2008 e compreenderá um total de 3.101 hectares e 243 lotes agricultáveis. Dois terços desse total, incluindo 179 lotes, deverão ficar prontos e disponíveis para os agricultores este ano, segundo o diretor comercial da construtora Andrade Gutierrez, responsável pela execução da obra, Francisco Campos.RIO FIGUEIREDOBarragem deve ficar pronta até o fim deste anoAlto Santo. A Barragem do Rio Figueiredo neste município, a 243km de Fortaleza, deve ficar pronta até o fim deste ano, segundo previsões do Dnocs e da Construtora Galvão, contratada para a execução das obras. Orçada em R$ 146,4 milhões, sendo R$ 120,8 mi do PAC, a barragem estava prevista para conclusão em outubro de 2010, antes da ordem do governo Federal de acelerar as obras. Atualmente, tem 27,1% das obras concluídas, mas alguns serviços estão mais adiantados, como o de tratamento e impermeabilização da área, com 69% prontos.A partir de maio, com o fim da estação chuvosa, a frente de obras deverá operar em três turnos, para garantir maior agilidade aos serviços. Cerca de 70% das áreas a serem desapropriadas para dar lugar ao Açude Figueiredo já foram pagas, segundo a diretora de Infra-Estrutura Hídrica do Dnocs, Cristina Peleteiro.De acordo com o engenheiro supervisor da obras pelo Dnocs, Getúlio Peixoto Maia, depois da barragem concluída, o rio não ficará mais seco, como costuma ocorrer no auge da estação quente. “Se essa obra não ficar pronta este ano, teremos aqui carro-pipa e Alto Santo entra em colapso em setembro”, disse, referindo-se à falta d’água. Quando isso acontece, segundo ele, um metro cúbico de água é vendido a até R$ 5.Com a construção da barragem, serão beneficiados os municípios de Pereiro, Potiretama, Iracema e Ererê, além de Alto Santo, em uma média de 80 mil pessoas favorecidas com o abastecimento d’água. Até o fim da obra, cerca de 1.200 empregos diretos e indiretos devem ser gerados. Depois de pronta, estima-se que a água servirá para irrigação de 8 mil hectares e produção de 480 mil kg de frutas por ano, gerando 96 mil empregos diretos e indiretos. Na piscicultura, projeta-se a captura de até 15 mil kg de pescado por dia. O barramento trará também potencial para geração de energia elétrica.Iniciada em abril de 2008, a construção da barragem já consumiu R$ 21,2 milhões. Além dos benefícios já citados, a obra possibilitará o controle de enchentes do Baixo Jaguaribe, durante os invernos mais rigorosos na região.
ÍCARO JOATHANRepórterPROTAGONISTATrabalho garante sustento para a famíliaBenício Paula da SilvaNatural de Fortaleza e morador de Alto Santo, trabalha na construção da barragem há sete meses como apontador, uma espécie de controlador da produção. Dali, garante o sustento da mulher e dos dois filhos.

Nenhum comentário: